Ecos do silêncio

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João estava completamente perdido na escuridão do seu quarto, onde o silêncio só fazia ecoar a ausência de Pedro. A aliança sobre a mesa era um lembrete cruel do que ele havia perdido. Ele se revirava na cama, tentando, em vão, encontrar conforto naqueles lençóis frios. Fechava os olhos e desejava, com todas as forças, que ao abri-los, Pedro estivesse ali, ao seu lado, como sempre esteve.

Mas, a realidade era implacável. Não havia calor, não havia carinho, não havia Pedro. Apenas a imensidão do vazio que agora preenchia cada canto daquele quarto que antes era um refúgio para os dois.

Ele tentava enganar o próprio corpo, ligando a TV, deixando as luzes acesas, mas nada conseguia preencher o buraco deixado pela ausência de Pedro. As lágrimas escorriam silenciosas, se misturando ao travesseiro que já não tinha o cheiro familiar que ele tanto amava. O sono não vinha, porque a falta que Pedro fazia era maior que qualquer cansaço, maior que qualquer dor física que ele pudesse sentir.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Pedro estava sentado no sofá da casa de Renan, os olhos fixos em um ponto distante na parede. Renan estava na cozinha, tentando, sem sucesso, preparar alguma coisa para que Pedro comesse. Mas Pedro não sentia fome, não sentia vontade de nada. Tudo o que ele conseguia pensar era em João, na maneira como ele o havia deixado, e no peso insuportável de suas últimas palavras.

Renan se aproximou, trazendo um copo de água e um prato de comida, mas Pedro não moveu um músculo.

R:Pe, você precisa comer alguma coisa — disse Renan, a voz suave, tentando de alguma forma alcançar o amigo que parecia distante, como se estivesse em outro mundo.

Pedro apenas balançou a cabeça, os olhos ainda perdidos em algum lugar que Renan não podia alcançar.

P:Eu não consigo, Renan... — a voz de Pedro saiu fraca, quase um sussurro. — Tudo o que eu quero agora é voltar no tempo e fazer diferente... mas já é tarde demais.

Renan se sentou ao lado de Pedro, tentando encontrar as palavras certas, mas como consolar alguém cujo coração havia sido dilacerado?

R:Eu sei que parece que não tem saída agora, mas você fez o que achou que era certo. Às vezes, o amor não é suficiente para manter duas pessoas juntas, por mais que doa.

Pedro fechou os olhos, tentando reprimir as lágrimas que teimavam em cair. Ele sabia que Renan estava certo, mas isso não tornava a dor menos insuportável. Tudo parecia um pesadelo do qual ele não conseguia acordar. As lembranças de João estavam em cada canto da sua mente, e a culpa por ter partido, por ter deixado a pessoa que mais amava naquele estado, era como uma âncora, o puxando para o fundo.

P:Eu só queria que ele soubesse que eu o amo... mais do que tudo. — Pedro sussurrou, as lágrimas finalmente escorrendo pelo seu rosto.

Renan colocou a mão no ombro de Pedro, oferecendo o pouco de conforto que podia. Eles ficaram ali, em silêncio, enquanto a noite avançava, ambos presos em pensamentos sombrios sobre o que poderia ter sido, sobre as escolhas que haviam feito, e sobre a incerteza do que viria a seguir.

Naquele momento, tanto Pedro quanto João estavam completamente perdidos em sua dor, tentando, de alguma forma, sobreviver àquela noite que parecia nunca ter fim.

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Um amor "Proibido"-PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora