O ano era 2021, e a pandemia havia confinado todos em suas casas, trazendo uma nova onda de tristeza e solidão para João e Pedro. Já haviam se passado dois anos desde aquela última vez em que se falaram pessoalmente, mas os sentimentos entre os dois nunca desapareceram por completo. Ambos se isolaram em seus próprios mundos, enfrentando o peso das lembranças e da saudade.
João estava jogado no sofá, seus gatos deitados ao seu lado, proporcionando um conforto silencioso. A casa estava mais bagunçada do que nunca, reflexo do caos que ele sentia por dentro. Havia uma garrafa de vinho pela metade na mesa de centro, e ele segurava uma taça quase vazia na mão. O álcool era seu companheiro fiel nesses dias solitários, preenchendo o vazio deixado por Pedro. A música suave tocava ao fundo, mas parecia distante, como se não fosse suficiente para distrair sua mente. Ele se sentia entediado, preso em uma rotina sufocante e monótona.
Pegou o celular, pensando em ligar para Malu, como fazia às vezes quando a solidão se tornava insuportável. No entanto, talvez pela bebida, seus dedos acabaram selecionando o nome de **Pedro** na lista de contatos, e, sem perceber, ele tocou em "ligar". Quando o telefone começou a chamar, João só se deu conta do que havia feito quando já era tarde demais.
Do outro lado da linha, Pedro estava deitado em sua cama, a mente vagando por entre as lembranças de João. Ao ouvir o toque inesperado do telefone, seu coração acelerou ao ver o nome de João na tela. Hesitou por um segundo, mas atendeu.
— Alô? — disse Pedro, a voz carregada de surpresa.
João ficou mudo por alguns segundos, o som da voz de Pedro ecoando em sua cabeça. Quando finalmente conseguiu falar, sua voz saiu trêmula.
— Pedro... me desculpa, eu... Eu não era pra ter te ligado... — ele murmurou, já arrependido.
— Tudo bem, Jão... — Pedro respondeu, tentando manter a calma, mas sentindo o coração apertado só de ouvir a voz de João novamente. — Como você tá?
João respirou fundo, sentindo uma onda de emoções o envolver. Ele queria desligar, mas ao mesmo tempo, algo dentro dele pedia para ficar. Havia uma saudade que ele não conseguia mais ignorar.
— Eu... não tô bem, Pedro. Tem dias que é difícil... e hoje é um desses dias. Eu só... eu só queria ouvir sua voz de novo — confessou, sentindo-se vulnerável como há muito tempo não se permitia sentir.
Pedro fechou os olhos, se afundando nos travesseiros. O som da voz de João o atingiu como um golpe suave, despertando sentimentos que ele tentava suprimir.
— Eu também sinto sua falta, João. Todos os dias. Essa pandemia só piorou tudo, sabe? Eu pensei em te ligar tantas vezes, mas não tive coragem — Pedro admitiu, a voz carregada de sinceridade.
— Eu... eu também pensei em você... — João começou a se abrir mais. — Lembro de quando a gente passava as tardes juntos, assistindo qualquer coisa na TV, só pra ficar perto um do outro. E agora... eu só tenho esses malditos gatos pra me fazer companhia.
Pedro sorriu tristemente ao ouvir isso, lembrando dos momentos simples, mas tão significativos que compartilharam. A saudade apertava ainda mais o peito.
— Eu daria tudo pra ter um desses dias de volta, Jão. Pra te abraçar de novo, sentir seu cheiro, suas mãos... — Pedro continuou, sem conseguir mais segurar as palavras. — Isso tudo me destruiu... não ter você por perto. Eu... sinto sua falta de uma forma que dói.
João fechou os olhos, deixando uma lágrima escapar. O som da voz de Pedro, tão próximo e ao mesmo tempo tão distante, fazia seu coração bater mais rápido, trazendo de volta memórias que ele tentava enterrar.
— Pedro... se a gente... se a gente tivesse outra chance... você acha que seria diferente? — perguntou, sua voz carregada de esperança e medo ao mesmo tempo.
Pedro hesitou por um momento, seu coração pesado com o peso da realidade, mas também cheio de saudade.
— Eu não sei, João... Mas eu sei que ainda sinto algo muito forte por você. Algo que nunca foi embora. — Pedro respondeu, sentindo a verdade em cada palavra. — Eu só queria te ver, te tocar de novo... Mas eu tenho medo... de estragar tudo de novo.
— Talvez a gente já tenha estragado tudo... — João murmurou, a tristeza encharcando suas palavras. — Mas eu queria... só queria te sentir de novo, nem que fosse por uma última vez.
Houve um silêncio profundo entre os dois, onde apenas as respirações carregadas de emoção podiam ser ouvidas. Pedro quebrou o silêncio, a voz baixa, quase um sussurro.
— Eu queria estar aí com você agora, João. Queria estar no seu sofá, com seus gatos, sentindo seu calor do meu lado... Eu nunca te esqueci, por mais que eu tenha tentado.
— Eu também não consegui te esquecer, Pedro... E eu nem sei mais se quero tentar... — João respondeu, sua voz embargada, a sinceridade finalmente transbordando.
Por um momento, parecia que a distância e o tempo que os separava tinham desaparecido. As palavras que trocavam, carregadas de saudade e desejo, criavam um elo invisível entre eles, um elo que nunca tinha sido totalmente rompido.
— Pedro... eu... se um dia isso tudo acabar, se a gente puder se encontrar de novo... você acha que... — João começou, mas sua voz falhou.
Pedro completou a frase em pensamento, e depois de um suspiro, respondeu:
— Eu não sei, João. Mas... eu quero tentar. Eu quero, de verdade.
João sorriu, um sorriso pequeno, mas sincero. O primeiro em muito tempo.
— Eu também quero, Pedro... Eu quero muito...
Ambos sabiam que o futuro era incerto, e que havia uma montanha de desafios entre eles. Mas, por agora, naquele instante, eles tinham um ao outro, mesmo que fosse apenas por telefone. E isso era o suficiente para acalmar seus corações, ao menos por uma noite.
Enquanto a ligação se encerrava, João se deitou no sofá, os gatos se aninhando ainda mais perto dele. O som da voz de Pedro ainda ecoava em sua mente, trazendo um misto de saudade e esperança.
Pedro, por sua vez, ficou encarando o teto por um longo tempo, pensando nas palavras que trocaram, tentando imaginar um futuro onde pudessem estar juntos novamente. O vazio que sentia parecia um pouco menos avassalador, como se aquela conversa tivesse reacendido uma chama que ele pensava estar apagada.
E assim, ambos adormeceram, com os corações ligeiramente mais leves, mas ainda cheios de sentimentos não resolvidos, sabendo que, de uma forma ou de outra, ainda havia algo entre eles que não poderia ser simplesmente ignorado.
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Um amor "Proibido"-Pejão
FanfictionJoão e Pedro se conheceram na faculdade e começaram a namorar, atraídos pelas qualidades um do outro, apesar de terem personalidades bem diferentes. No entanto, as constantes brigas acabaram desgastando o relacionamento, levando-os a terminar. Após...