O ultimo dia-2 "O ultimo Adeus"

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João ficou imóvel, deitado na cama, enquanto o som da porta de Pedro se fechando ecoava pelo apartamento vazio. As paredes, que antes abrigavam risos e promessas, agora pareciam sufocá-lo. Cada batida do coração era uma lembrança de que o amor que eles tinham estava se desfazendo. As lágrimas, que ele tentou segurar por tanto tempo, agora escorriam livremente, molhando o travesseiro que ainda carregava o cheiro de Pedro.

Mas, de repente, como se um impulso de desespero o tomasse, João se levantou e, sem pensar, foi até a porta de saída. Ao abri-la, ele viu Pedro, sentado no sofá, o corpo tremendo em soluços. Aquilo o destruiu por dentro.

J:Eu... eu já volto...-João murmurou, incapaz de sustentar o olhar. Ele saiu apressado, com o coração pesado, sem saber que, ao retornar, talvez não encontrasse mais Pedro ali.

O céu, outrora azul, estava agora encoberto por nuvens cinzentas que refletiam o estado da alma de Pedro. Com o sol começando a se pôr, ele sentia que a luz em sua vida estava desaparecendo junto com o dia. Pedro, então, decidiu que era hora de partir. Ele começou a arrumar suas coisas, mas a cada peça de roupa dobrada, a cada objeto colocado na mala, o vazio em seu coração crescia, preenchendo cada canto de seu ser com uma dor insuportável.

Enquanto empacotava o que restava de sua vida naquele apartamento, Pedro parou em frente ao guarda-roupa de João. Ele puxou um dos moletons que tanto amava ver em seu amado, segurando-o contra o rosto para sentir o cheiro familiar, aquele cheiro que trazia conforto e, ao mesmo tempo, uma angústia avassaladora. Lágrimas silenciosas caíam, misturando-se ao tecido macio.

Pedro sabia que não poderia sair sem se despedir de tudo o que importava para ele. Antes de partir, ele foi até os gatos, seus companheiros silenciosos. Colocou mais ração e água do que o necessário, sabendo que João talvez não tivesse forças para cuidar deles quando voltasse. Acariciou os bichinhos, abraçando-os enquanto as lágrimas continuavam a rolar. “Cuidem bem dele, tá?” Pedro sussurrou, sua voz embargada. Ele deixou uma carta em cima da mesa, um pedaço de si, uma despedida silenciosa, e saiu do apartamento, sem saber se algum dia voltaria.

Mas antes de entrar no carro, Pedro sabia que tinha uma última coisa a fazer. Ele não podia partir sem se despedir de João, o amor de sua vida. Pedro sabia onde encontrá-lo. Subiu as escadas até o telhado, o lugar onde tantas vezes haviam estado juntos, em momentos bons e ruins.

Quando chegou lá, o encontrou sentado na beira, chorando desesperadamente, como se o mundo tivesse desmoronado ao seu redor. João parecia uma sombra de si mesmo, perdido em sua dor, sem saber se teria forças para continuar.

Pedro, silenciosamente, se sentou ao lado dele. Eles ficaram ali, lado a lado, sem precisar de palavras para entender o que o outro sentia.

P:Eu já tô indo, tá? Fica bem-Pedro disse, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.

João olhou para ele, os olhos cheios de desespero, de dor, de um amor que estava se despedaçando.

J:Amor, por favor...-João implorou, sua voz entrecortada pelos soluços.

Pedro respirou fundo, tentando controlar a dor que rasgava seu peito.

P:Não dá mais, Jão-ele respondeu, sua voz quase inaudível, cheia de uma tristeza que palavras não podiam descrever.

João abaixou a cabeça, as lágrimas caindo pesadas.

J:Eu te chamei de amor... cê me chamou de Jão-ele disse, quase como um sussurro, a dor evidente em cada palavra.

Pedro sentiu como se um punhal tivesse sido cravado em seu coração. Ele sabia que João estava certo. Sabia que aquilo era o fim, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.

P:Só me promete uma coisa,-Pedro disse, virando-se para João.-Me promete que, se um dia eu voltar pra te ver, que não seja enterrado, por favor...

João hesitou, seu coração se quebrando mais a cada segundo.

J:Não posso prometer, Pedro-ele respondeu, sua voz fraca, devastada.

Pedro engoliu em seco, sentindo o desespero tomar conta dele.

P:Então, quando pensar em fazer algo, lembre-se que eu vou sempre estar aqui, tá?

João apenas assentiu, incapaz de dizer mais alguma coisa. Eles estavam completamente destruídos, seus rostos molhados pelas lágrimas, seus corações em pedaços.

J:Me desculpa, Pedro...-João sussurrou, sua voz carregada de arrependimento, de amor, de dor.

Pedro, com o coração na garganta, se levantou. Ele sabia que era hora de partir, mesmo que isso o destruísse.

P:Eu te amo, tá?-Pedro disse, sua voz quebrada.

J:Eu também te amo-João respondeu, suas palavras cheias de um amor que, apesar de tudo, ainda existia.

Pedro se afastou, mas, ao se virar para ir embora, ouviu a voz de João.

J:Espera,-João pediu, sua voz desesperada. -Um último beijo, por favor...

Pedro se aproximou dele, segurando a nuca de João com ternura, e o beijou pela última vez, despejando todo o amor, toda a dor, todo o desespero naquele beijo.

Quando se afastou, Pedro sabia que aquilo era o fim. E João, vendo Pedro partir, sabia que seu mundo havia acabado.

J:Eu te amo, tá?-João sussurrou uma última vez, vendo o amor de sua vida ir embora para sempre.

P:Eu também te amo-Pedro respondeu, antes de se virar e descer as escadas, deixando João sozinho no telhado, com o coração em pedaços.

João ficou ali, na beira do prédio, observando Pedro entrar no carro. Ele o viu olhar para cima uma última vez, tentando encontrar seu olhar, antes dos faróis do carro desaparecerem na escuridão da noite.

Desesperado, João pegou um cigarro. Um, dois, três... A fumaça não conseguia preencher o vazio que Pedro deixara para trás. Aquela noite seria interminável, solitária, sem Pedro ao seu lado.

Quando finalmente conseguiu se levantar, João voltou para o apartamento. Seus olhos, embaçados pelas lágrimas, mal conseguiam ver o caminho à frente. Ao entrar, ele viu a carta em cima da mesa, deixada por Pedro. A visão daquela folha de papel o destruiu por dentro.

Com mãos trêmulas, João pegou a carta. Ele sabia que dentro dela estavam as últimas palavras de Pedro, as palavras que ele nunca mais ouviria. E, ao abri-la, o mundo desabou mais uma vez...

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não tenho nem o que dizer...

Um amor "Proibido"-PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora