O ultimo dia...-1

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Era julho de 2019. Um ano havia se passado desde aquela noite no telhado, onde João e Pedro compartilharam palavras que pareciam o prelúdio de uma despedida. Desde então, eles nunca mais tiveram um tempo verdadeiramente juntos. A vida havia se tornado uma série de encontros vazios, onde a chama do amor que um dia ardia intensamente, agora apenas cintilava.

Pedro, sentado no sofá, olhava para a TV, mas sua mente estava em outro lugar. As imagens passavam por seus olhos, mas ele não absorvia nada. O peso da ausência emocional de João era palpável. Eles ainda moravam juntos, mas não se viam mais como antes. Pedro sentia que estava perdendo João, mas não sabia como impedir isso.

João, por outro lado, estava no quarto, encarando o teto. O silêncio entre eles era ensurdecedor. Cada pequeno gesto parecia carregar um peso insuportável, como se a qualquer momento um deles fosse quebrar o que restava do relacionamento. João pensava no passado, em como eles eram felizes, em como ele havia se entregado ao amor, mas agora tudo parecia distante, como uma lembrança borrada pelo tempo e pela dor.

Naquela noite, Pedro se levantou do sofá e caminhou até o quarto. A porta estava entreaberta, e ele podia ver João deitado na cama, imóvel. Ele respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas tudo o que saiu foi um suspiro pesado.

P:João...-Pedro começou, sua voz baixa e trêmula.

João virou a cabeça lentamente, seus olhos cansados encontrando os de Pedro. Havia tanto a ser dito, mas ambos estavam exaustos. Eles sabiam que algo estava prestes a acontecer, algo que temiam, mas que se tornava inevitável a cada dia.

J:Você já não me ama mais, não é?-João perguntou, sua voz embargada, o medo e a tristeza evidentes em suas palavras.

Pedro engoliu seco, sentindo um nó na garganta. Como ele poderia responder a isso? Ele amava João, mas era um amor que doía, um amor que já não trazia mais alegria, mas sim uma dor constante, como se ele estivesse perdendo uma parte de si mesmo.

P:Eu... eu não sei, João,-Pedro respondeu finalmente, suas palavras carregadas de sinceridade e confusão.-Eu sinto tanto a sua falta... mesmo quando você está aqui. E isso dói. Dói mais do que qualquer coisa.

João fechou os olhos, deixando que as lágrimas rolassem silenciosamente por seu rosto. Ele também sentia a dor, a ausência, o vazio. Mas ouvir Pedro admitir isso era como uma facada no peito.

J:Eu também sinto sua falta,-João confessou, sua voz quase um sussurro. -Mas sinto que não conseguimos mais nos alcançar... Estamos tão distantes.

Pedro se aproximou, sentando-se ao lado de João na cama. Ele queria abraçá-lo, mas não tinha certeza se deveria. O silêncio entre eles era pesado, mas carregava mais significado do que qualquer palavra que pudessem dizer.

P:Você acha que ainda há esperança para nós?-Pedro perguntou, sua voz fraca, quase inaudível.

João abriu os olhos e olhou para Pedro. A tristeza em seu olhar era profunda, mas havia também uma aceitação, uma compreensão silenciosa de que talvez fosse tarde demais.

J:Eu não sei, Pedro,-João respondeu honestamente.-Eu queria que houvesse, mas... talvez a gente tenha se machucado demais, perdido demais.

Pedro sentiu o peito apertar. Ele sabia que João estava certo, mas aceitar isso era como admitir uma derrota que ele não estava pronto para enfrentar. As lágrimas finalmente escaparam de seus olhos, e ele se inclinou, deixando sua cabeça repousar no ombro de João, buscando um conforto que parecia tão distante.

João passou a mão pelos cabelos de Pedro, um gesto automático, mas cheio de ternura. Eles ficaram assim por um tempo, apenas respirando juntos, sentindo a presença um do outro, mas cientes de que aquilo talvez fosse o começo do fim.

P:Eu queria que fosse diferente-Pedro murmurou contra o ombro de João.

J:Eu também,-João respondeu, sua voz embargada pelas lágrimas que continuavam a cair.-Mas às vezes o amor não é suficiente... às vezes, a gente só precisa seguir em frente, mesmo que isso machuque.

Pedro se afastou, olhando para João uma última vez antes de se levantar. Ele sabia que João estava certo. Sabia que, por mais que doesse, talvez fosse melhor assim.

P:Eu acho que a gente deveria parar de tentar,-Pedro disse finalmente, sua voz fraca, quase quebrada.-Eu te amo, João... mas não posso mais fazer isso.

João assentiu, sentindo como se seu coração estivesse se despedaçando em mil pedaços. Ele queria gritar, implorar para Pedro ficar, mas sabia que não adiantaria. Eles haviam chegado ao ponto em que o amor, por mais forte que fosse, não conseguia mais manter tudo junto.

J:Eu também te amo, Pedro,-João respondeu, sua voz quase inaudível.-E é por isso que eu vou te deixar ir... para que você possa encontrar a felicidade que eu não posso mais te dar.

Pedro sentiu as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto. Ele se inclinou, dando um último beijo na testa de João, um gesto de despedida, de amor, mas também de aceitação.

P:Cuida de você, João,-Pedro sussurrou antes de sair do quarto, deixando João sozinho com suas lágrimas e seu coração partido.

João ficou deitado na cama, sentindo o peso da solidão se abater sobre ele. Ele sabia que era o fim, que aquele capítulo de sua vida havia se encerrado. E, embora doesse mais do que ele poderia suportar, ele também sabia que, de alguma forma, eles haviam feito o que era certo.

Enquanto as lágrimas continuavam a cair, João se deixou afundar no colchão, abraçando a dor e o vazio que agora eram seus companheiros constantes. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas, por agora, tudo o que ele podia fazer era chorar e tentar, de alguma forma, sobreviver ao que restava de seu coração partido.

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Um amor "Proibido"-PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora