Ao teu lado

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Dois dias depois

Os raios do sol invadiam o quarto, atravessando a janela que havia sido esquecida aberta na noite anterior, iluminando suavemente os olhos ainda sonolentos do casal.

Jão's Version

Eu abro os olhos devagar, a claridade do sol me forçando a despertar, e a primeira coisa que vejo é a cena mais linda que eu poderia imaginar. Pedro está deitado em meu peito, seus braços envolvem meu corpo como se ele estivesse se ancorando em mim, como se temesse me perder de novo. Por um instante, o mundo parece parar, e tudo o que existe é ele, aqui, comigo.

Fico ali, observando-o, sentindo uma onda de emoções me invadir. Como eu pude deixar isso escapar? Como deixei que chegássemos tão longe do que um dia fomos? Mas, ao mesmo tempo, a esperança surge dentro de mim, perguntando se ainda há tempo para reconquistar tudo isso, para recuperar o que perdemos.

Não sei quanto tempo passo apenas olhando para ele, sem me cansar, sem querer que esse momento acabe. Um sorriso discreto se forma nos meus lábios, escapando antes que eu possa contê-lo.

– Eu sei que você está me olhando – Pedro murmura, sua voz ainda carregada de sono, mas com um sorriso brincando em seus lábios.

– Achei que você estivesse dormindo – respondo, tentando esconder meu riso.

Pedro tenta abrir os olhos, mas a claridade parece incomodá-lo. Ele se espreguiça, e ao fazê-lo, sinto seu corpo se ajustar contra o meu.

– Bom dia – ele diz, a voz suave e preguiçosa, enquanto luta para afastar o sono.

Ele faz menção de se levantar, mas, sem querer perder aquele contato, puxo-o de volta para mim, envolvendo-o com meus braços.

– Ei, vamos levantar – ele protesta, fingindo uma raiva que seus olhos traem, mostrando a ternura por trás das palavras.

Eu sorrio, apertando-o ainda mais contra o meu peito, como se não quisesse que esse momento acabasse. Pedro tenta se desvencilhar, mas é claro que ele não está realmente resistindo. Depois de alguns segundos, ele suspira, resignado, e se aninha novamente em mim.

– Tá bom, tá bom... só mais uns minutinhos – ele cede, sua voz suave e quente.

Passamos mais alguns momentos assim, em silêncio, simplesmente sentindo a presença um do outro, como se estivéssemos tentando absorver o máximo possível desse instante de paz. Eu sei que, eventualmente, teremos que nos levantar e enfrentar o dia, mas por enquanto, só quero estar aqui, com ele.

Quando finalmente nos levantamos, o dia parece brilhar um pouco mais do que o normal. Pedro vai direto para a cozinha, e eu o sigo de perto, como se um imã me puxasse para onde ele estivesse. Enquanto ele prepara o café, fico ao seu lado, observando cada movimento, cada gesto, como se estivesse vendo-o pela primeira vez.

Pedro percebe meu olhar e ri, sem se virar.

– Você tá me vigiando agora? – ele pergunta, sua voz cheia de carinho.

– Não tô vigiando, só... apreciando a vista – respondo, sorrindo.

Ele se vira, me olhando com aquele sorriso que sempre faz meu coração acelerar.

– Cuidado, Jão. Se continuar assim, vou me acostumar – ele brinca, mas há um brilho de sinceridade em seus olhos.

Enquanto ele mexe nas panelas, eu não resisto e o puxo para um abraço por trás, envolvendo sua cintura com meus braços. Pedro ri, tentando se soltar, mas eu seguro firme.

– Jão, você vai fazer a gente queimar o café – ele protesta, mas não faz nenhum esforço real para sair do meu abraço.

– Eu prefiro queimar o café do que não poder fazer isso – sussurro, beijando a curva de seu pescoço.

Ele se rende, se apoiando contra mim, e ficamos assim por alguns minutos, até que o café esteja pronto. Sentamos juntos na pequena mesa da cozinha, e a conversa flui naturalmente, como se as nuvens escuras que nos cercavam tivessem se dissipado um pouco.

Após o café, Pedro sugere que a gente faça uma caminhada para aproveitar o sol. Ele me arrasta para fora de casa, mesmo que eu tente resistir um pouco. Andamos de mãos dadas pelas ruas tranquilas, a brisa fresca da manhã nos envolvendo. Paramos no mercado para comprar algumas frutas, e Pedro, como sempre, escolhe as mais maduras, sabendo que eu prefiro as mais verdes.

Quando voltamos para casa, Pedro sugere que assistamos a um filme antigo que costumávamos adorar. Nos aninhamos no sofá, e ele se deita em meu peito, exatamente como estava quando acordamos. Enquanto o filme rola, meus dedos passam pelos seus cabelos, e eu me perco na sensação de tê-lo tão perto, tão meu.

– Eu nunca vou cansar disso – murmuro, quase sem perceber que falei em voz alta.

Pedro levanta os olhos para mim, e seu sorriso é suave, cheio de carinho.

– Nem eu, Jão. Nem eu – ele responde.

A tarde passa em um misto de conversas leves, risos e pequenos momentos de silêncio confortável. Em algum ponto, decidimos cozinhar juntos, o que acaba se tornando uma pequena bagunça divertida, com farinha espalhada pela cozinha e risadas que ecoam pela casa. Pedro me abraça do nada enquanto estou tentando cortar vegetais, e eu não posso deixar de rir, sabendo que esses pequenos momentos são o que fazem tudo valer a pena.

Depois do jantar, nos sentamos à mesa, olhando um para o outro através das chamas das velas que Pedro acendeu. Sinto uma paz dentro de mim que há muito tempo não sentia. Pedro estende a mão e segura a minha, entrelaçando nossos dedos, e eu percebo que, apesar de tudo que passamos, estamos no caminho certo para recuperar o que tínhamos perdido.

Quando a noite finalmente cai, nos arrastamos para a cama, exaustos, mas felizes. Pedro se aninha novamente em meu peito, exatamente como começou o dia. Eu o seguro firme, sentindo seu corpo relaxar contra o meu.

– Boa noite, amor – sussurro, sabendo que ele já está quase dormindo.

Ele murmura algo em resposta, e eu sorrio, fechando os olhos. Com Pedro em meus braços, sinto que tudo pode, enfim, voltar a ser como antes. E, pela primeira vez em muito tempo, durmo com um sorriso no rosto, sabendo que, juntos, vamos encontrar nosso caminho de volta ao amor.

Um amor "Proibido"-PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora