Duas semanas haviam se passado desde que Pedro e João se separaram. As cicatrizes ainda estavam frescas, mas não as físicas — essas, eles sabiam esconder. Era como se o mundo tivesse perdido o brilho para ambos, como se tudo o que era vivo tivesse se apagado no momento em que o “nós” deixou de existir.
João estava sentado no chão da sala, rodeado por garrafas vazias. O apartamento que um dia foi um lar acolhedor estava irreconhecível: cortinas fechadas, louça acumulada na pia, e o ar pesado com o cheiro de cigarro e bebida. Ele segurava uma garrafa de uísque, a única coisa que parecia aliviar a dor em seu peito, embora ele soubesse que o alívio era apenas temporário.
Ele pensava constantemente em Pedro, como uma melodia triste que não saía de sua cabeça. A lembrança do último adeus, os olhos marejados de Pedro, sua voz falhando ao dizer “não dá mais, Jão”, tudo isso estava gravado em sua mente. Ele se pegava desejando que fosse um pesadelo, que ele pudesse acordar e tudo estaria como antes. Mas a realidade era implacável.
J:Como eu fui deixar isso acontecer?", ele sussurrou para si mesmo, lágrimas escorrendo pelo rosto.-Como a gente deixou o amor morrer?
Do outro lado da cidade, Pedro não estava muito diferente. Na casa de Renan, onde ele tinha se refugiado, o ambiente não era melhor. Pedro estava deitado no sofá, o olhar fixo no teto, um copo de vodca na mão. Renan e Malu tentaram de tudo para animá-lo, mas nada parecia surtir efeito. Pedro estava irreconhecível, sua energia tinha sido drenada, substituída por um vazio esmagador.
Renan entrou na sala, observando o amigo com preocupação.
R:Cara, você precisa comer alguma coisa, precisa tentar... sair dessa. Isso não é você, Pedro.
Pedro virou o rosto para Renan, os olhos vazios, como se as palavras do amigo nem tivessem chegado até ele. Ele deu um gole na vodca, ignorando o ardor na garganta.
P:Eu não sei como sair disso, Renan-Pedro murmurou, a voz embargada.-A única coisa que eu sabia era amar o João, e agora... agora, nem isso eu posso mais.
Renan suspirou, sentando-se ao lado do amigo. Ele sabia que qualquer conselho parecia inútil naquele momento, mas mesmo assim, não conseguia simplesmente assistir Pedro se destruir.
R:Talvez você devesse falar com ele. Sei lá, tentar... resolver as coisas.
Pedro soltou uma risada amarga, um som que não tinha alegria nenhuma.
P:Resolver o quê? Não há mais nada para resolver, Renan. Nós acabamos. O que sobrou... somos só fragmentos de quem éramos.
Enquanto isso, Malu estava com João, mas a situação era igualmente desesperadora. Ela o encontrou sentado na sacada, com o olhar perdido no horizonte, segurando um cigarro que já estava no fim. A garrafa de uísque ao lado estava quase vazia, e João parecia uma sombra do homem que ela conhecia.
M:João, por favor, você precisa parar com isso-Malu implorou, tentando tirar a garrafa das mãos dele.-Isso não vai trazer o Pedro de volta, não vai te ajudar.
J:Eu sei-João respondeu, sua voz quebrada. -Mas é a única coisa que faz a dor parar, nem que seja só por alguns minutos."
Malu se ajoelhou ao lado dele, os olhos cheios de lágrimas.
M:Você tem que ser forte, João. Tem que achar uma maneira de seguir em frente.
João finalmente olhou para ela, seus olhos cheios de uma tristeza que parecia não ter fim.
J:Eu não sei como seguir em frente sem ele, Malu. Ele era tudo para mim. E agora, não tem mais nada.
As palavras de João ecoaram no ar, tão pesadas que parecia difícil respirar. Malu o puxou para um abraço apertado, tentando oferecer o consolo que ela sabia que ele precisava, mas no fundo, ela sabia que a dor dele era algo que nem ela, nem ninguém poderia curar.
No final daquela noite, Pedro e João, separados pela distância e pelo silêncio, se encontraram no mesmo lugar: no fundo de um copo, tentando afogar as lembranças, as emoções e a dor. Mas por mais que bebessem, por mais que tentassem fugir, as memórias e o vazio os acompanhavam, como fantasmas que não poderiam ser exorcizados.
João, em um momento de fraqueza, pegou o telefone e escreveu uma mensagem para Pedro, mas não teve coragem de enviar. Ele sabia que Pedro também estava sofrendo, mas tinha medo de ser o motivo do sofrimento continuar. Ele queria aliviar a dor de Pedro, mas como poderia fazer isso, quando ele próprio estava despedaçado?
Pedro, por sua vez, também pensava em João. Seu coração doía com a saudade, com o desejo de estar ao lado dele novamente, de segurá-lo, de dizer que sentia muito por tudo o que havia acontecido. Mas o orgulho e o medo de se machucar novamente o mantinham em silêncio. Ele não sabia se conseguiria sobreviver a mais uma despedida.
E assim, naquela noite, os dois adormeceram em meio a lágrimas, álcool e arrependimentos, com um peso nos corações que parecia impossível de suportar. Mesmo separados, seus pensamentos estavam entrelaçados, presos nas lembranças de um amor que um dia foi tudo, mas que agora parecia nada além de uma ferida aberta.
Eles estavam perdidos, dois corações quebrados, incapazes de encontrar o caminho de volta para si mesmos, ou para o outro.
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tadinhos...
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Um amor "Proibido"-Pejão
FanfictionJoão e Pedro se conheceram na faculdade e começaram a namorar, atraídos pelas qualidades um do outro, apesar de terem personalidades bem diferentes. No entanto, as constantes brigas acabaram desgastando o relacionamento, levando-os a terminar. Após...