Entre lagrimas e silêncios...

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No outro dia

Pedro's Version

Eu levantei mais tarde dessa vez, com uma sensação de vazio que já se tornava familiar. O quarto parecia frio sem o calor dos beijos matinais de João. Agora, tudo o que restava era um seco "bom dia". Fiquei um tempo na cama, o olhar fixo no teto, tentando reunir coragem para falar com ele. Como eu falaria sobre tudo o que estava me sufocando?

Ele passou em frente ao quarto, e por um momento, o vi como antes: leve, sorridente. Mas isso durou apenas um instante.

J:Oi, Pe! Já tá acordado?

P:Oi...

Nos últimos tempos, tentávamos salvar nosso relacionamento, mas a distância entre nós só aumentava. Ele parecia obcecado com o álbum que estava para lançar, e eu… eu me sentia invisível. Cada dia era mais difícil fingir que estava tudo bem, mas eu continuava ali, esperando, desejando que ele voltasse a me notar.

Ele se deitou ao meu lado, uma tentativa de proximidade que me fez quase esquecer nossa realidade.

J:Saiba que eu ainda te amo, tá?

P:Eu queria conversar com você...

J:Pode falar.

Respirei fundo, tentando manter a voz firme, mas meu coração estava a mil.

P:Então, com todo esse trabalho seu, o álbum para ser lançado, nosso relacionamento não está fluindo mais. Você sai toda noite e só volta no outro dia, ou tarde da noite, e sempre bêbado... E eu estou sempre aqui, cuidando de você, mas você nem parece perceber. Eu te amo, João, e não quero jogar isso fora, sabe?

J:Ah, desculpa, é que estou muito ansioso para o meu álbum...

P:Mas e quanto a sair e voltar bêbado sempre?

J:Já que você não sai mais de casa, eu vou aproveitar a vida sozinho.

As palavras dele me atingiram como uma facada. João, que deveria estar ao meu lado, estava mais preocupado em aproveitar a vida sozinho. E eu? Eu só queria ser visto.

Levantei-me, tentando esconder o tremor nas mãos.

J:E você deveria sair de casa também. Eu nem te chamo mais porque sei que não vai sair com esse seu medo bobo.

P:Medo bobo??

J:Sim!

E assim, mais uma vez, começamos a brigar.

P:Eu só queria ter uma conversa normal, sem briga com você, sabia?

J:É só falar direito então, sem ficar gritando.

P:Mas quem tá gritando aqui é você.

J:Ts, cala a boca.

Essas palavras foram a gota d'água. Meu peito se apertou, e as lágrimas que eu tanto lutava para conter começaram a rolar. Eu odiava chorar na frente dos outros, até mesmo de João. Antes, conseguia chorar na frente de Vitor, mas agora... nem isso.

Corri para o banheiro, tentando escapar de tudo, de todos. Eu não havia comido nada desde o dia anterior e até menti para Malu, dizendo que tinha comido. O banheiro se tornou meu refúgio, e ali, num banquinho, eu tentava me recompor. Mas o problema era a gaveta em frente, onde eu sabia que guardava uma lâmina escondida.

Sem pensar muito, abri a gaveta e peguei a lâmina. João não sabia que eu me machucava. Ele achava que eu tinha saído de casa. Quando percebi, já estava sangrando. Como em todas as noites...

Liguei para Malu, pedindo que viesse até minha casa. Mas, antes que ela chegasse, João abriu a porta do banheiro. Droga, esqueci de trancar.

J:Ué, o que tá fazendo aqui? Achei que tinha saído de casa.

Um amor "Proibido"-PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora