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Já era tarde do outro dia, e os garotos tinham acabado de sair da sala de artes, onde descobriram que o Jeon não tinha talento nenhum. Mesmo assim, eles se divertiram tentando pintar a tela juntos. O Jeon insistia para que o Kim deixasse o céu verde, mas isso não aconteceu. Taehyung era um pintor clássico e gostava de fazer as coisas como elas são, mas claro, em sua perspectiva.

E, como sempre, eles brigavam para ver quem iria pintar o quê. O Jeon empurrava o Kim com o quadril, e todos na aula de artes já sabiam que eles tinham se acertado, dado o fato de que aquela aula era bem mais cheia do que o clube do livro.

Eles andavam juntos com os ombros se encostando e sorrindo. Estavam aliviados, mas ainda receosos com o que tinha acontecido, receosos em como tinham se entregado tão facilmente naquele momento.

Quando entraram no chalé, Taehyung correu para o banheiro, e Jungkook correu junto, mas o Kim chegou primeiro, entrou e fechou a porta. O Jeon riu e foi separar a própria roupa enquanto Taehyung tomava banho. Depois de escolher a roupa, o garoto foi até a estante de livros procurar o tão famoso "Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo". O mais velho já tinha lido aquele livro tantas vezes que já sabia até as falas dos personagens.

Esperava que Taehyung também fosse gostar muito, assim como ele. Deixou o livro em cima da cama e, quando o Kim saiu do banheiro, Jungkook procurou não olhar muito para Taehyung de toalha, então apenas pegou a roupa e correu para o banheiro.

Já Taehyung, depois de se vestir, olhou para o livro em cima da cama. A capa era verde, misturada com azul e preto, e também tinha uma caminhonete vermelha e vários desenhos. Era um livro bonito, com vários post-its marcando páginas ao lado. Eles eram azuis, pretos e verdes para combinar com a capa, e por isso Taehyung sorriu ao ver o cuidado que Jungkook teve ao colocar cada post-it. Taehyung estava com o coração confuso, e isso fazia muito barulho em sua cabeça.

Com esse pensamento, o Kim foi até sua prateleira e pegou o caderno de poesia que tinha separado para as poesias de verão. Pegou uma caneta preta de gel, se jogou em sua própria cama, abriu e começou a escrever.

Coração Confuso

Estava com o coração confuso  
E isso fazia muito barulho 
Os chiados em formato de palavras em minha cabeça 
Me faziam ter certeza que talvez meu coração nunca me obedeça 
Quando ele chegava perto, o chiado piorava 
E se tivesse um buraco, eu me enterrava de tanta loucura que me passava 
Talvez seja porque eu estou querendo abafá-los e não ouvi-los 
Só que estava tudo muito confuso e isso fazia muito barulho

Depois de escrever a poesia, leu e releu várias vezes, como sempre fazia. Algumas pessoas liberavam sentimento quebrando coisas, batendo em alguém, gritando, praticando esportes; alguns liam, mas Taehyung escrevia. Todo tipo de sentimento que o Kim já teve estava em seus inúmeros cadernos de poesia, que eram seus bens mais preciosos. Ninguém nunca leu seus poemas. O Kim os guardava para si mesmo, pois, de acordo com ele, poesia é algo íntimo e não é algo a se compartilhar, a menos que queira se mostrar para alguém.

A poesia carrega uma parte da alma das pessoas que as escrevem, por isso o adolescente nunca mostrou para ninguém; não gostaria de ficar tão exposto e vulnerável.

Quando Jungkook saiu do banheiro vestido, o Kim fechou o caderno às pressas e fez barulho. Jeongguk sorriu porque já sabia que o garoto estava escrevendo, por isso foi direto para sua cama e se jogou. Não havia mais nada para fazer naquele dia, então planejava ficar deitado o resto do dia lendo para Taehyung.

KISS BOY ( Taekook - Vkook) Onde histórias criam vida. Descubra agora