Capítulo 10

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A noite estava fria e silenciosa enquanto eu cavalgava pela floresta, o vento úmido batendo no meu rosto. As lágrimas que rolavam dos meus olhos misturavam-se com o suor e a dor que dominavam meu corpo. Meu coração batia descompassado, e a única coisa que me dava alguma sensação de segurança era o livro contra o meu peito. As rédeas estavam firmemente em minhas mãos, mas meus pensamentos estavam confusos, um turbilhão de lembranças e sentimentos que eu não conseguia afastar.

O que Damien fez comigo parecia um peso esmagador sobre minha alma. Cada movimento era doloroso, como se a angústia estivesse drenando minhas forças. Sem perceber, eu já estava próxima ao palacete, os muros altos e imponentes se erguendo como um santuário sombrio. Encontrei o caminho para o jardim com um fervor quase desesperado, e um breve alívio me percorreu ao ver as rosas iluminadas pela luz da lua.

Desci do cavalo com dificuldade, meus pés tocando o chão frio e úmido. Meus joelhos fraquejaram, e eu caí no solo, o impacto reverberando pelo meu corpo. A dor física parecia quase insignificante comparada à dor interna. As lágrimas desciam sem parar, molhando o chão abaixo de mim. Meu choro ecoava pelo jardim, carregado de um desespero avassalador. Eu não me importava mais, deixei que as lágrimas caíssem livremente, sentindo cada gota como se estivesse lavando um pouco da escuridão em meu coração.

Foi então que vi Lucien aparecer na entrada do palacete, acompanhado por Madalena. O grito assustado de Madalena ao me ver, tão abatida e destruída, ecoou no jardim. Lucien correu até mim, seu semblante carregado de preocupação. Sem hesitar, ele se abaixou ao meu lado, seus olhos percorrendo a cena com um aperto no coração.

Sem pensar, joguei meus braços ao redor do pescoço dele, agarrando-me como se ele fosse a única coisa capaz de me salvar. Lucien me envolveu em seus braços grandes e protetores, com uma força que falava da determinação de não me deixar cair, não me deixar sozinha. Eu chorava contra seu peito, as lágrimas encharcando a camisa dele, mas ele não se importava. Ele me segurava com firmeza, sentindo cada soluço que sacudia meu corpo, seu próprio coração apertado pela dor que emanava de mim.

Ficamos assim por um tempo, enquanto meus soluços diminuíam. Lucien levantou meu rosto delicadamente, usando uma mão para erguer meu queixo. Seus olhos encontraram os meus, e ele tentou perguntar, a voz suave mas cheia de preocupação.

— Isabelle, o que aconteceu? Por que está chorando? — Ele começou a perguntar, mas a visão do meu rosto ferido, com o corte no lábio ainda sangrando, fez com que sua voz se cortasse.

O olhar de Lucien escureceu com uma fúria crescente ao ver meu ferimento. Ele me ergueu do chão em um único movimento fluido, a voz agora era uma exigência controlada.

— Quem fez isso com você, Isabelle? — Ele segurou meu rosto entre suas mãos grandes, os dedos levemente trêmulos pela fúria que lutava para conter. — Quem te agrediu?

Eu abri a boca, mas nenhum som saiu. A dor e o desespero eram avassaladores. Em vez de responder, comecei a chorar novamente, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto machucado.

— Diga-me! — A voz de Lucien cresceu, sua raiva se tornando palpável. Ele estava à beira de perder o controle, cada fibra de seu ser clamava por vingança contra quem havia me machucado. — Eu vou matar quem fez isso com você, Isabelle. Vou destruir quem ousou colocar as mãos em você.

Madalena interveio com uma preocupação genuína e urgência.

— Lucien, leve-a para dentro. Ela está assustada demais para falar agora. — Sua voz trouxe Lucien de volta à razão. Ele me olhou, vendo a dor e o medo nos meus olhos.

Sem dizer mais nada, ele me pegou nos braços, como se eu não pesasse nada. Carregando-me com cuidado, Lucien caminhou pelo jardim e entrou no palacete. Os corredores, iluminados apenas pela luz suave das velas, pareciam intermináveis enquanto ele me levava até o quarto. O peso da preocupação e da fúria era visível em seu rosto, mas ele se manteve controlado, mesmo que seus olhos refletissem a tempestade interna que enfrentava.

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