Capítulo 7

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[Lucien Pov]

Estava na biblioteca, cercado pelo clima austero e sombrio que parecia se infiltrar em cada canto. As paredes, cobertas por tapeçarias de batalhas antigas, o fogo na lareira lançava sombras dançantes no piso de pedra fria. Estantes abarrotadas de livros antigos subiam até o teto, cada volume acumulando poeira e histórias não contadas.

Sentado em uma poltrona de couro envelhecido, imerso em um livro cujas páginas amareladas contrastavam com minhas mãos grandes e fortes. O manto negro estava dobrado ao lado, revelando uma camisa branca simples que me fazia sentir mais confortávelmesmo que ela se apertasse nos meus braços. Eu buscava a calma, com meu cabelo caindo sobre a testa enquanto tomava um gole de chá quente. A sensação de controle que eu buscava se misturava ao sabor amargo da bebida.

O silêncio foi quebrado quando Madalena entrou, sua postura rígida e olhar afiado traindo a inquietação que sentia. Seus olhos se encontraram com os meus, e ela não conseguiu esconder sua indignação.

— Por que você a está mantendo presa naquele quarto, Lucien? — sua voz estava carregada de irritação.

Levantei os olhos do livro, sem pressa, e a encarei com indiferença. — Ela está machucada. Precisa descansar.

— Descansar? Ou você está tentando prendê-la aqui por algum motivo egoísta? — Madalena cruzou os braços, batendo o pé com impaciência.

— Ela só sairá quando estiver totalmente recuperada. — Minha voz era calma, quase fria.

Madalena balançou a cabeça, frustrada. — Ela não pode ficar sem comer, Lucien. Eu vou levar algo para ela.

Percebi que, se permitisse a Madalena levar comida, ela provavelmente deixaria Isabelle sair. Então, me levantei abruptamente, pegando a bandeja com a refeição preparada e saí da sala sem olhar para trás.

Quando entrei no quarto de Isabelle, a encontrei deitada de maneira desleixada na cama, com o gato cinza em seu colo. O vestido estava um pouco erguido, revelando suas pernas pálidas e delicadas. Por um momento, fiquei parado à porta, observando-a. Isabelle rapidamente puxou o vestido para se cobrir ao notar meu olhar.

— O que você quer? — Sua voz estava irritada, a frustração clara.

Coloquei a bandeja na mesinha ao lado da cama. — Coma. — Ordenei.

Isabelle desviou o olhar e cruzou os braços. — Não estou com fome.

Nos encaramos, a tensão crescendo. — Coma. — Repeti, com uma ponta de ameaça na voz.

— Eu disse que não estou com fome! — Ela retrucou, mas antes que pudesse dizer mais, dei um passo em sua direção, meus olhos brilhando com uma intensidade perigosa.

Aproveitando um momento de distração, Isabelle pulou da cama e correu para a porta. Mas fui mais rápido, segurando-a pela cintura com firmeza. Eu senti meu calor penetrar o tecido do vestido enquanto a puxava para trás. Com facilidade, a ergui e a sentei na poltrona, colocando a bandeja em seu colo.

— Coma. — Ordenei novamente.

Ela resmungou, insatisfeita, mas ao olhar para meus olhos e ver a raiva neles, soube que não havia escolha. Sem dizer uma palavra, pegou a colher e começou a comer lentamente, com relutância. Fiquei ali, de pé, observando-a com um olhar intenso, avaliando cada gesto seu. A sensação de controle que eu tinha sobre ela era palpável, e isso a deixava desarmada, algo que eu sabia que ela precisava compreender.

[ Lucien Pov]

♤♤♤

Nos dois ou três dias seguintes, o tédio era quase insuportável. Me sentia como uma prisioneira em meu próprio quarto, as paredes parecendo se fechar ao meu redor. O tempo passava devagar, e cada hora se arrastava mais que a anterior. Eu passava os dias andando de um lado para o outro, tentando encontrar alguma distração, mas o isolamento estava me afetando de maneiras que eu não conseguia entender completamente. Pensamentos inquietos e memórias do passado ocupavam minha mente, mas, acima de tudo, a crescente curiosidade sobre Lucien me consumia.

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