Capítulo 4

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Senti um peso esmagador em meu peito após a saída de Léa. A culpa e o arrependimento me consumiam. Havia me deixado levar pela atração que Damien despertava, esquecendo-me de tudo o que havia lutado para conquistar. Sentia-me como uma qualquer, como se todos os anos de esforço e perseverança fossem desfeitos porque agora era apenas o brinquedinho de Damien.

Sem pensar, me dirigi ao armário velho da taverna e retirei uma garrafa de bebida. Minhas mãos trêmulas seguravam a garrafa enquanto despejava o líquido amargo em meu copo. A bebida queimava minha garganta, e eu a tomei com avidez, tentando sufocar a lembrança da última noite. Cada gole era uma tentativa desesperada de apagar a sensação das mãos de Damien em minha pele, a confusa mistura de prazer e humilhação. A bebida começava a fazer efeito, e minha visão turvava enquanto meus sentidos enfraqueciam. O mundo ao meu redor se distorcia, mas a sensação de sujeira e agonia permanecia, como uma mancha em minha alma.

Quando a garrafa estava vazia e a bebida entorpecia minha mente, percebi que não podia continuar naquele estado. Levantei-me com dificuldade, cambaleando ao tentar sair da forja. A noite estava caindo, e as ruas se envolviam em uma escuridão crescente. Mal conseguia manter o equilíbrio, minhas pernas estavam pesadas e minha mente embriagada.

Estava perto de casa quando um instinto de alerta me fez perceber que estava sendo seguida. Não era Damien desta vez, mas sim três homens desconhecidos. Apressando o passo, o medo começava a se infiltrar em meus sentidos embriagados. Os homens me chamavam, suas vozes ásperas e cheias de intenções sinistras. Senti um frio na espinha e, com as mãos trêmulas, agarrei a base da adaga que carregava na cintura. Sabia que seria inútil lutar contra três homens, especialmente em meu estado.

Os homens se aproximaram e, ao verem minha condição, começaram a rir. Suas palavras eram cruéis e carregadas de intenções de violência.

— Olhem só para ela, a nova diversão da vila. — Um dos homens comentou, com um tom zombeteiro evidente. — Parece que ela gosta de ser marcada, não é?

Entendi que eles eram saqueadores, e o medo me envolveu como um manto. Tentei gritar, mas um dos homens rapidamente cobriu minha boca com a mão. Sentia-me encurralada, o terror me consumia. Eles estavam prontos para me tocar ali mesmo, no meio da rua, quando encontrei uma reserva inesperada de força. Com um movimento desesperado, retirei o punhal e feri o homem que me segurava. O grito de dor dele me deu segundos preciosos para fugir.

Corri para a floresta que cercava a vila, meus pés deslizando e tropeçando pelo terreno irregular. O medo me impulsionava, mas minha visão estava turva e a dor em meu corpo era intensa. Sentia-me fraca, como uma garotinha perdida na escuridão. O pavor da situação me fazia sentir-me impotente, lembrando-me da morte dos pais e da sensação de vulnerabilidade que me acompanhava desde então.

Os galhos e pedras da floresta batiam em meu corpo enquanto corria, meus pés sangrando e o coração disparado. Em um momento de desespero, tropecei e caí ladeira abaixo, rolando por um barranco. O impacto das pedras e galhos era cruel, cada batida fazia minha dor aumentar. A sensação de perda de controle era esmagadora, e senti um gosto metálico de sangue descer pela minha boca. A dor aguda em minha costela me fazia gemer, e meu corpo estava coberto de feridas e arranhões.

Quando cheguei ao final do barranco, deitei-me no chão da floresta escura. Olhei para o céu, onde as estrelas eram meros pontos distantes em uma escuridão opressiva. Perguntei a mim mesma se morreria ali, de uma forma tão cruel e sem sentido. A dor, o medo e a solidão me envolviam, e eu me sentia perdida e desesperada, como se o mundo inteiro tivesse desmoronado ao meu redor.

Estava atordoada, tanto pela bebida quanto pela queda brutal. Deitada sobre a terra úmida e fria, sentia o gosto metálico de sangue em minha boca, um filete escorrendo pela testa e manchando meus lábios. Minhas mãos trêmulas tocaram a lateral do meu corpo, onde uma dor aguda pulsava com cada respiração — minha costela estava fraturada. A floresta ao redor parecia engolir qualquer luz, tornando o ambiente assustador à medida que a noite avançava e o perigo se intensificava.

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