Capítulo 22

24 2 0
                                    


O alívio inundou meu ser ao ver Lucien vivo, deitado ali, tão calmo. Eu não conseguia conter as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Deslizei minha mão pelo seu rosto, tocando sua pele pálida e suave. Agradeci aos céus em um sussurro silencioso, aliviada por não termos sido levados. Eu me recusaria a viver sem ele.

Lucien lentamente tomou minha mão entre as suas, levando-a até os lábios. Ele beijou cada um dos meus dedos, como se cada toque fosse um gesto que acreditava não poder repetir. A ternura de sua ação fez meu coração acelerar. Sorri para ele, e então, como se um estalo tivesse ocorrido em minha mente, minha mão deslizou até a faixa que envolvia seu torso.

— Você está bem? — perguntei, a voz trêmula. — Você está muito machucado, Lucien?

— Isabelle, — ele disse, sua voz grave quebrando a fragilidade do momento — me chame de amor, não pelo nome.

Revirei os olhos, tentando me manter firme, mas um sorriso involuntário se formou em meus lábios.

— Lucien, não é hora para suas gracinhas.

Ele me ignorou, o olhar sério mas com um leve brilho nos olhos.

— Chame-me de amor.

Suspirei, sem outra saída. Inclinei-me mais perto, a voz aveludada.

— Amor... você está muito ferido?

O sorriso que se formou em seu rosto fez meu coração parar por um momento. Era como se a luz tivesse voltado a brilhar em seu olhar. Ele deslizou a mão livre pelo meu braço, ainda sorrindo, e então a pousou na lateral do meu rosto. O toque leve, no entanto, fez minha pele arder, e lembrei do golpe que havia levado.

Instantaneamente, seu sorriso se desfez, dando lugar a uma expressão séria, quase feroz.

— Você está se sentindo melhor? — sua voz grave estava repleta de preocupação. — Algo além do rosto está doendo? Você me perdoará por ter chegado tarde demais?

— Não! — neguei veementemente, as lágrimas escorrendo novamente. — Estou bem, Lucien. Meu corpo não dói, você me salvou. Eu sou eternamente grata a você.

Mas a expressão dele permaneceu sombria, a culpa pesando sobre seus ombros.

— Eu não devia ter demorado tanto. Deveria ter corrido para casa antes mesmo do sol se pôr. Se eu tivesse sido mais rápido, você não teria passado pelo tormento de ser machucada. A culpa é minha por ter te deixado sozinha.

As novas lágrimas caíram, e eu não queria que ele se culpasse pelos pecados de Damien. O cavaleiro que havia feito tudo aquilo estava morto, mas sua sombra ainda pairava sobre nós. Senti os dedos trêmulos de Lucien limpando uma lágrima da minha bochecha, mais uma vez se desculpando.

— Lucien, — minha voz foi firme, os olhos cerrados em determinação — nunca mais se culpe assim, ou eu nunca mais falarei com você. Quem deveria estar se desculpando já está morto, e eu não deixarei o peso de Damien pairar sobre nós.

Então, um novo sorriso iluminou seu rosto, e com a voz cheia de admiração, ele beijou novamente minha mão.

— Essa é a Isabelle que tanto amo. Você é minha mulher.

As palavras de Lucien ecoavam em meus ouvidos, me chamando de "sua mulher". Um calor se espalhou pelo meu peito, e um sorriso tímido surgiu em meus lábios. Sem pensar duas vezes, me aproximei, desfazendo a pouca distância que ainda existia entre nós. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, senti como se todo o peso do mundo se dissipasse. O beijo foi lento, calmo, e cheio de afeto. Eu o amava tanto, mais do que era capaz de expressar com palavras.

The BelleOnde histórias criam vida. Descubra agora