Capítulo 9

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– Nossa, você quer conversar? Que milagre é esse? – Natalie falou irônica. – Resolveu me colocar a par da situação agora? Acho que me sinto honrada.

– Natalie, por favor, não precisa disso. Vamos conversar numa boa. – Sofia pediu.

Sentou em uma cadeira próxima a sua escrivaninha, onde a assistente se encontrava de pé, em posição de ataque.

– Agora você quer conversar numa boa, Sofia? Você tá louca, é? Primeiro coloca aquela mulherzinha dentro de casa, com a sua filha, me ignora completamente e vem me dizer que quer conversar numa boa? – Natalie esbravejou, o tom de voz subiu, e ela começou a andar de um lado para o outro pelo quarto.

– Abaixa o tom de voz. Você sabe que a gente nunca fica bem quando você começa com isso.

– A gente nunca fica bem, quando aquela mulherzinha entra na história, Sofia. – ela parou de frente pra fotógrafa. – Você se esqueceu o quanto VOCÊ sofreu por causa DELA? Todo aquele problema com a polícia, todas as noites em claro com a Vitória, e depois todos esses anos sem uma notícia.

– Não esqueci de nada, Natalie. Agora todos esses anos sem uma notícia? Tem certeza disso? – Sofia cruzou os braços, encarando a assistente.

Não tinha levantado o tom de voz. Não iria por esse caminho.

– Ah, mas eu aposto que foi a primeira coisa que ela te disse. – Natalie riu, voltou a andar pelo quarto de um lado para o outro, bufando de raiva. – Ela mandou umas cartinhas bobas pra Vitória. Coisa melosa, cheia de desculpas e contos da carochinha.

– E com que direito você decidiu esconder isso de mim? – a loira se levantou, ela realmente não queria brigar com Natalie, mas era impossível se manter calma depois de ouvir isso. – Quem você pensa que é para decidir o que a minha filha recebe. Ouviu bem? MINHA FILHA. Eu sou a mãe dela, eu tinha que saber dessas cartas, era minha decisão mostrar pra ela ou não. – Sofia apontou o dedo para Natalie. – Você é só tia dela. Você não tinha nenhum direito de tomar essa decisão.

– E você queria que eu fizesse o que? Você toda chorosa pelos cantos, não largava essa menina nem um minuto do dia, que a gente não chegava perto se você não tivesse do lado. Nem trabalhar direito trabalhava. Que bem isso ia te fazer? Que bem ia fazer para a Vitória? – Natalie tinha o tom elevado. – Eu tive que tomar as rédeas do estúdio para que vocês tivessem o que comer, eu era a única racional naquele apartamento, e foi com esse direito que eu não mostrei aquela palhaçada.

– Mas você é muito pretensiosa, quer dizer que eu não passei fome por sua causa? Me poupe, Natalie. Sai desse mundinho egoísta que você vive e vem pra realidade. – Sofia passou as mãos nos cabelos. – A Natália era a minha mulher. Essa decisão cabia a mim, e somente a mim. Você não tinha direito nenhum de esconder essas cartas. Era uma notícia da Natália.

– E você queria saber para que? Embarcar num avião e vim atrás dela? Sofrer mais um pouco? Se machucar mais?

– Era outra decisão que cabia a mim. Você não é minha dona, Natalie. Nunca foi.

– Eu fiz de tudo por você e por essa menina. E você só quer saber da Natália. Sempre a Natália. Até a criança ela já roubou.

– Natalie, eu te amo, mas como amiga. Nós tivemos a nossa chance, o nosso tempo passou. – Sofia respirou fundo, tentou se aproximar de Natalie, que ainda andava como um animal enjaulado. – E eu vou ser eternamente grata por toda ajuda e apoio que você me deu esses anos todos. Mas a Natália... – Natalie parou e olhou para Sofia. A dor estava estampada em seu olhar. – A Natália é a mulher da minha vida. – ela passou a mão no rosto de Natalie. – Você sabe que a Mavie te ama demais, ninguém vai roubar ela de você.

Born To Die - StaliaOnde histórias criam vida. Descubra agora