Capítulo 28

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– Anda, Natalie, você sabe que eu piro com enrolação, o que houve? O que o médico disse?

– Calma, amor. – Natália segurou Sofia. Fez sinal pra ela olhar pra Vitória, que vinha timidamente atrás das mães. – Pequena, sobe com a Chloe, por favor.

– Mas a tia Nath tá chorando. – rebateu.

– Conversa de adulto, vida, depois a gente explica pra você. – Sofia tinha ficado de joelhos de frente para a filha.

Vitória não disse mais nada, apenas chamou a cachorra e subiu para o quarto.

Sofia e Natália sentaram, a morena impediu mais uma vez que a mulher cobrasse uma explicação, vendo que as duas amigas ainda estavam evidentemente em choque.

No fundo, elas já sabiam o que iriam ouvir, mas precisavam ouvir para encarar os fatos. Talvez assim ficasse mais fácil.

– O médico disse que não houve melhora. – Priscila começou a falar. A voz estava arrastada, como se até falar fosse um peso. – E eu vou precisar do transplante pra ter alguma chance.

Natalie fechou os olhos, as lágrimas corriam livremente. Priscila se encostou no sofá. Natália e Sofia ficaram se olhando por um tempo, procurando as palavras certas para dizer.

– Para se curar. – Natália por fim disse. – Gente, eu sei que ouvir isso não era o que a gente queria, mas não vamos nos abater...

– Nat, a Priscila não tem irmãos, não tem parentes, você tem noção do quanto dificulta? O médico praticamente disse que nós precisamos de um milagre, devido ao estágio que a doença já se encontra. – Natalie esbravejou. – Não tem mais essa de não se abater, a coisa é séria, e cada vez fica pior.

– Calma... – Priscila começou a falar, mas Natalie não deixou.

– Chega de me mandar ter calma. É só o que eu tenho ouvido desde que isso começou. Calma, calma, calma. Não adiantou porra nenhuma, você tá aí para morrer e eu fico aqui de mãos atadas, te vendo definhar na minha frente.

– Natalie... – Priscila insistiu.

– CHEGA. Aquele babaca praticamente disse você precisa de um milagre pra viver. Eu escuto isso e você quer que eu fique calma? – Natalie virou-se furiosa para Natália. – Você não quer que eu me abata? Que porra vocês andaram tomando pra falar isso? Que merda de mundo vocês estão? Ela vai morrer. – a morena despejou sem controle.

Saiu da sala resmungando e pôde-se ouvir a batida da porta do quarto, tamanha a força exercida.

– Como vocês podem ver, ela aceitou bem. – Priscila forçou um sorriso.

Sofia sentou ao lado da modelo, e passou seu braço envolta dela, abraçando a amiga.

– Ela precisava berrar um pouco. Deixa ela soltar essa raiva. – a fotógrafa falou.

– Isso mesmo. E você, não vai berrar não? Aproveita que nós estamos aqui. – Natália sentou do outro lado de Priscila, sorrindo.

– Não, acho que vou pegar o espírito natalino e usar para pedir pro papai noel o meu milagre. – sorriu.

– Como fica a parte do tratamento agora? – Sofia perguntou.

– Bom, agora fode de vez. – Priscila esboçou um leve sorriso. – As sessões vão continuar, e se eu encontrar um doador, tem que aumentar as sessões de quimio para matar minhas células da medula e poder receber as novas. Se eu encontrar o doador.

– Vamos encontrar. – Natália apertou a mão de Priscila. – Já disse, todo mundo lá em casa vai fazer o teste, vamos espalhar, fazer campanha, mas vamos achar o seu doador. Como é que vou matar seu filho quando ele tentar chegar perto da minha pequena?

Born To Die - StaliaOnde histórias criam vida. Descubra agora