– Volta pra casa, mama. – a mão de Vitória permanecia estendida para Natália.
As lágrimas que Natália havia secado, voltaram a correr por seu rosto.
De todas as reações que ela imaginava da menina, essa seria a última.
Seu olhar procurou o de Sofia. Os braços da fotógrafa envolviam Vitória em seu colo, e seu rosto estava coberto de lágrimas.
Os olhares das duas mulheres se encontraram. Natália esboçou um sorriso em meio ao choro. Estendeu sua mão e segurou a de Vitória.
A menina puxou a mãe para perto, e Natália não se segurou mais. Sentou ao lado de Sofia, e sem pedir, envolveu a fotógrafa e a filha com seus braços.
Sofia sentiu o corpo de Natália junto do seu, e deitou a cabeça no ombro da mulher, enquanto Vitória se esforçou para abraçar as duas ao mesmo tempo.
O tempo parou. Congelou naquele momento. Durante anos Natália sonhava com o dia que teria a chance de ter Sofia e Vitória em seus braços novamente. Seus braços agora pareciam pequenos, não conseguiam abraçar as duas próximas de si o suficiente.
As palavras faltavam a fotógrafa. Ela sabia que mais cedo ou mais teria que ter contar a verdade para a filha.
Não imaginou que Natália teria a coragem e assumiria a culpa. Não imaginou que com aquelas palavras da mulher, poderia ser capaz de perdoá-la.
O carinho que Vitória demonstrou com a morena. A aceitação de uma forma tão simples e pura. Bastava o amor para ela. Se existia o amor, o resto era apenas resto.
A loira abraçava mais e mais a filha contra seu corpo, enquanto sentia os braços de Natália fazerem o mesmo com elas. Ninguém falava. Não era mais preciso. Estava com os olhos fechados quando sentiu as mãos de Vitória em seu rosto, secando suas lágrimas.
– Não chora, mommy. – Vitória olhou para Natália, que estava na mesma situação de Sofia. – Nem você, mama, tá tudo bem. – a menina também passou a mão no rosto da morena, tentando secar as lágrimas.
Natália segurou a mão de Vitória e deu um beijo. Sorriu para a filha.
– É choro de alegria, meu amor. – ela passou a mão no rosto de Vitória. Fez o contorno do rosto da menina. – Não se preocupa, sua mãe é bobona mesmo, chora atoa.
– Mas eu não gosto de choro. Parece tristeza. – a pequena voltou a passar a mão no rosto de Sofia, que não tinha dito nada. – Já sei...
Com um certo trabalho, ela conseguiu sair dos braços das mães. Quando ficou de pé, olhou com um sorriso sapeca para as duas.
– Já volto. – a menina saiu correndo do quarto.
Não deu tempo nem de Sofia nem Natália falar nada. A fotógrafa lentamente sentou-se ereta, saindo dos braços da morena.
As duas ficaram um tempo se olhando, até que as lágrimas realmente pararam. Sofia respirou fundo, sorriu para Natália.
– Não sabia que ela ia reagir assim. – foram as primeiras palavras de Sofia, depois de tanto silêncio.
– Eu também não. Sempre tive a sensação de que ela iria me odiar.
– Não acho que a Vitória seja capaz de odiar ninguém.
– Eu tive medo... – Natália confessou num sussurro.
– Eu sei. – Sofia pegou a mão da morena.
O olhar da fotógrafa focou nas duas mãos juntas. Uma lágrima escapou. Um sorriso nasceu. Como fazia antigamente, entrelaçou seus dedos com os da morena. Seguiram em silêncio, apenas deixando seus corpos demonstrarem os sentimentos.
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Born To Die - Stalia
عاطفيةNatália e Sofia se conheceram durante uma viagem da dona de casa pra Nova York. Sofia é uma fotógrafa em ascensão, e Natália recém-separada tentando se reencontrar, ambas com 25 anos na época. A paixão foi imediata, e logo tudo que começou como uma...