Capítulo 23

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Pete estava com frio na barriga.

Um frio bom.

Naquele dia, ele iria sair da cidade com seu namorado. Não importava que suspeitasse um pouco das circunstâncias. Nem importava que, ao concordar em namorar e viajar com ele, estivesse mergulhando mais fundo num relacionamento.

Um que talvez não sobrevivesse ao teste do tempo, dependendo se ele voltaria para Bangkok mais cedo ou mais tarde. Mas nada disso aconteceria naquele dia. Ou no dia seguinte. Pete iria se divertir, relaxar e aproveitar a viagem. E o próprio Vegas também iria aproveitar algumas viagens dele ao colo dele.

Pete guardou a escova de dentes no saco de dormir e riu da própria piadinha, porém parou quando Porsche lhe lançou um olhar inquisidor. Se controla, tarado.

Sério. Era quase desconfortável toda a tensão sexual que andava sentindo nos últimos dias. Orgasmos estavam acabando com a vida dele. Até mesmo uma simples menção a Vegas fazia seu pau começar a entoar uma música lenta.

E por falar nisso...

— Acho que vou me depilar quando estivermos na civilização — avisou Pete, tentando lembrar se havia se esquecido de colocar alguma coisa na bagagem. — Quer ir também?

— Pode ser. — Porsche colocou a mochila pesada sobre o ombro. — Só para o caso de irmos à piscina do hotel ou algo assim.

— Assim que eu souber onde vamos ficar, marco pra gente. — Pete bateu as palmas da mão. — Dia de depilação para os irmãos!

— É tudo tão emocionante — comentou Porsche, inexpressivo, com o quadril apoiado na lateral do beliche. — Ei, Kinn não está indo para, tipo... ser minha babá. Né?

Pete fez uma careta.

— Vegas disse que ele já ia.

— É, só que naquele dia na loja de discos ele não sabia a diferença entre um compacto e um goma-laca. — Ele estreitou os olhos. — Aí tem coisa...

— Bem-vindo a Pattaya. É uma característica da cidade. — Pete pôs as mãos nos ombros de Porsche. — Ele não vai para ser sua babá. Você tem 26 anos. Enfim, por que precisaria de babá? Vegas e eu vamos ficar com você o tempo todo.

Porsche ficou de queixo caído.

— Pete, não é possível que você seja tão ingênuo.

— Como assim?

— Quando perguntei se Kinn ia para ser minha babá, eu estava perguntando se ele vai para me distrair enquanto Vegas passa um tempo sozinho com você e aproveita sua amiga depilada aí. — E então foi a vez de Pete ficar de queixo caído. — Porque eu não ligo. Não mesmo. Estarei com minha turma e posso procurar vinis até que os coelhinhos voltem para casa. Mas não quero que Kinn se sinta obrigado a ficar comigo. Isso meio que estragaria a experiência, sabe?

— Entendo o que está dizendo. — Pete apertou o ombro de Porsche. — Você confia em mim?

— Claro que confio.

— Bom. Se algum de nós sentir que o grupo não está dando certo, nos separamos deles. Tá legal? Se nós dois não estivermos curtindo, não vale a pena.

Porsche assentiu e abriu um pequeno sorriso.

— Fechado.

— Combinado. — Pete umedeceu os lábios. — Ei, antes que eles cheguem, queria te perguntar uma coisa. — Ele respirou fundo. — O que acha de fazermos a grande inauguração do bar repaginado no Dia do Trabalho?

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora