Epílogo

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Uma semana depois...


Era um dia triste. Era um dia feliz.

Vegas estava voltando para casa de uma viagem de pesca, porém Porsche estava voltando para Bangkok.

Pete se sentou na cama e retirou a máscara de olhos, maravilhando-se — não pela primeira vez — com o quanto o quarto tinha mudado. Antes de deixarem Bangkok, Vegas levara Pete para Bel-Air a fim de fazerem uma rápida visita a Honey e Daniel. No meio do encontro, Vegas tinha desaparecido.

Ele o achou em seu quarto no andar de cima, empacotando suas coisas.

Não só suas roupas, embora fosse legal ter seu guarda-roupa inteiro de volta. Mas suas bugigangas. Perfumes, colchas, sapateira e lenços. E, assim que chegaram em casa, em Pattaya — tá bom, certo, após uma rapidinha bruta e suada no sofá da sala —, ele tinha subido os itens e transformado o quarto dele... no quarto dos dois.

Seu capitão super masculino no momento dormia sob um edredom cor-de-rosa. A loção pós-barba dele agora ficava entre esmaltes e batons, e ele não poderia parecer mais feliz com aquele bagunça.

Eles só tinham passado alguns dias morando oficialmente juntos antes da viagem de Vegas, porém tinham sido os melhores dias da vida de Pete. Assistir a Vegas escovando os dentes com nada além de uma toalha enrolada na cintura, sentir seus olhos em si enquanto trabalhava, panquecas na cama, sexo no banho, cuidar do jardim juntos no pátio dos fundos, sexo no banho. E o melhor de tudo: a promessa sussurrada dele toda manhã e toda noite de que nunca, nunca iria deixá-lo ir embora de novo.

Pete se jogou contra os travesseiros e suspirou com ar sonhador.

Vegas chegaria a Grays Harbor em algumas horas, e ele mal podia esperar para contar a ele cada peripécia que tinha acontecido no Cross e Filhos desde que o capitão tinha saído. Mal podia esperar para cheirar a água salgada na sua pele e até continuar a conversa sobre um dia... um dia terem filhos.

Ele não tinha esquecido a tentativa de Pete de abordar o assunto na noite da briga. Tinham tentado conversar sobre aquilo em quatro ocasiões diferentes desde que voltaram para a casa, porém, assim que a palavra "grávido" era pronunciada, Pete sempre acabava de costas, Vegas empurrando nele como um trem de carga.

Então. Sem reclamações.

Abanando o rosto, Pete saiu da cama e seguiu para sua rotina matinal de correr e acompanhar Abe até o museu. Quando chegou em casa, uma hora depois, Porsche tinha acabado de fechar o zíper da mala cheia, e o estômago de Pete deu uma cambalhota desconfortável.

— Vou sentir saudades — sussurrou, apoiando um ombro na porta.

Porsche se virou e se sentou na beira da cama.

— Vou sentir mais.

Pete balançou a cabeça.

— Sabe... você é meu melhor amigo.

Seu irmão pareceu pego desprevenido por aquele declaração e deu um aceno atrapalhado de cabeça.

— E você é o meu. Sempre foi o meu, Pepe.

— Se você não tivesse vindo... — Pete gesticulou para o arredor. — Nada disse teria acontecido. Eu não teria conseguido sozinho.

— Teria, você teria.

Pete piscou várias vezes para parar as lágrimas.

— Está pronto pra ir para o aeroporto?

Porsche fez que sim e, depois de dar um beijo de despedida no tocador de discos, ele puxou a mala de rodinhas até a frente da casa. Pete abriu a porta para deixar o irmão passar, franzindo o cenho quando Porsche parou.

— O que é isso?

— Isso o quê?

Pete seguiu olhar do irmão e achou um pacote marrom, quadrado, apoiado na varanda. Com certeza não estava ali quando voltou da corrida. Ele se agachou e o pegou, inspecionado o adesivo de entrega e dando a caixa para o irmão.

— É pra você.

Largando a alça da mala, Porsche rasgou o papelão, revelando um disco enrolado em papel celofane.

— É... ah. — Ele engoliu em seco. — É aquele álbum do Fleetwood Mac. O que gostei na exposição. — Ele tentou rir, mas saiu engasgado. — Kinn deve ter achado.

Pete deu um assobio baixo.

Porsche continuou encarando o álbum.

— Isso foi tão... amigável da parte dele.

Sem dúvida foi algo. Mas Pete não tinha certeza de que "amigável" seria a palavra certa.

Vários instantes se passaram, e Pete estendeu a mão para pôr uma mecha de cabelo atrás da orelha do irmão.

— Pronto pra ir? — perguntou, gentil.

— Hum... — Porsche estava visivelmente balançado. — Sim. Sim, claro. Vamos.

Algumas horas mais tarde, Pete estava no cais e assistia ao Della Ray se aproximar, sua pulsação acelerando quanto mais próximo o barco ficava, respingos brancos se espalhando ao redor da proa como asas ondulantes.

As companheiras dos tripulantes, as mães e os pais estavam em volta tomando café no clima frio de outono, especulando a carga da viagem. Tinham sido gentis com Pete naquela tarde, porém, mais importante, ele estava aprendendo a ser gentil consigo mesmo.

Aprendendo a se amar do jeito que era.

Frívolo e bobo num momento, determinado e teimoso em outros. Quando estava bravo, enfurecia-se. Quando estava triste, chorava. E, quando estava feliz, como naquele momento, ele abria os braços e corria bem para a principal fonte da sua alegria, deixando-o envolvê-lo.



FIM!

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora