Capítulo 29

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Pete foi dormir irritado e acordou mais irritado ainda.

Saltou da cama em direção às gavetas da cômoda que Vegas tinha separado para ele, retirando um top preto, uma calça de correr vermelha (a cor da raiva) e um par de meias curtas.

Assim que ele completasse a rápida corrida e acompanhasse Abe até o museu, iria caminhar até o cais como se fosse um desfile da semana de moda e beijar aquela boca idiota do capitão. Iria deixá-lo excitado, ofegante e se sentindo um grande babaca, e então voltaria para casa.

Casa. Para a casa de Vegas.

Ele desceu a escada, tirando uma Porsche sonolenta do quarto.

— Já está pronta para conversar? — perguntou o caçula. Pete enfiou um AirPod no ouvido.

— Não.

Porsche apoiou o quadril no sofá e esperou.

— Meu único foco é fazê-lo se matar de arrependimento agora — disse Pete.

— Parece o começo de uma relação saudável.

— Ele saiu. — Pete se sentou e começou a amarrar o tênis. — Ele não deveria ter saído! Ele deveria ser a pessoa paciente e razoável desse relacionamento!

— Você é o único que pode ser irracional, então?

— Isso! — Algo se prendeu na garganta de Pete. — E é claro que ele já está cansado das minhas palhaçadas. Comigo é só ladeira abaixo. Nem sei por que vou me dar ao trabalho de ir até o cais.

— Porque você o ama.

— Exatamente. Olha no que fui me envolver? — Ele amarrou os cadarços, tenso. — Eu passaria pelo término com Adrian mil vezes para evitar ver Vegas saindo de casa uma vez. Aquilo que ele fez ontem à noite... doeu.

Porsche se sentou de pernas cruzadas na sua frente.

— Acho que isso quer dizer que os momentos bons valem um pouco o esforço, não acha? — Ele abaixou a cabeça para encarar os olhos de Pete. — Vamos lá. Se ponha no lugar dele. E se ele saísse ontem à noite sem a intenção de voltar? É isso que ele teme que você faça.

— Se ele só escutasse...

— É, eu sei. Você está nos dizendo que vai ficar. Mas, Pepe, ele é um cara que gosta de provas concretas. E você deixou dúvidas.

Pete se deitou no chão de madeira.

— Eu ia acabar com eles. Ele devia ter sido compreensivo comigo.

— Sim, mas você tem que ser compreensivo com ele também. — Porsche riu e se deitou ao lado do irmão. — Pete, o homem olha para você como... se ele fosse cheio de rachaduras e você fosse a cola. Ele só quis te dar um pouco de espaço, sabe? Você vai tomar uma grande decisão. — Ele se virou de lado. — E também vamos levar em consideração que ele é um homem e tem orgulho, testosterona. É uma mistura fatal, nós somos homens diferentes.

— Verdade. — Pete inspirou profundamente e expirou. — Mesmo se eu o perdoar, ainda posso ir até lá como um homem justiceiro e fazê-lo se arrepender?

— Eu ficaria decepcionado se você não fizesse isso.

— Tá bom. — Pete se sentou e se levantou, ajudando Porsche a ficar de pé. — Obrigado pela conversa, ó senhor da sabedoria. Promete que posso te ligar sempre que precisar de um conselho sábio?

— Quando quiser.

Pete saiu para sua corrida com tempo mais do que suficiente para escoltar Abe até o museu e chegar ao cais para desejar uma boa viagem a Vegas. Ainda assim, ele estava ansioso para ver o capitão e assegurar que aquele relacionamento era para valer, então apressou o passo. Abe estava esperando em seu lugar de costume do lado de fora da loja de ferragens, com o jornal dobrado sob o braço, quando ele chegou.

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora