Capítulo 7

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Quando as compras já estavam organizadas na geladeira minúscula, os irmãos Saengtham resolveram sair para explorar as redondezas — e fugir da imundice do apartamento do andar de cima. No porto, Pete se equilibrava sentado na cerca de madeira com vista para o mar. A cabeça estava inclinada para permitir que a brisa do começo da tarde levantasse os cabelos na sua nuca; o rosto, iluminado pele luz do sol. Ele parecia inspirado e bem descansado, estiloso com seu body cavado nas costas, a calça jeans skinny e botas de cano curto Chloe que diziam: 


"Talvez eu suba num desses barcos, mas não sou eu que vou trabalhar."


— Che — falou, quase sem mexer a boca. — Levanta o celular e vira mais para baixo.

— Meus braços estão cansando.

— Só mais uma. Sobe ali naquele banco.

— Pete, já tirei pelo menos quarenta fotos em que você está parecendo um deus. Ainda precisa de mais opções? - Pete forçou um bico.

— Por favor, Porsche. Compro um sorvete para você.

— Eu não tenho sete anos — resmungou Porsche, ao subir no banco de pedra. — Vou querer cobertura.

— Ah, isso daria uma foto sua muito fofa!

— É — respondeu o irmão, em um tom seco. — Não duvido que todos os meus dezenove seguidores iriam adorar.

— Se você me deixasse compartilhar só uma vez...

— Sem chance. A gente já falou sobre isso. Inclina a cabeça mais para trás. — Pete obedeceu, e o irmão tirou a foto. — Gosto de manter minha privacidade. Nada de ficar compartilhando sobre a minha vida.

Pete desceu da cerca e recebeu seu celular de volta.

— É que você é muito bonito, e todo mundo deveria saber disso.

— Não, é pressão demais.

— Mas por quê?

— Provavelmente, você já se acostumou tanto que não para e pensa que... todos esses desconhecidos e os comentários deles nos seus posts é que ditam as suas experiências. Tipo, agora você está aproveitando mesmo o porto ou só está imaginando a legenda que vai colocar na foto?

— Ui. Golpe baixo. — Ele deu uma fungada. — "Senti que este mar está pra peixe" fica legal?

— Fica — disse Porsche, demonstrando irritação. — Mas não quer dizer que você pode me marcar.

— Tudo bem — retrucou Pete, contrariado. Em seguida, enfiou o celular no bolso de trás. — Vou postar só depois, para não ficar checando o número de curtidas agora. E estou sem sinal mesmo. O que devo enxergar com meus olhos? O que a realidade tem a me oferecer? Seja meu guia, meu guru.

Com um sorriso complacente, Porsche entrelaçou o braço no de Pete. Eles compraram sorvete, um para cada, em uma lojinha e seguiram em direção às fileiras de embarcações de pesca ancoradas. Gaivotas sobrevoavam em círculos de um jeito ameaçador, mas, depois de um tempo, aquele imagem e os grasnos estridentes das aves se tornaram parte do ambiente, e Pete parou de se preocupar se iriam fazer cocô nele.

Era uma tarde excessivamente úmida de agosto, e turistas de sandálias e chapéu bucket passavam por placas divulgando a observação de baleias e subiam em barcos que oscilavam com o movimento das águas. Outros ficavam em roda na beira do cais e jogavam o que pareciam ser baldes de metal no azul do mar.

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora