Capítulo12

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É óbvio que eles visitaram a vinícola primeiro.

Vegas tinha razão (que saco), Pete amou o espaço para selfies, uma parede pintada em tons de pedras preciosas para parecer vidro colorido, emoldurada por trepadeiras que subiam peles laterais e se enrolavam em uma placa com a palavra "VINHO" em néon. No fundo, havia um altar onde se podia venerar os deuses das redes sociais.

Porsche não era muito de beber. Graças a quatro taças de vinho, foram feitas muitas tentativas de tirar uma foto de Pete que não estivesse tremida até finalmente conseguirem uma boa.

Pete escolheu um filtro e postou a foto no Instagram. De modo automático, clicou nas notificações.

— Nossa, olha isso. — Sua pulsação acelerou. — Vegas me seguiu. — Ele clicou no perfil dele e quase se engasgou.

— Ah. Eu sou a única pessoa que ele segue. Ele acabou de criar a conta.

Porsche apertou as bochechas.

— Ah, cara. Coisa de principiante.

— É... — Mas também era uma coisa muito, muito legal.

Com relação ao fato de Vegas ter visto as várias fotos que mostravam a lateral dos seu peitoral e sua bunda? Até mesmo suas publicações mais simplesinhas eram um pouco provocantes. E se a falta de modéstia dele o desanimasse? Ele realmente criou um perfil para segui-lo?

Talvez Porsche tivesse razão sobre redes sociais dominarem os pensamentos e os momentos de diversão de Pete. Agora ele iria passar os próximos três dias se perguntando quais fotos Vegas tinha visto e o que tinha achado deles. Será que riria das legendas? Se o feed do Instagram era uma espiada na vida de Pete Saengtham, isso iria contar mais do que a impressão que ele tinha passado na vida real?

— Você devia ter visto a lojinha de discos, Pepe — disse Porsche, depois de um gole do vinho. Era a cara do irmão poetizar sobre uma loja de discos depois de beber muito em vez de poetizar sobre um ex-namorado ou uma paixão. Porsche vivia encolhida com fones de ouvido e o rosto enterrado em letras de música. Quando ele fez dezesseis anos, Pete levou o irmão para seu primeiro show, do Mumford & Sons, e a pobre garoto ficou tão animado que quase desmaiou. A alma dele era feita de notas musicais. — Eles tinham um cartaz do show do Alice in Chains de 1993. Pregado na parede como se não fosse nada! Só porque ainda não tiveram tempo de tirar dali!

Pete riu com o entusiasmo do irmão.

— Por que não comprou nada?

— Eu quis. Tinha um vinil do Purple Rain muito bom mesmo, mas o preço estava muito baixo. Seria como roubar.

— Você é uma boa pessoa, irmãozinho.

Pete estava com uma vontade persistente de rolar o feed do Instagram e ver tudo pelos olhos de Vegas, mas ignorou o desejo com determinação.

— Então. O que achou do Kinn? - Porsche abaixou os óculos.

— Ah, não. Não me pergunta isso.

— O quê? Ele é bonito.

— Não é meu tipo.

— Tinha que ser mais deprimido e amargurado, né? - Porsche bufou.

— O celular dele tocou, tipo, umas cem vezes em vinte minutos. Ou era um garoto apaixonado ou vários admiradores, e aposto na última opção.

— É... — admitiu Pete. — Ele parece mesmo ser mulherengo.

Porsche balançou os pés.

— Além disso, acho que ele só estava dando uma moral para o amigo ali. Não perdeu tempo em exaltar as virtudes do Vegas.

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora