Capítulo 16

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Pete observou Vegas se sentar ao lado oposto da mesa e franziu a testa.

Pelo visto, não era fácil seduzir o capitão. Quando escolheu a roupa, ele não esperava que a peça chegasse a cruzar a porta da frente, mas lá estavam eles, sentados na sua sala de jantar, um ambiente com um charme masculino, prontos para comer uma refeição preparada por ele.

E ele também comprou uma garrafa de champanhe para ele.

Pete já ganhara joias de outros homens, já fora levado para restaurantes finos — um ficante muito empolgado até lhe deu um Rolls-Royce no seu aniversário de 22 anos. Não era segredo para ninguém que ele gostava de coisas sofisticadas. Mas nenhum desses presentes o fez se sentir tão especial quanto aquele refeição caseira.

Mas ele não queria se sentir especial ao lado de Vegas.

Queria?

Desde que chegara a Pattaya, já havia tido mais conversas francas com Vegas do que com qualquer outra pessoa na vida, tirando Porsche. Ele queria saber mais sobre ele, queria contar mais sobre si, e isso a fazia sentir um medo gigantesco.

Afinal, isso ia dar em quê?

Ele só ficaria três meses em Pattaya, sendo que já havia passado quase duas semanas. No dia seguinte, ele partiria e só voltaria dali a quinze dias. Depois, estaria sempre indo e voltando do mar, e cada viagem levaria três dias. Essa situação tinha todos os ingredientes para uma relação sem compromisso e temporária. Mas a recusa dele em rotular o que havia entre os dois deixava a porta escancarada para um vaivém de possibilidades.

Na verdade, ele nem sabia ser mais do que uma ficante.

E a marca branca ao redor do dedo dele, impossível de ignorar, e o fato de que ele era a primeira pessoa com quem ele saía após tirar a aliança? Era demais para alguém cujo relacionamento mais longo durou apenas três semanas e detonou sua autoconfiança. O que ele esperava que acontecesse entre os dois, o que quer fosse... ele não poderia atender a essa expectativa.

E talvez esse fosse, na verdade, o problema.

O capitão de barco fortão aguardou em silêncio que ele desse a primeira garfada, com os cotovelos na mesa, sem prática nenhuma de como se comportar em um encontro. Quando um músculo se contraiu na bochecha dele, Pete viu que Vegas estava nervoso pensando se ele iria gostar da comida. Mas tudo que passava pele cabeça dele devia estar estampado em seu rosto, porque ele ergueu uma sobrancelha enquanto a encarava. Após movimentar os ombros para liberar a tensão, Pete espetou o garfo no peixe branco e macio, também pegou uma batata e levou tudo em direção aos lábios. Mastigou.

— Nossa! Caramba, está ótimo.

— Está?

— Com certeza. — Ele deu mais uma garfada, e finalmente ele começou a comer. — Você costuma cozinhar?

— Costumo. — Ele comia do jeito que fazia todas as outras coisas. Sem frescuras. Era espetar o garfo e colocar a comida na boca. Sem parar. — Menos nas segundas à noite.

— Ah, o Boia Vermelha é um compromisso semanal. Eu devia ter imaginado. — Ele riu. — Eu fico te zoando por ter uma rotina para tudo, mas provavelmente é isso que faz de você um bom capitão.

— Saí da minha rotina esta semana, não foi?

— Foi. — Ele estudou Vegas por um instante. Inclusive, advertiu-se para não se aprofundar demais no motivo de ele ter feito essa mudança. Mas sua curiosidade acabou falando mais alto. — E qual foi o motivo? Quer dizer, o que te fez tomar a decisão de — tirar a aliança? — mudar o planejado?

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora