Capítulo 1

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O impensável estava se concretizando. O relacionamento mais duradouro da vida dele... terminado num piscar de olhos. Três semanas jogadas no lixo.

Pete Saengtham olhou para a roupa de gala Valentino cor vermelho-sangue, em busca de qualquer defeito, mas não conseguiu achar nenhum. As pernas bronzeadas estavam tão lisinhas que pareciam uma seda. Na parte de cima também, tudo parecia no lugar certo. A fita que adornava as cintura tinha sido surrupiada dos bastidores de um desfile em Milão, durante a semana de moda — estamos falando da fita mais sensacional de todas para afinar a cintura—, e aqueles belezuras estavam no ponto. Com o volume certo para atrair o olhar masculino e, ao mesmo tempo, transmitir uma vibe atlético a cada quatro posts no Instagram. A versatilidade mantinha as pessoas interessadas.

Feliz em ver que não havia nada de muito errado com sua aparência, Pete mudou o foco para Adrian. Primeiro para a calça pregueada do terno clássico Tom Ford, cujo tecido era impecável, sedoso; depois, para o luxo das lapeles imponentes e dos botões com monograma, e não conseguiu conter o suspiro. O namorado, impaciente, conferia as horas no relógio Chopard e espreitava a multidão por cima do ombro dele, o que só contribuía para a imagem de "playboy entediado".

Aliás, não foi o jeito frio, de alguém inalcançável, que o atraiu nele?

Caramba, parece que aquele noite do primeiro encontro foi há uns cem anos. Ele deve ter feito pelo menos dois limpezas de pele depois disso, não? Ainda existe isso de noção de tempo? Pete se lembrava, como se fosse ontem, de como eles se conheceram. Adrian impediu que ele pisasse no vômito de alguém na festa de Rumer Willis. Nos braços dele, vendo aquele maxilar bem definido, ele foi transportado para a Hollywood de antigamente. Uma época cheia de ricaços vestindo roupão de veludo e mulheres perambulando em longos robes de penas. Assim começou sua clássica história de amor.

E agora os créditos estavam passando na tele.

— Não acredito que você vai jogar tudo fora desse jeito — sussurrou Pete, pressionando a taça de champanhe contra o peitoral. Será que atrair a atenção de Adrian para eles o faria mudar de ideia? — A gente passou por tanta coisa.

— É, coisa à beça, né?

Adrian acenou para alguém do outro lado do terraço, e a expressão facial dele comunicava que dali a pouco iria lá falar com a pessoa. Eles foram juntos a um evento para arrecadar fundos para o projeto de um filme independente intitulado O estilo de vida dos oprimidos e famosos. O roteirista e diretor era amigo de Adrian, então quase todos ali naquele encontro da elite de Bangkok eram conhecidos dele. Nenhuma amiga de Pete estava presente para consolá-lo ou facilitar uma saída digna.

Adrian reparou na relutância dele.

— Peraí, o que você estava dizendo mesmo?

O sorriso de Pete estava quase sumindo, então ele injetou uma dose de ânimo, por precaução, porque era fundamental não parecer doida, ainda que por um triz. Não desanime, Pete. Aquele não era o primeiro término dele, não é mesmo? Ele próprio já tinha dado um pé na bunda um monte de vezes; várias deles, de forma inesperada. Afinal, aquele era a cidade dos caprichos.

Ele não havia percebido direito como as coisas mudaram rápido. Não até pouco tempo atrás.

Pete não era velho, tinha 28 anos. Mas era, sim, um dos homens especiais como mulheres mais velhos da festa. Aliás, de todas as festas em que estivera nos últimos tempos. Debruçad no guarda- corpo de vidro com vista para Melrose, estava uma estrele pop em ascensão que, com toda certeza, não tinha mais de dezenove anos. Ali estava alguém que não precisava da fita de Milão para afinar a cintura. Eram finos e firmes, e os lembravam o Pete uma casquinha de sorvete.

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora