Capítulo 21

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Sons típicos de uma casa pela manhã estavam vindo de algum lugar. Gavetas eram abertas e fechadas com cuidado, pés descalços caminhando pelo chão, o ruído da cafeteira. Pete abriu um olho, mas não se mexeu. Não podia, para não perder nem a posição perfeita na roupa de cama aconchegante e fofa, nem o cheiro de Vegas. Nunca dormira tão bem, sem dúvida. Ele acordou em algum momento com vontade de fazer xixi e se viu preso à estação de recarga, com a respiração leve de Vegas colada em sua nuca. E decidiu segurar à vontade.

O que ele tinha falado na noite anterior? Alguma coisa sobre empadões. Também se lembrava de tentar seduzi-lo, sem sucesso. Que derrota.

Houve uma discussão no carro, voltando para casa. Nada de sexo.

Ele só precisava ver como estava o humor dele para descobrir se havia falado ou feito algo irremediavelmente constrangedor. Havia uma grande chance de isso ter acontecido, porque senão ele ainda estaria na cama, não é? Tipo, por favor. Um cara cheia de tesão. Bem aqui.

A bexiga de Pete estava quase estourando, e ele se sentou, grato pelo bom funcionamento do método Saengtham, e andou na ponta dos pés até o banheiro. Ignorou a sensação quente e viscosa no estômago quando encontrou sua escova de dentes da manhã anterior posicionada ao lado da de Vegas, no armário acima da pia. Onde mais ele deveria colocá-la?

Com a escova na boca, pegou um frasco de perfume fechado e cheirou. Mas aquilo não era dele, com certeza, e não conseguia imaginá-lo usando aquele fragrância. Fora isso, só havia o aparelho e um creme de barbear, mais um desodorante. O armário do banheiro dele em Bangkok provavelmente daria um faniquito nele, de tão lotado que era.

Ele terminou de escovar os dentes, jogou água no rosto, penteou o cabelo com os dedos, começou a descer as escadas... e... e tirou a sorte grande. Vegas estava em pé na cozinha, só de cueca boxer preta.

Pete se espremeu contra a parede para observá-lo sem ser descoberto. Ele estava encurvado sobre a bancada da cozinha, lendo um jornal, e, que maravilha, aquele monte de músculos dele, másculos, tudo o que ele queria de café da manhã. De onde saíram aqueles coxas? Ele as usava para ancorar o barco? Eram generosas, rasgadas de músculos e...

— Quer café? — perguntou Vegas, sem tirar os olhos do jornal.

Aham? — Ele fez o som bem alto e terminou de descer as escadas, totalmente ciente de que Vegas estava de cueca, enquanto ele não usava nada além da camiseta dele e a calcinha. — Hum, sim? Café, claro. Claro.

Ele esboçou um sorriso.

— Certo.

Pete franziu o nariz para ele.

— Que história é essa de ficar ainda mais arrogante, hein?

Vegas lhe serviu café, preparado exatamente do jeito que ele gostava.

— Talvez você tenha me falado ontem à noite, no bar, que fui a melhor transa da sua vida, disparado, disparado. - Ele sentiu um calor nas bochechas.

— Eu falei "disparado" duas vezes, foi? - Após lhe entregar o café, ele se recostou na bancada e cruzou os tornozelos.

— Falou, sim. - Para esconder o sorriso tímido, ele tomou um gole de café.

— Acho que também posso ter virado um consultor de beleza profissional ontem à noite. Uma cujo pagamento é em drinques. — Mais e mais memórias da noite anterior vinham à tona. — E, ai, meu Deus, eu me ofereci para dar uma festa no Dia do Trabalho, lá no bar.

— Xiiii.

— Mal posso esperar para contar para Porsche.

Pete envolveu a caneca com as mãos, apreciando o calor. Não apenas o da própria bebida, mas o da cozinha de Vegas como um todo. O jeito com que olhava para ele com afeição, sem a menor pressa de sair dali. Quando foi que ele havia começado a gostar dessas coisas? O silêncio entre os dois não precisava ser preenchido, mas sua mente estava a mil, então acabou falando mesmo assim.

NAQUELE VERÃO - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora