Capítulo 01. A garota do Capo.

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A música pulsava pelas paredes, enchendo o ambiente com uma batida envolvente, mas em volta de Enrico pairava uma aura de silêncio. Ele encarou Layla, a garota desafiadora com seus olhos castanhos intensos que pareciam convidá-lo para um confronto. Era como se ela possuísse uma coragem desmedida ou uma ousadia que desafiava até mesmo as figuras mais imponentes como Enrico.

A verdade era que Layla já não tinha muito pelo que lutar. Ela não temia as consequências de suas ações, apesar dos alertas que certamente havia ouvido antes de atravessar a porta do Valete de Ouros. Sua determinação era palpável, uma mistura de desespero e resolução que não se curvava diante das sombras do submundo que cercavam Enrico.

Enquanto a música continuava a pulsar ao fundo, criando uma atmosfera de tensão e excitação ao redor deles, Enrico e Layla permaneciam em um momento de confronto silencioso, cada um avaliando o outro com uma intensidade que poderia mudar o curso daquela noite no bar.

— Não vai me responder — Disse ela tirando Enrico do transe que se encontrava, perdido naquele momento.

— Vem comigo. — Ele disse se virando.

— Me responde que eu não vou te seguir.

Enrico sentiu uma crescente irritação, contrariado pela determinação desafiadora da garota que parecia estar pronta para enfrentar qualquer um que cruzasse seu caminho. Ele deu um passo à frente, aproximando-se dela com firmeza, e segurou seu braço com uma intensidade que refletia seus olhos frios e a faísca de irritação que brilhava ali.

— Eu odeio mulheres escandalosas — disse Enrico em um tom cortante. — Você pode vir comigo em silêncio, ou eu posso fazer com que você e sua mãezinha dividam a mesma vala. O que acha?

Layla engoliu em seco, sentindo o peso das palavras de Enrico. Ela sabia que ele não machucaria uma mulher diretamente, mas suas ameaças não eram para serem ignoradas. Era um jogo de poder, e Enrico estava deixando claro que ele controlava as regras.

Com um aperto firme em seu braço, Enrico guiou Layla para cima, em direção ao segundo andar do Valete de Ouros. Ele poderia introduzi-la ao submundo, mas a aparência dela não era adequada para tal ambiente. Enrico abriu a porta e a empurrou para dentro do ambiente mais reservado, fechando-a logo em seguida com um gesto decidido.

Dentro daquele espaço mais tranquilo, a música abafada e as vozes distantes do bar principal pareciam uma memória distante. Enrico encarou Layla, esperando ver como ela reagiria agora que estavam longe dos olhares curiosos e das pressões externas.

— Sente-se — ele ordenou, a garota sentou-se. Enrico foi até a pequena geladeira que havia lá e entregou a garrafa de água para ela — Se acalme e me diga o que está acontecendo.

Enrico se recostou contra a mesa, observando Layla com atenção enquanto ela segurava a garrafa, suas mãos levemente trêmulas, e tomava um gole de água para acalmar os nervos. Seus olhos curiosos exploravam a sala ao redor, captando cada detalhe.

No sofá próximo, Layla notou um travesseiro e um cobertor cuidadosamente dispostos, sugerindo que alguém fazia daquele espaço um lugar para dormir. A atmosfera tranquila e isolada do segundo andar contrastava fortemente com o tumulto lá embaixo, onde a música ainda ecoava distante, misturada aos sons abafados das conversas e risadas.

Enrico permaneceu em silêncio por um momento, observando-a com uma mistura de curiosidade e cautela. Ele sabia que aquele encontro não era apenas uma coincidência; Layla estava ali por algum motivo, e ele estava determinado a descobrir qual era.

— Então, — Enrico estralou os dedos e Layla voltou a encará-lo.

— Desculpe, eu estou muito nervosa — Ela disse, sua voz parecia diferente, mais aveludada de feminina.

A garota do CapoOnde histórias criam vida. Descubra agora