Layla acordou com um sobressalto, seus olhos demorando alguns segundos para se ajustarem à penumbra do quarto desconhecido. Sentou-se na cama, tentando entender onde estava. Levou alguns instantes para se lembrar que estava na mansão dos Corallo, em um dos quartos reservados para os funcionários.
O quarto era simples, com duas portas: uma levava ao banheiro estreito onde ela encontrou um uniforme de empregada pendurado ao lado da pia. Era apertado, mas Layla conseguiu realizar sua higiene matinal básica ali. Ao sair, sentiu-se deslocada, sem lembrar como tinha chegado ali ou quando havia dormido pela última vez.
Explorou o corredor silencioso, contando mentalmente os nove quartos fechados que passava. A sensação de invasão a impedia de abrir qualquer uma das portas.
Ao alcançar o fim do corredor, encontrou a lavanderia em plena atividade, uma máquina de lavar ruidosa trabalhando no canto. À direita, a porta de saída do corredor, e à esquerda, a entrada para a cozinha.
Eleonor Corallo, estava sentada em um banco em frente à ilha central da cozinha.
— Bom dia, senhora — Layla disse timidamente. Eleonor tirou os olhos do celular. — Minha mãe está?
— Ela está arrumando os quartos. Quer um café, criança?
— Não, senhora.
— Você é muito corajosa, enfrentando o Rico de frente — Eleonor sorriu. — Gosto de mulheres corajosas.
— Obrigada.
— Então, o que vai fazer? — Eleonor perguntou, enquanto Layla engolia em seco, sentindo o peso da incerteza sobre seus ombros. Ela estava ali, no meio de uma mansão desconhecida, sem saber ao certo o que o futuro reservava.
Layla tentou encontrar palavras para responder, mas sua mente estava tumultuada. Ela não tinha planos concretos, apenas o desejo de entender o que estava acontecendo e talvez encontrar um caminho seguro para seguir.
— Eu posso trabalhar aqui?
— Sua mãe havia dito que você iria ficar com a sua avó.
Layla sorriu fracamente, tentando ignorar as lágrimas que ameaçavam cair. Sua avó havia falecido há uma semana. A verdade era que Layla e sua mãe não se falavam com frequência nos últimos tempos. Ela ligava ocasionalmente para informar sobre o estado de saúde da avó e não via a mesma cortesia de sua mãe. O tratamento era caro, e Layla tinha feito o possível para garantir que sua avó estivesse confortável, mas isso resultou em várias dívidas.
A senhoria onde Layla morava tinha sido compreensiva e não pressionou pelo pagamento imediato das dívidas, mas Layla estava determinada a retornar e assumir a responsabilidade financeira. Ela não permitiria que o nome de sua avó fosse manchado. Agora, nem mesmo um celular ela possuía.
— Menina? — Eleonor chamou, trazendo Layla de volta à realidade.
— Minha avó não está mais entre nós.
— Oh — Eleonor pareceu desconcertada por um momento. Ela sabia que Tereza não tinha sido uma mãe presente, como a própria Tereza havia admitido, mas não sabia até que ponto era o afastamento entre mãe e filha.
— A senhora teria um emprego pra mim? — Layla perguntou seriamente.
— Acha que dá conta?
— Sim, senhora. — Layla segurou seus dedos nervosamente. — Tem um salário?
— Tem.
— Tudo bem então.
Eleonor bloqueou a tela do celular e olhou para Layla com um olhar de compreensão. — Meu bem, você está com problemas financeiros.
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A garota do Capo
RomantizmLivro 1. da Serie "os Herdeiros da Máfia" Layla, uma jovem que perdeu tudo, ousa invadir o submundo em busca de sua mãe. No entanto, não esperava encontrar Enrico Corallo, conhecido como Hades, o senhor desse domínio obscuro. O capo se vê desafi...