Capítulo 03. O encontro

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Lecce deu passos lentos até alcançar Layla, analisando-a de cima a baixo com um olhar crítico. Ela não parecia ser exatamente o tipo de mulher que Enrico normalmente se interessava; talvez mais adequada ao estilo de Lucca. Seus cabelos desgrenhados precisavam de um penteado, com fios rebeldes espalhados por todos os lados. Layla lhe lembrava um desenho de um bebê estressado apertando um brinquedo macio, segurando a garrafa de plástico firmemente como se fosse um ponto de segurança.

Enquanto Lecce se preparava para abrir a porta, Enrico apareceu subitamente. Os três se encararam, envoltos em um breve momento de completo silêncio. Enrico fitou seu irmão mais novo, questionando silenciosamente com um movimento de queixo quem era aquela desconhecida diante deles.

— Boa noite — Enrico se posicionou entre Layla e Lecce, formando uma barreira humana protetora. Layla instintivamente se encolheu atrás dele, sentindo-se subitamente insegura e preocupada se talvez tivesse feito algo errado. Ela podia sentir a respiração de Enrico através do tecido de sua camisa, o que aumentava ainda mais sua sensação de proximidade e tensão no ambiente.

— Onde vai? — Perguntou ao Lecce.

— Para casa, cuida de tudo. — Aquilo era um aviso para não fazer mais perguntas. — Boa noite.

Lecce apenas gesticulou com a cabeça entrando dentro do escrito de Enrico para ver o que acontecia naquele momento.

— Pronta? — Enrico perguntou para Layla que apenas concordou com a cabeça.

Enrico segurou novamente a mão de Layla e a guiou para fora, rompendo os sussurros e olhares curiosos que a cercavam. Ela sentiu um alívio profundo quando a brisa gelada tocou seu rosto, embora o cheiro pesado de cigarro ainda pairasse no ar, evidenciando que algumas pessoas continuavam a fumar e a andar de forma cambaleante ao redor.

Ele a conduziu até o lado do Valete de Ouros, onde uma imponente BMW blindada estava estacionada. Enrico abriu a porta do carro e Layla entrou, sentindo-se como se tivesse acabado de acordar em um pesadelo dentro do veículo de um estranho.

Enquanto Enrico conversava brevemente com alguém do lado de fora, ele entrou no carro e deu a partida. As luzes se acenderam, a música começou a tocar suavemente e os bancos começaram a aquecer conforme ele acelerava em direção à saída da cidade.

Layla começou a perceber a gravidade da situação em que se encontrava. Estava dentro de um carro desconhecido, envolta pelo aroma forte de colônia masculina e couro, tudo isso era intimidante para ela, que não sabia se estava a caminho de sua morte ou não.

Reunindo toda a coragem que lhe restava, ela quebrou o silêncio que era adornado apenas pela música do carro.

— Onde estamos indo?

— Encontrar a sua mãe

— Ela está morta? — Layla encarou Enrico que a olhou assim.

— Como? — Enrico encarou a garota, ela apertava a garrafa mãos, parecia assustada.

— Me falaram que ela sumiu e algumas mulheres somem por que são... — Layla não conseguia falar.

— Mortas? — Layla concordou com a cabeça. — Senhorita Layla, eu não faço mal a mulheres e crianças. Costumo apenas fazer justiça por elas, sua mãe não está morta, está em nossa casa e estamos indo pra lá.

— Sua casa?

— Sim, poucos homens são tão covardes como Agnaldo, ele vendeu sua mãe. Ela foi para o submundo, perguntei como ela iria pagar a dívida. — Layla se assustou um pouco pensando coisas horríveis — Ela disse que não teria dinheiro então dei a ela a opção de se vingar daquele crápula ou ir embora.

A garota do CapoOnde histórias criam vida. Descubra agora