Capítulo Sete: Videoclipe

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Permitiram. Era ridículo.

- Acho que podemos abusar dessa oportunidade. – foram as palavras de Menezes.

Eu não via o motivo. Achava ridículo. No mesmo dia, eu fui correndo avisá-los.

- A letra é perfeita. – meu avô comentou. Acreditem até mesmo ele.

Até você, Brutus. Pensei. Mas, de fato, a letra era incrível. Não sei o que Mel comia ou fazia para ter inspiração para compor, mas ela havia feito uma música muito bonita. Combinava bastante com a entrevista de Minako. Combinada comigo e com qualquer mulher guerreira.

- Pode dizer que vai. – meu avô falou. Eu ainda quis discordar. Ninguém me ouviu. Na verdade, o senhor Fagundes já ligou para o Adam e o comunicou. Como se eu não pudesse fazer isso. Mas, ele fez isso mesmo. – Quando acabar as suas provas, você vai gravar o vídeo.

Era real. Eu ia atuar. Não conseguia acreditar. Acho que clipes não são tão difíceis de atuar, certo?! Certo?

Bem, meu avô e Menezes não me responderam isso. Nem mesmo a Patty, quem achou o máximo, me respondeu. Ela estava viva e apaixonada pelo tal de André da balada. Ele fez o café da manhã e ainda a chamou para ir no cinema. Era bom que ela esquecia o paspalho, mas era tão óbvio que não tinha futuro uma relação de balada... Bem, eu não disse nada. Deixei ela curtir.

Nem Vera quis me dizer. Ela só disse que se eu me tornasse melhor no meu andar, meu portar e sentar, eu já ganhava pontos como atriz. Mas, nem treinamos isso. Ela só me fez fazer Ague-Zuki, um golpe de caratê, duzentas vezes. Acho que era o Caratê que a ensinou a ser tão insistente... Pelo que eu pouco entendi da arte marcial era que a insistência e persistência em treinar era algo constante. Era a busca da perfeição do golpe. Mas, acho que ela viu muito Karate Kid porque eu parecia o Daniel-San e Vera era o Mestre Miyagi. Dava para imaginar que essa velhota anã podia me derrubar puxando um braço? Ela era algum robô maligno. Eu tinha certeza.

- Isso parece divertido. – Gabriel comentou ao mesmo tempo que amassava a massa do pão. Eu finalmente estava fazendo pratos! Já até me sentia uma mestre-cuca. De lavadora de pratos oficial a fazedora de arroz. Eu estava evoluindo e era real. Era incrível! Mesmo que eu estivesse ainda mais com raiva de Lebisky, aquele monstrinho de chef. Mas, ele estava pirando com a tal competição de doce. Ia ser logo depois que eu gravasse o clipe. As primeiras filmagens iam rolar no próximo sábado. E eu até estava ficando animada. Apesar de achar meio ridículo eu ser a personagem. Sem falar que era bizarro me envolver com a doida da Mel. Desconsiderando que eu meio que namorei o Adam. Era algo estranho! Minha vida toda era absurda e estranha. Era um fato.

- Pode ser. – foi tudo o que eu consegui responder. – E o seu doce? O que fará afinal?

Gabriel piscou um dos olhos e só sorriu. – Segredo. Venha me assistir.

- Irei. Até porque sou obrigada. – falei rindo. Ele riu também. Lebisky mataria qualquer um que não fosse ver Gabriel na competição.

- E você está nervosa para gravar esse clipe?

Virei os olhos. – Nem me lembre.

A semana passou com mais provas e entregas de trabalho. Entre as aulas e o trabalho e as aulas de Vera, eu e Pedro nos víamos.

- Hmmm... – foi o que ele disse depois de me beijar e eu ter contado que ia atuar no clipe de Mel. – legal! – ele encostou a sua testa na minha, como se não tivesse força para suportar sua cabeça sem um apoio. Depois de alguns segundos, pensou melhor e me beijou de novo. Aí se afastou e me olhou com seus olhos preguiçosos e semicerrados, como se fosse muito esforço abri-los.

A Herdeira - Quebrando as regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora