Recapitulando...

627 66 9
                                    

Oi, queridos, aqui quem fala é a Carolina, ou melhor, a Cacau. A gente não se fala há tanto tempo que até eu esqueci minha própria história. Afinal, o que eu fiquei fazendo nesses últimos tempos? Eu casei, tive três filhos, virei instagrammer, parei de trabalhar no hotel, abri meu próprio negócio, viajei para a lua três vezes, virei amiga íntima da Beyonce e agora eu sou uma empresária de sucesso. A história terminou e eu agradeço pelo imenso apoio...

"- Carolina, - eu o encarei. – quer casar comigo?"

Opa... Brincadeirinha. Nada disso aconteceu. Vocês acham mesmo que eu ia dar esse imenso pulo? Não! Eu vou continuar de onde paramos mesmo, nessa frase malandra e muito impactante para se parar a história. Ouvi rumores que quando o capítulo termina de modo impactante chama-se Cliffhanger, ou seja, à beira do abismo, uma situação no ápice do limite, um dilema, um confronto... Uma verdadeira falta na cara da escritora de terminar a história desse modo e sumir, não é mesmo?

Como ela pôde me deixar todo esse tempo com essa frase e sumir? Jesus, olha ainda bem que eu vivo na mente dela, senão, eu teria um treco e já teria dado uns socos nessa mulher. Mas, depois disso nós nos desentendemos. Ela queria uma coisa e eu queria outra totalmente diferente para mim. Ficamos num imenso conflito que durou meses e, de uma hora para outra, acabou. Agora nós estamos falando a mesma língua. Parece que voltamos a nos conectar. Acho que o tal branco e falta de imaginação dela sumiu. Ela teve várias coisas para lidar nesse tempo, mudou de emprego, primeiro ano vivendo com o namorado, cuidando da saúde, tentando não enlouquecer nessa sociedade doida que vivemos hoje, entre outras coisas. Só que ela não queria escrever um capítulo e sumir de novo por falta de imaginação. Então, ela escreveu alguns capítulos reservas, para garantir ao menos uma postagem por mês. Está de brincadeira, não é? Só um por mês? Eu questionei. E ela disse que preferia deixar assim do que ficar mais um ano e tanto sem postar. Como não quero ficar longe de vocês, fui obrigada a concordar com essa condição.

Só que faz tanto tempo que eu falei: Pera, sua maluca, como você vai voltar do nada e não fazer uma recapitulação? Eu esqueci o que já vivi de tanto que você demorou. Então, ela concordou, vamos relembrar o que aconteceu na minha vida nos últimos tempos sem muita ordem cronológica, mas o suficiente para vocês pensarem: nossa, isso aconteceu!

Como sabem, tudo começou quando eu perdi minha mãe, Selma, para um incêndio que aconteceu no prédio no centro da cidade em que ela tinha uma lojinha de roupa. Fiquei dois meses sem pagar as minhas contas após a morte dela, porque eu não estava acostumada a ser responsável. Descobri que sou neta de Ângelo Fagundes, um dos caras mais ricos na indústria de hotelaria do país. Caso comprovado por teste de DNA e com documentos refeitos para incluir meu pai como meu pai (antes era pai desconhecido) com ajuda de Margot, advogada meio maluca de meu avô. Quase fiz o secretário pessoal dele, Carlos Menezes, mais conhecido como Menezes, ser preso por sequestro quando descobriram meu paradeiro. Mas, no fim eu e Menezes nos aproximamos muito e hoje, eu o considero quase como um pai (só não contem isso para ele). Ele quem cuidou do túmulo da minha mãe, enquanto eu juntava forças para finalmente visita-la no cemitério e quem sempre cuidou de mim também. No meio disso tudo, o meu ex-ficante (rolo de anos sem namorar) da época em que ainda não sabia que era famosa, Fernando, quem meio que me ignorou e fugiu quando eu mais precisava, casou-se com a professora de Pilates e depois se separou e quase um ano depois veio se hospedar no meu futuro hotel. Outra pessoa que me ajudou e sempre me deu apoio foi Patrícia, ou melhor, Patty, minha melhor amiga de todos os tempos! Até hoje, não sei como posso agradecer por ter uma amiga tão boa – mesmo quando eu não sou tão boa como ela é boa comigo. Desculpa, amiga!

Também conheci meu primo de segunda grau, Leon Fagundes, por quem tive ódio à primeira vista. Nós nos odiávamos. Ele era noivo de uma das atrizes mais famosos do país, Joyce Lee. Eu acabei fazendo uma festa e quebrando um vaso que me gerou uma dívida imensa e fez meu avô me fazer trabalhar como camareira. Foi legal porque conheci a Elza e a Maria que me ajudaram muito! Eu decidi voltar a estudar aos vinte e cinco anos porque eu não queria permanecer na inércia que me encontrava. Com a ajuda do meu priminho, consegui estudar muito e relembrar coisas que nem lembrava porque era muito vagabunda no colégio. Mesmo a gente disputando a herança de meu avô (com ele ainda vivo e incentivados pelo mesmo). Porque até eu chegar, Leon seria o sucessor de meu avô. Mas, quando eu cheguei apareceu a única concorrência para Leon. O que obviamente fez ele me odiar também no primeiro olhar.

A Herdeira - Quebrando as regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora