Naquela noite, quando fui recebida pelo Severo na casona do meu avô, eu já sabia que aquela noite seria um desastre completo. Não foi porque havia um silêncio constrangedor no ar, foi porque assim que abrir a porta do salão de jantar, eu vi todos os olhos em mim. Com medo de ser julgada, eu comprei um vestido pérola e saltos dourados, ainda coloquei uns brincos banhados a ouro e meu mais novo, charmoso e lindo anel de noivado que brilhava no meu dedo esquerdo anular. Entrei pisando firme e Leon apareceu do meu lado e me puxou pela mão.
- Estávamos te esperando. – ele disse sorrindo. Parecia tão animado. Quer dizer, os olhos estavam brilhando, um sorrisinho de lado, as pontas do dedo gelados de nervoso, foi como eu interpretei esses sinais.
Na mesa, já estava meu estimado avô, Menezes, Jacqueline, Belle, Vera, Margot e Minako. Pelo visto, eu era a última a chegar. Queria que Patty estivesse presente num dia como o dia do meu noivado, mas ao ver Minako entendi que essa pequena reunião familiar intimista, provavelmente seria noticiado por aí. Era bom para aumentar a quantidade de seguidores que eu tinha em minhas redes sociais.
- Desculpe pela demora. – eu falei e me sentei ao lado de Leon.
Não comentei que vim de táxi, gastando um dinheiro que eu nem deveria, afinal eu ainda estava bancando o maldito vaso da festa que dei no meu primeiro dia no Hotel. A festa saiu um pouco do controle. Lembrei do Leon aparecendo e acabando com a minha festa. Naquele momento, eu nunca poderia imaginar que estaríamos noivando. Afinal, ele estava noivo de Joyce.
- Pode começar a nos servir. – meu avô comentou para Severo. O mordomo muito fiel, só assentiu e saiu pela mesma porta que entrou. - Enquanto, aguardamos as entradas, gostaria de saber mais sobre essa novidade dos dois pombinhos. – ironizou meu avô. Os olhos azuis fuzilavam eu e Leon. Se fossem lasers, teríamos dois buracos na testa cada um.
- Bem, - eu comecei, mas parei ao ver Minako com uma câmera nas mãos. – imaginei que seria uma reunião familiar íntima sem alardes.
- É mesmo? – meu avô cruzou os dedos e colocou sobre a mesa. – Não acho que devem ter pensado muito sobre a situação. Afinal, não existe maneira alguma de ser uma situação intimista e sem alardes.
- Impossible. – Belle resmungou. Ela estava muito bonita, mesmo não querendo estar presente. O seu rosto cheio de azedume denunciava essa vontade.
Já Jacqueline parecia muito animada.
- Oui, maman! – Jacqueline falou e bateu palmas. – Nenhum noivado precisa ser feito sem alardes! Nous devons avoir une grande fête! (Nós temos que fazer uma grande festa!) – ela parecia muito sonhadora. – Temos que ver a data, o horário, os convidados, o vestido... Oui, oui, oui, la fête de mariage sera merveilleuse (a festa de casamento será maravilhosa).
Quase eu me empolguei com as palavras de Jacqueline. Eu podia não entender tudo o que ela estava falando, mas dava para ver que era a pessoa mais feliz daqui, além de mim e de Leon. Talvez, Minako estivesse feliz também. Ela parecia animada pela exclusividade. Vera também parecia feliz, eu vi pelo jeito que ela sorriu olhando para mim. Mas, um minuto depois, ela voltou a fazer a sua habitual cara de séria.
Olhei para Margot, o que ela estava fazendo aqui? Já íamos assinar algum papel pré-nupcial? Afinal, eu entendia, ela vir no ano novo, natal, em festa assim, mas como convidada para o meu noivado? Ok, ela que tinha ajudado e tal... Mas, sei lá! Havia algo estranho nessa história.
- Fagundes, eu e a Carolina pretendemos nos casar. Eu queria ter a sua benção e a da minha mãe. – Leon não dormia no ponto. Enquanto, eu ficava matutando coisas que nem ao menos faziam sentido, ele já foi falando sobre o principal motivo de estar reunidos. Até porque era muito raro eu vir na casa de vovô.
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A Herdeira - Quebrando as regras
Chick-LitCacau está num nova fase de vida: faculdade, trabalho e aulas de etiqueta. Tudo parece certo e encaixado... Se ela não fosse tão fora de si e tivesse disposta a quebrar todas as novas regras que precisa aprender. Ela não só foi presa no primeiro de...