Capítulo trinta e dois: Segurança Máximo

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- Carolina, - eu o encarei. – quer casar comigo?

Eu fiquei olhando para o seu rosto sem saber muito bem o que dizer. O que ele queria dizer com casar? Fiquei pensando se havia algo que eu não havia entendido. Meu corpo paralisou. Eu tinha vinte e seis anos e há menos de dois anos atrás eu nunca havia de pensar na menor possibilidade em me ver casada. Mas, com Leon era diferente. Eu queria estar com ele para sempre. Para sempre significava casar? A palavra casamento flutuou entre nós dois. Ele também me encarava com seu olhar azul. Nem conseguimos piscar. Será que nesse caso o meu silêncio podia ser aplicado ao ditado de quem se cala, consente? Aliás, ditado que eu não tinha certeza se apreciava. Antes que eu pudesse responder, o celular de Leon tocou. Tenho certeza que meu silêncio foi menos do que dez segundos, mas que parecia ter sido no mínimo uma hora. Ele atendeu ao telefonema e pediu para a pessoa do outro lado da linha esperar.

- Depois conversamos. Qualquer coisa me liga, eu volto hoje à noite. - disse para mim, beijou minha testa e saiu do quarto.

Ele jogou uma bomba e saiu correndo. Foi o que eu senti. Queria dizer algo, mas as palavras não saíam. Como era difícil algo me calar. Entretanto, parecia que eu estava no meio de uma prova e havia me dado branco total. Mesmo após ele sair, eu demorei para reagir. Depois de alguns minutos parada olhando intensamente para a porta sem saber o que fazer ou o que esperar, eu me troquei e sem comer nada eu fui para o meu posto de trabalho no hotel.

-Tudo bem? - Perla e Aline me questionaram em uníssono. Eu assenti e menti que havia acordado com cólicas, por isso, não havia ido para a aula. Elas se entreolharam sem acreditar muito em mim. Mas, perceberam que nenhuma palavra seria tirada de mim e começaram a falar sobre alguma fofoca aleatória. As horas passavam devagar.

No meio da tarde, Menezes me chamou. Eu pedi licença e o acompanhei. Na verdade, só quase um dia depois de tudo o que havia acontecido eu comecei a me sentir exausta e meio confusa. Não era por menos. Eu havia conseguido acreditar em alguém, ser drogada, sequestrada pela segunda vez, ameaçada de morte, visto alguém levar um tiro pela primeira vez, transado e sido pedida em casamento. Sinceramente parecia que as coisas não estavam em seu devido lugar.

-Como ele está? - não que eu me preocupasse com o Sebastian. Na verdade, ele era um pé no saco. Mas, ninguém merecia levar um tiro. Ainda da própria irmã mesmo que ela não tenha querido atirar nele, e sim, em mim.

-Está bem. Não se preocupe. Sebastian vai sobreviver e, infelizmente, não vai pagar pelos seus erros.

Menezes me surpreendeu com essa frase. Lembrei vagamente sobre a conversa do pai deles e do vovô. Parecia que havia um acordo entre eles.

- E ela?

- Rosa vai tirar um tempo para refletir.

- Como assim?

- Reabilitação... Acho que podemos chamar assim. - Menezes deu um sorriso triste. - E você?

Ele não perguntou se eu estava bem. Não havia como estar bem.

- Sem entender tanta coisa ao mesmo tempo.

Ele colocou a mão no meu ombro e deu um sorriso de apoio. Chegamos ao escritório do vovô.

- Aliás, o que estamos fazendo aqui? - eu quis saber.

Ele não respondeu, abriu a porta e me deu licença para entrar primeiro.


Meu avô conversava com ele de uma forma até simpática. O homem-muralha estava com os braços cruzados na frente do peito e assentia com a cabeça. quando parei de andar, os dois me encararam.

A Herdeira - Quebrando as regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora