Capítulo Doze: Emoção

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Afinal, no fundo você só queria dizer que ele é um pinguço maldito que encheu a bexiga de álcool mais caro que há em qualquer restaurante do mundo e depois de foder o fígado, urinou tudo na privada do Hotel.

Sorria mesmo quando todos parecem chegar ao mesmo. O que foi isso? O fretado Panthera Hotel? Todo mundo veio de excursão se hospedar ao mesmo tempo? Como? Sorria caso seja de fato uma excursão, ou melhor, um simpósio médico ou qualquer coisa parecida ao mesmo tempo. Sorria mesmo quando você vê um monte de pessoas que mais parecem zumbis se atracando no balcão, enquanto esticam suas mãos cheias de garras e gritam: Minha chave, check in, check out e uma bebê chore ao fundo.


Quem diria que o balcão da recepção do hotel era tão animado? Eu estava animada por finalmente vestir um uniforme decente: camisa branca de manga longa com botões azuis na manga. Um colete preto e uma saia lápis que ajudava a me valorizar. Um coque despojado na cabeça e muita maquiagem na cara. Sem contar as meias-calças pretas e o salto alto. Eu me sentia em por uma roupa para pegar no batente pela primeira vez. Era incrível. Totalmente incrível.

As outras duas mulheres que ficavam comigo no mesmo turno eram engraçadas. Uma era ruiva tingida chamada Perla e tinha olho preto. Era um belo contraste. Ela era mais baixa do que eu, mas tinha um corpo lindo. A outra era Aline, branca que nem um rato, sempre de batom vermelho. Magrela, de cabelos negros e um sorrisinho safado. Fora do turno fumava que nem uma chaminé. Mas usava tanto perfurme francês que mal dava para notar o fedor de nicotina que normalmente se emana de quem fuma como se fosse mais necessário do que respirar. Descobri que hóspedes e funcionários morriam de amores por elas.

Mas, eles nunca conseguiriam nada! Porque as duas eram namoradas. Acreditam? Achei o máximo. Elas eram engraçadas e bastava uma hora com elas para ver o melhor casal do mundo. Nos outros turnos haviam mais três pessoas dois homens e uma mulher que eu ainda não conhecia. Mas, lembrava de vista. Todos nós fazíamos rodízios com os horários. Só o meu era fixo porque eu era a única que estudava ainda.

- Cabritinha, - Aline falou. Finalmente a recepção estava mais calma. - você está mandando bem. Ok, que quase errou a chave de novo. Mas, está progredindo.


- Valeu.


- Valeu nada, vai ter que nos pagar com o seu corpo. Vamos fazer um Ménage à trois.


Das dez primeiras vezes que ela me disse isso, eu corei. Uma semana depois de trabalho, eu já havia entendido que era o jeito dela. Elas adoravam me convidar para algo sexual. Vamos fazer menage, voyuer, sm, e entre outras mil coisas que aprendi rapidamente a rir e ignorar.


- Se você me ignora, me entristece.


- Ela triste é um pé no saco. - Perla falou rindo e olhando de forma apaixonada para a namorada.


- Desse jeito vão dar bandeira. - brinquei.

O bom de trabalhar na recepção é que nós momentos menos tensos era tranquilo. Mas, nos tensos eram verdadeiros infernos.

Aline colocou a mão no meu ombro. - Cabrita, pense, nós três. Seria um estouro. Pense com carinho no nosso ménage, por favor. - Ela insistiu. Eu poderia dizer que isso era chato. Mas, era engraçado. Porque normalmente Aline fazia isso para irritar Perla, que nesse momento virava e dizia para parar de forma risonha, mas que dizia melhor não abusar da sorte para o amor dela. Porque elas se amavam com toda a certeza desse mundo.

- Interessante saber disso. - Perla não conseguiu dizer nada sobre ciúmes ou para parar. Porque a voz dele nos tirou da brincadeira. Nós três nos viráramos ao mesmo tempo.

A Herdeira - Quebrando as regrasOnde histórias criam vida. Descubra agora