Bella acordou, mas ao mesmo tempo não acordou. Era como se estivesse sonhando, mas em vez da Bella-dos-sonhos estar presente, era a Bella-real. Ou algo assim. Ela realmente não sabia como descrever. Ela piscou os olhos e se viu sentada em uma velha poltrona de madeira.
Ela observou o ambiente. Ela estava em um quarto desgastado no que parecia ser algum tipo de cabana. Havia duas janelas com as cortinas fechadas, deixando entrar tênues fios de luz branca. Não havia poeira, e a cama parecia ter sido usada recentemente. Onde quer que ela estivesse, era um lugar usado e habitado.
Demorou até sua terceira varredura no quarto para perceber que não estava sozinha. Sentada em outra cadeira do outro lado do quarto, havia uma figura envolta em sombras. Bella pulou na cadeira, não por medo, mas pela expectativa de medo. Ela esperou pelo pânico, pela náusea, pelo pico de adrenalina com a presença repentina de uma figura escondida, mas isso nunca aconteceu.
Em vez disso, a presença da figura a encheu de uma familiaridade quase calorosa.
Embora não pudesse ver o rosto da figura, sabia que ela estava olhando para ela. E quando olhou de volta, percebeu que, embora as cortinas estivessem fechadas, a falta de luz não era a razão pela qual não conseguia vê-la muito bem. Os finos raios de luz que vinham através das cortinas estavam cruzando bem sobre a figura.
Não, em vez disso, ela parecia quase... pintada em sombras. Quando Bella olhou mais de perto, pôde determinar que a figura era feminina por natureza, mas, além disso, não conseguiu distinguir nenhuma outra característica. Ela parecia ter cabelos longos e uma forma fina e um tanto curvada. Suas pernas estavam cruzadas e suas mãos estavam gentilmente entrelaçadas em seu colo.
Depois de um momento, a figura pareceu perceber que Bella podia vê-la, e Bella viu a única característica que conseguia distinguir em seu rosto. Uma boca, que gentilmente se transformou em um sorriso. Quase parecia emitir a mesma luz branca suave que ela podia ver entrando pelas frestas das cortinas, mas fraca e nebulosa.
E o sorriso parecia familiar.
Era o mesmo sorriso que Charlie lhe dava quando ela chegava em casa mais tarde do que ele esperava e ele estava preocupado com ela, e quando a via ele sorria daquele jeito; aliviado por ela estar bem, segura e em casa.
Era o mesmo sorriso.
Bella estava prestes a falar quando a sombra falou primeiro, e as palavras que saíram da boca dela foram quatro palavras que Bella tinha quase certeza de que nunca tinham sido ditas a ela antes em sua vida.
– Estou orgulhosa de você – a sombra disse calmamente. – Você fez um trabalho maravilhoso.
A figura se levantou lentamente da cadeira e caminhou até Bella, ajoelhando-se no chão na frente dela. A maneira como se movia era quase como se fosse sólida e líquida ao mesmo tempo, fluídos demais para serem inteiramente sólidos, mas coesos demais para serem feitos de algum tipo de tinta viva. Bella teve a nítida sensação de que deveria ficar nervosa, mas em vez disso ela simplesmente olhou fixamente enquanto a figura se ajoelhava e olhava para seu rosto.