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SEXTA FEIRA, 1978

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SEXTA FEIRA, 1978

Eu e Vance ficamos por algum tempo nos encarando, engolindo em seco, finalmente percebendo as merdas que fizemos lá na escola. Quer dizer, eu não fiz merda nenhuma, ele que fez! Eu desvio meus olhos para o chão e lambo meus lábios com nervosismo.

—Então...— Eu tento começar, mas o loiro mais alto logo me corta.

—Eu já vou indo.— Vance fala e passa por mim. Minha boca se abre para falar algo, mas nada sai. Eu a fecho, engolindo em seco enquanto observo o loiro se distanciar. Minhas mãos vão ao bolso do meu casaco, pegando a pequena caixinha, a olhando de forma frustrada. Eu quero ir atrás dele, mas meus pés parecem pregados no chão.

Um suspiro áspera sai dos meus lábios e eu me viro, seguindo meu próprio rumo. Enfio a caixinha de volta no bolso e a deixo ali, mas minha mão acaba esbarrando em outro objeto, uma folha de papel. Eu a pego com estranheza, já que não me lembro de ter deixado nenhum papel no casaco que não fosse proposital. Eu sou uma pessoa até que limpinha pras minhas condições psicológicas. O papel, melhor dizendo, planfeto, entra no meu campo de visão, ne fazendo franzir as sombrancelhas pela primeira impressão, mas logo reviro os olhos. Era o planfeto da psicóloga que meu havia falado no nosso último encontro. Por um lado, eu não quero outra psicóloga robótica que apenas fica com as mesmas perguntas idiotas de "como você se sente sobre isso?", isso enche a porra do meu saco, mas por outro lado, eu não tenho nada a perder mesmo. Eu olho para o endereço no final do papel e suspiro. Não é tão longe daqui, mas ainda assim não é perto. Eu viro o papel, vendo o número de meu pai escrito no verso. Merda, ele nem ao menos vai vir falar com a mulher, vai fazer tudo pela porra do telefone. Foda-se esse caralho também!

Começo a andar em direção a rua mencionada no planfeto, suspirando enquanto o clima parece esquentar. O sol brilha no céu com intensidade. Me lembro que em dias como esse, meu ex, James, costumava me levar pra piscina da casa dele quando tínhamos 13 anos. Era divertido, não vou negar. Griffin também já me acompanhou algumas vezes, e, como minha mãe não estava com tanto ódio de mim naquela época, lembro de ela preparando as nossas mochilas com as roupas de banho, boias infláveis e muito protetor solar. Um sorriso surge ao meu rosto com a lembrança. No mesmo momento em que penso isso, sou interrompida por uma risadinhas altas vindo de uma das casas da rua. Eu olho disfarçadamente, vendo um bebezinho de fralda brincando com a mãe naqueles irrigadores de jardim. Eu odeio crescer, isso é uma merda fudida.

Depois de um tempo caminhando, eu chego no endereço da psicóloga. Eu subo os três degraus da escada e fico encarando a porta. Respiro fundo, esticando meu dedo indicador até a campanha, e a aperto com relutância. Me afasto rapidamente, como se aquilo tivesse me dado um choque. A vontade de correr é imensa.

—Ja vai!— Uma voz masculina grita ali de dentro. Eu engulo em seco, tentando manter a respiração controlada. Não demora mais que um minuto e aporta é aberta, revelando um garoto com aparência asiática, com pele clara, cabelos pretos, e as iris escuras me observando com um sorriso simpático. Eu quase recuo ao vê-lo.— Pois não?— Ele me olha mantendo o sorriso. Espere- Puta merda, é a porra do Bruce Yamada.— Posso ajuda-la?

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