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QUINTA FEIRA, 1978

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QUINTA FEIRA, 1978

Meus olhos encaram a mulher morena a minha frente, cerrando meus dentes de raiva ao escutar sua voz rouca por conta do cigarro me negar a entrada na enfermaria do colégio. Normalmente a enfermeira Marie é legal e doce, mas é sempre muito rígida com as regras que a diretoria impõe, o que me faz ficar dividida entre odiar ela e amar ela. Apesar de que algum tempo atras ela vendia medicamentos prescritos pra algumas pessoas. Minhas unhas arranham meu braço, numa tentava de aliviar minha raiva. Bem, não funcionou, nem um pouco.

—Eu entendo sua frustração, Elizabeth, mas a coordenadora não está permitindo que qualquer pessoa além dela entre na sala.— A mulher fala, passando as pontas dos dedos sobre as têmporas com uma expressão bastante cansada.

—Espere, ela está aí dentro?— Meu coração afunda com as diversas possibilidades de que ela possa estar ciente do motivo da briga. Se acalma. Esta tudo bem, porra, respire!— D-Do que eles-

A porra do timing perfeito.

A porta é a berta pela mulher alta e esguia com sua aparência de sempre, séria e intimidante, e particularmente assustadora. As vezes... eu olho para ela e me lembro da minha mãe, sempre te julgando com o olhar, te odiando, geralmente não deixando claro, mas você consegue sentir pela forma como ela te olha como um pedaço de merda. Acho que eu nunca irei superar tudo o que minha mãe já me fez. Ela irá me assombrar para sempre, como um demônio, e eu nunca conseguirei odiar ela. A coordenadora me olha com uma carranca séria, o que faz meu coração disparar junto a minha respiração entre cortada. Ela sabe. É óbvio, dá pra ver na cara dela.

—Senhorita Stagg, eu preciso que você venha comigo, por favor.— Meus olhos se arregalam, mas a mulher apenas me dá as costas esperando que eu a siga. Eu olho para Marie de forma inconscientemente, buscando por ajuda, mas ela está alheia a tudo.

Eu a sigo de forma relutante, sentindo minhas mãos ficarem suadas pelo nervosismo e minha respiração acelerar, junto a adrenalina da ansiedade. As poucas pessoas que estão no corredor me olham, curiosas com a minha situação de merda. É como se todos eles soubessem tudo sobre mim, meus medos, vontades, tudo, e isso faz meu estômago embrulha. Apesar da sensação ruim que eu sinto, continuo a seguir cautelosamente a mais velha, mas ainda sentindo a ansiedade me dilacerar, como eu já fiz com meu braço algumas vezes. Eu tão cansada, e parece que eu vou vomitar a qualquer momento. E esse sentimento rasteja pela minha barriga até a minha garganta, me fazendo querer vomitar tudo de uma vez. Merda, eu faria de qualquer coisa pra isso passar. Eu até que me lembro da primeira vez que esse sentimento surgiu, quando ele estragou neu dia pela primeira vez... Faz tanto tempo, me pergunto o porquê de ele ainda me acompanhar, e se um dia ele vai morrer, ou sinceramente, me matar. Chegamos até a sala da diretoria. Meu estômago apenas se embrulha mais, enquanto as palavras ficam presas na minha garganta junto ao choro, e os pensamentos inundam a minha cabeça. A mulher fala algumas coisas com a voz monótona, mas não processo as palavras, apenas me sento em uma das cadeira da recepção enquanto espero algo acontecer. Meu polegar vai em direção à minha boca, e eu começo a mordiscar a pele morta para ter algo em que focar. Eu espero por um tempo, já com o gosto metálico do sangue do meu polegar em meus lábios, tentando controlar minha respiração acelerada enquanto a coordenadora permanece na sala do diretor.

—Senhorita Stagg?— A voz da mais velha chega aos meus ouvidos. Eu engulo em seco. Tento murmurrar um "Sim?", mas nada sai da minha boca.— Pode entrar, por favor.

Eu me levanto e caminho cautelosamente, adentrando a sala fria do diretor. Encaro timidamente o rosto com as marcas da idade avançada do diretor, tentando não ficar mais nervosa do que já estou. Ambos trocam olhares, como se conversassem silenciosamente sobre a minha situação de merda.

—Elizabeth Stagg, estou certo?— O diretor pergunta. Timidamente aceno com a cabeça, fingindo que não sei do que se trata.— Devo presumir que você saiba o motivo pelo qual está aqui, senhorita Stagg. No entanto, como você é de menor, só podemos falar sobre isso com a presença de um responsável-

—Chamaram minha mãe?— O espanto e preocupação em minha voz é nítido.

—Chamamos seu pai.— A cor do meu rosto some.

—Meu pai? M-Mas ele não mora aqui, ele mora-

—Ele disse que estava disposta a dirigir os 45 minutos de carro. Já deve estar na metade do caminho.

...

Puta merda.

Puta merda

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