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Quarta-feira, 1978

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Quarta-feira, 1978

O pânico se instaura em mim. Inconscientemente cubro minha boca com as minhas mãos para abafar minha respiração acelerada. Meus olhos vão em direção a porta do quarto de Vance, que é aberta com força, mas de forma silenciosa. O loiro põe sua cabeça para fora, fazendo seus cachos balançarem com o movimento. Ele me olha com desespero, como se silenciosamente me perguntasse o porquê de eu estar parada aqui, e eu apenas devolvo o olhar. Um suspiro escapa dos seus lábios finos enquanto ele caminha em minha direção a passos firmes, ao mesmo em que os passos de sua mãe se tornam mais próximos. Puta que pariu, puta que pariu. Puta merda que pariu! Vance agarra meu braço com um tanto de força, e eu o olho de cara feia, mas ele está olhando para frente, então não pode ver a vontade nos meus olhos que eu tenho de faze-lo engolir esse braço. Eu posso estar sendo chata, no entanto, as merdas de cortes estão espelhados por todo o meu braço  e outros lugares. Talvez ele nem esteja apertando tão forte, posso apenas estar sendo dramáticas já que cada pequeno aperto, mesmo que mínimo, parece fazer meu braço se dilacerar. O loiro me joga para dentro do seu quarto quase me fazendo perder o equilíbrio, porém, o mesmo se mantém do lado de fora.

—Vance?— A voz de sua mãe se torna mais perto. Eu novamente cubro minha boca com as mãos para abafar minhas respiração.

Ah caralho, era só o que me faltava, ficar presa na casa da porra do Vance Hopper porque ele é idiota o suficiente para me trazer aqui no mesmo horário que sua mãe está em casa! Idiota. Burro do caralho!

—Sim, mãe?— A voz de Vance se torna um tanto... feliz? Porra, não sei explicar. É como se seu tom de voz mudasse radicalmente por ele estar falando com a sua mãe. É fofo, confesso. Mas também, com essa ideia idiota de estar apaixonada por ele, o que eu não tenho achado fofo por parte dele.

—O que aconteceu? Você demorou muito pra responder, fiquei preocupada.— A mulher diz. Vance solta uma pequena risadinha. De forma automaticamente, aquela sensação invade meu estômago, e isso parece até fazer ficar difícil para respirar.

—Ah mãe, eu tava trocando de roupa, não devo ter escutado. Desculpa.— Vance Hopper pedindo desculpas... Cara, que coisa estranha de se ouvir.

—Tudo bem. Agora deixe-me ver meu lindo anjinho.— Os passos da mulher se aceleram em direção ao loiro. É algo tenso, pois ela pode acabar me achando, mas "lindo anjinho" fez eu ter que reprimir um sorriso.

—Não-

O loiro tenta negar fazendo um gesto com as mãos, mas a mulher apenas ignora. Uma bela mulher entra no meu campo de visão, com seus belos cachos castanhos e uma estatura até que alta. Ela abraça Vance com força, e ele retribui sem jeito, olhando diretamente pra mim. Eu deveria correr e me esconder mas a cena de mãe e filho me prende fixamente, já que ha tempo não tenho esse tipo de relação com a minha própria mãe. Na verdade, nossa relação nunca foi algo muito carinhoso e com várias demonstrações de afeto, mas pelo menos ela não me odiava como hoje em dia. Me pergunto como deve ser... Espero que as coisas melhorem algum dia. Algumas lágrimas escorrem pelas minhas bochechas, me fazendo ter que seca-las rapidamente. Meu coração parece doer com a perturbação das minhas emoções conflituosas. É como estar em mar aberto em meio a uma tempestade, com as ondas violentas tentando te puxar para um abismo no oceano, e você afunda. Eu desvio o olhar da interação à minha frente, tentando nadar para a superfície, mas as ondas estão muito fortes. As lágrimas continuam a fluir de forma silenciosa pelas minhas bochechas. Volto meu olhar para Vance e sua mãe. O loiro está me olhando com um misto de confusão e pena, a coisa que mais odeio no mundo. Eu não sou alguém digna de pena. Sua mãe se desprende do abraço, encarando o rosto do filho confusa. Ela se vira, rapidamente, ficando ainda mais confusa ao me ver sentada aqui. Limpo as lágrimas dos meus olhos rapidamente, engolindo em seco. Um milhão de coisas passam pela minha mente em fração de segundos por causa de um simples olhar da mãe do loiro. Porra, isso vai dar muita merda.

ALL I WANT | VANCE HOPPEROnde histórias criam vida. Descubra agora