Lie [KYLIA]

7. Red Wine Supernova

Kylie's POV

— Você vai ficar sozinha com ela? SOZINHA? — Milo perguntou.

Nós três estávamos caminhando pelos corredores, em direção ao estacionamento da escola, e é claro que eles não perdoaram e perguntaram sobre o que rolou na sala. Eu respirei fundo, mantendo o meu olhar para frente, tentando não transparecer a confusão que estava instaurada dentro de mim.

— Se o Jake sair, sim. Avi vai na casa de um amigo dele hoje. —  Eu respondi, tentando soar casual, mesmo que a ideia de ficar sozinha com Malia me deixasse nervosa de um jeito que eu odiava admitir.

Morgan soltou uma risada curta e balançou a cabeça, enquanto Milo me olhava com as sobrancelhas erguidas, claramente querendo saber mais.

— Isso é arriscado... Vocês duas estão brincando com fogo. — Milo volta a comentar.

Eu engoli em seco. Sim, eu sabia, mas havia algo nela que tornava a minha vontade de me afastar completamente nula, por mais que eu soubesse que Malia Baker era o perigo em forma de gente, eu queria saber até onde ela iria.

— Deixa ela, Manheim. — Morgan diz, estalando a língua e passando o braço pelos meus ombros. — Aproveita, fode muito e depois me conta como foi.

A fala de Morgan, por algum motivo, me fez arrepiar. A ideia de ficar sozinha com Baker me deixava ansiosa, uma ansiedade que fazia meu estômago se contorcer. Mas ao mesmo tempo, havia algo incrivelmente atraente nessa incerteza. Eu não conseguia distinguir se esse sentimento era bom ou ruim. Por mais desconfortável que fosse o frio na barriga, também havia algo, de certo modo, gostoso nele.

Minha ansiedade fez com que o caminho até em casa fosse muito mais longo do que o normal. Minha cabeça estava uma bagunça — nada novo —, e por isso não consegui prestar atenção no que Jake e Garrett estavam conversando. Meus pés batiam no chão em um ritmo acelerado, e o som ao redor parecia estar completamente abafado.

Pelo visto, meu irmão também ia ter visita em casa hoje. Isso era bom; talvez fosse uma distração que pudesse fazer Malia desistir de qualquer coisa que ela pudesse estar planejando. 

Ou não.

— Kyls, eu vou subir com o Garrett pra não atrapalhar no seu trabalho. Se precisar de algo, me grita. — Jake me lançou um sorriso carinhoso, subindo as escadas.

Eu queria gritar nesse exato momento.

Aproveitei o tempo que me restava para tomar um banho e descer mais confortável. Vesti um short legging preto e uma camiseta larga, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo casual. Meus livros já estavam espalhados pela mesa da cozinha. Bebi um copo de água, tentando me acalmar, mas foi inútil. Assim que a campainha tocou, um arrepio percorreu a minha espinha, como se meu corpo já soubesse o que estava por vir.

Fechei os olhos com força, puxando o ar e soltando, na intenção de soltar também o peso que caiu sobre mim, mas sem sucesso. Caminhei até a porta e a abri, dando de cara com Malia, vestida em uma jaqueta de couro preta sobre uma blusa justa, jeans rasgados e aquele sorriso provocador que me fazia querer fechar a porta imediatamente — ou puxá-la para mais perto. Segurava uma garrafa de vinho tinto na mão, balançando-a de leve, como se fosse uma piada interna.

— Pra quebrar o gelo, ou te deixar mais à vontade. —  Disse ela, erguendo a garrafa, os olhos brilhando com malicia. — O que vier primeiro.

Porra, ela não se intimidava por nada. Eu estava definitivamente fodida. Não respondi de início, dando espaço para que ela adentrasse a casa e fechando a porta atrás de nós.

— Bom, como o tema do trabalho é a evolução dos movimentos culturais ao longo das décadas, pensei que começar com uma linha do tempo visual fosse uma boa ideia. Podemos fazer isso no quadro branco da cozinha. — Eu disse, tentando manter o foco e dar uma estrutura ao nosso trabalho.

Malia levantou uma sobrancelha, claramente interessada, mas ainda mantendo aquele olhar provocador. Ela colocou a garrafa de vinho na mesa e se aproximou do quadro, começando a examinar o espaço disponível com um olhar crítico.