Malia's POV
8 de setembro de 2024
Eu já não tinha nem mais unha para roer, muito menos lágrimas pra chorar. Passei dias na tentativa de escrever um roteiro perfeito de como chegar em Kylie e abordar o assunto, mas o máximo que me ocorreu foi quase acertar um murro na cara daquela ruiva sem sal que está com ela agora.
Grunhi baixo, acertando o travesseiro que estava em meu colo no chão e me jogando para trás na cama.
- Porra! Por que amar tem que ser tão difícil? - Soltei, o peito martelando com uma força sobrenatural.
- Não precisa ser - Ruby diz, com suas pernas cruzadas e a calma de sempre. - Sabe quando você prefere explodir em vez de falar? Talvez seja hora de tentar o oposto.
Josh, que estava sentado no puff ao lado, se levantou rapidamente.
- Olha só, você não precisa ficar escrevendo textinho pronto na sua mente não, desgraçada. A merda quem fez foi você, e é nítido que se arrepende. - ele me atingiu como um soco no estômago. - Malia, só chega nela e diz tudo o que tá no seu coração, eu sei que tem muita coisa escondida aí.
Eu encarei o teto, minha cabeça girando mais do que eu pude controlar. Então, é essa a sensação de precisar de alguém? Meu coração está parado no sinal vermelho desde que ela disse que acabou.
- Mas... Mas e se o discurso da outra for melhor que o meu? - Encostei a cabeça no travesseiro novamente.
- Daquele projeto de Debby Ryan? Ah, amor, por favor. Quando que você se intimidou por uma novata? - Ele ergueu as sobrancelhas.
Josh tinha razão. De novo.
Eu respirei fundo e me sentei na cama, estendendo os braços para Ruby com uma cara de criança manhosa. Ela sorriu e avançou em minha direção, me dando um abraço apertado.
- Ele tem razão, Mali. - Ela me encarou. - Você precisa lidar com isso de frente se quiser a Kylie de volta.
Lidar com isso de frente. Sim. Essa era a única solução, e eu iria fazê-lo hoje.
[...]
Eram duas da tarde e eu estava correndo pelos corredores dos dormitórios, em direção ao de Kylie. Sentia como se algo estivesse entalado na minha garganta, e precisava finalmente externar tudo isso.
Quando parei em frente à porta, um turbilhão de pensamentos tomou conta da minha mente. E se ela não quiser ouvir? E se eu acabar piorando tudo? Mas uma coisa era certa: eu a amava, e precisava mostrar isso. Respirei fundo, meus dedos hesitantes quase tocando a maçaneta, quando a porta se abriu antes que eu pudesse agir.
E lá estava ela.
- Malia? - Kylie disse, surpresa, seus olhos fixando nos meus com uma mistura de confusão e algo que eu não consegui decifrar.
Por um instante, todo o meu ensaio mental desapareceu.
- A-ah, o-oi. - Engoli em seco. Vamo, Malia, sem vacilar dessa vez. - Precisamos conversar.
Kylie franziu o cenho, parecendo curiosa, ou até confusa sobre o que eu queria falar.
- Pode entrar. - Ela me deu espaço, e eu adentrei o quarto.
O ambiente estava quieto, exceto pelo som distante de vozes vindo do corredor. Meus olhos vagaram pelo espaço por um momento, capturando detalhes que eu não deveria notar: um moletom jogado na cadeira, o cheiro suave de sua loção. Minhas mãos estavam geladas, se apertando nervosamente uma contra a outra.
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Lie [KYLIA]
Genç Kurgu"Você mente incrivelmente bem, Cantrall." Kylie e Malia sempre foram opostas: Malia, a popular e comprometida líder de torcida, e Kylie, a independente e despreocupada outsider. Malia, acostumada a manter seu status impecável, não perde a chance de...