Campeonato

12 3 0
                                    

Eu estou no meio do campeonato nacional representando os EUA, minha classificação é a melhor, eu preciso de mais hoje pra conseguir a medalha. Eu começo a me alongar, meu corpo está fraco, o último corte que eu fiz embaixo dos pés está latejando, penso na minha família, no JK, no quanto está sendo difícil esse último ano pra mim, a distância que criamos, o amor que sinto por ele que eu tento matar todos os dias, eu me distanciei da minha família, de todos, meu pai parece que finalmente desistiu de me entender e já não insiste mais com tantas perguntas.

Os Juízes me chamam, o silêncio do estádio é ensurdecedor, a música começa e eu fico cega, cega de dor, cega de tristeza, cega de sede de vencer. Quando eu acabo, as pessoas gritam, choram, aplaudem.

Meu técnico me chama, gritando que vencemos, que vamos poder disputar as olimpíadas, eu não me mexo, sinto o mundo cair sobre mim, uma dor insuportável em todos os cortes do meu corpo, sinto meu coração desacelerar e desmaio.

......

Quando abro os olhos estou no hospital, fico meio perdida, olhando para os lados, vejo Li- Su.

Liz: Oi Li- Su, o que está acontecendo?

Li- Su: Minha nossa Liz eu achei que vc fosse morrer.

Liz: Morrer? E a competição?

Li- Su: Liz, já fazem três semanas que a competição aconteceu, vc estava em coma, eu vou chamar um médico e seu pai.

Liz: Meu pai?

Li- Su: Sim seu pai, até semana passada sua família toda estava aqui, mas a Senhora Jeon precisou voltar com o Jiho e JK os acompanhou. Liz, vc voltou a se cortar?

Arregalo os olhos

Li- Su: Liz, respira, é muita coisa pra assimilar, e eu tô falando demais.

Meu pai entra e começa a chorar, me abraça forte, liga para a Senhora Jeon e volta a me abraçar.

O médico entra e me examina, junto com ele tem uma psiquiatra.

Ele começam a falar um monte de coisa sobre problemas emocionais, e eu fico atordoada. Meu pai me olha com tristeza.

Depois de uma semana eu saio do hospital, meu pai me coloca no carro e me leva para o meu apartamento, quando chego  minhas malas estão prontas, na mesa tem os papéis de transferência da faculdade de Yelo para a de Seul. Eu o olho sem entender.

Liz: Pai? O que você fez?

Pai: Vc vai voltar comigo, nosso voo é daqui cinco horas. Te trouxe aqui pra se despedir de alguém caso queira, apesar de eu saber que você mal conhece ninguém. Que vive trancada aqui. A gente tem muito pra conversar Liz. Muito mesmo. Mas sua volta para Seul é algo indiscutível.

Liz: O senhor não pode fazer isso comigo

Pai: E o que vc anda fazendo com vc, pode? Eu sei que não fui o melhor pai, mas...

Ele chora

Liz: Isso não tem haver com o Senhor, é comigo.

Pai: JK conversou comigo, me contou tudo, ele está preocupado, estamos preocupados, vc se distanciou da gente, chega disso Liz.

Liz: Eu não vou voltar.

Pai: Eu não tô te perguntando, vc volta. Te respeitei e te dei espaço no hospital, mas agora chega. Se você não quer me falar o que está acontecendo, não precisa, mas você volta comigo, hoje ainda.

O caminho de volta é silêncio, quando chego no aeroporto de Seul a Senhora Jeon me abraça, eu sentia a falta dela, Jiho estava lindo. JK não estava.

Senhora Jeon: JK está na faculdade, ele não pode vir para Busan ainda, mas vai vir assim que der.

Eu faço que sim com a cabeça. Eu e JK não nos falamos há meses. Li- su me contou que quando ele me viu no hospital só sabia chorar. Que foi embora contra a vontade, que pediu várias vezes pra ele cuidar de mim.

Vou pra casa e meu pai me surpreende falando que posso ir pra nossa casa e ficar no meu antigo quarto, que ele havia limpado pra mim e que eles queriam que eu me sentisse bem.
Eu fui pra casa com eles e depois de deixar minha coisas lá, fui para o meu quarto antigo, agarrei meu travesseiro e chorei até pegar no sono.

Já fazia uma semana que tinha voltado, JK não tinha nem me ligado pra falar comigo, mas eu sabia que ele ligava todo dia pra falar com a Senhora Jeon. Eu não falava muito com eles, meu pai não deixava eu sozinha por muito tempo, eu já tinha ido a alguns médicos e meu pai já tinha marcado psiquiatra pra mim.
Eu faço Jiho dormir e vou para a minha casa antiga, subo no meu quarto e  abraço o travesseiro,  sei que logo meu pai vai vir atrás de mim, começo a lembrar de como era minha vida antes, de quando eu e JungKook éramos amigos, de quando eu era feliz, então eu choro,  choro muito e a necessidade de me cortar é imensa, mas quando lembro do rosto triste e preocupado das pessoas que moram na casa ao lado eu tento ser forte. O que eu estava fazendo da minha vida? Onde me perdi tanto?

VizinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora