Adolescentes são um saco

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— Aceita uma água? — Mesmo perguntando, Minjeong já enchia o copo do homem.

— Obrigado — Ele sorriu simpático — Acho que ainda não fomos bem apresentados, meu nome é Kiwoo.

— Minjeong — Retribui o sorriso.

Depois de Karina ter corrido igual um raio pela vizinhança, ficou com tanta pena do mais velho que o convidou para entrar, ofereceu uma água, alguma coisa que quebrasse o clima de merda que ficou. Ele se sentou na mesa da cozinha, mas a Kim ficou de pé, apoiada no balcão.

— Acha que ela vai voltar? — Perguntou meio incerto, batendo os dedos no copo.

— Depende — Minjeong suspirou e passou a mão na parte de trás do pescoço, já sabendo que não seria fácil — Quando alguma coisa chateia a Karina ela some.

— Acha que ela ficou chateada?

A garota sorriu irônica.

— Bem, você passou uns anos fora, né cara — Enfiou as mãos no bolso — É óbvio que ela não curtiu muito a ideia de te ver.

— Não foi porque eu quis — Kiwoo esfregou os dedos no cabelo — Com a Minhee me jogando na justiça ela conseguiu uma ordem de afastamento, e no divorcio ficou com a guarda da Katarina. Eu não podia chegar perto dela sem ser ameaçado com uma arma no meio da cara.

Minjeong amoleceu a testa franzida, ele parecia realmente triste. Talvez ele fosse de fato um bom pai.

— Sua ex é louca — Apoiou as mãos no balcão atrás de si — Eu também fui ameaçada por ela com uma arma.

— Então eu não preciso ficar aqui descrevendo o quão horrível foi essa época da minha vida — Bebeu um gole d'água — Você sentiu na pele, pelo que diz.

— Infelizmente — Sentiu um arrepio passar pela espinha só de lembrar do dia que a Yu mais velha abriu a porta e encontrou ela e Karina na casa — Mas sei lá, você poderia ter tentado se aproximar dela de outras formas.

— Eu tentei e isso aconteceu — Kiwoo puxou a gola da camisa para o lado, revelando seu ombro com uma cicatriz tão grande que parecia deformar a região — Foi no aniversário de quinze da Katarina, eu jurei que tava sendo cauteloso quando tentei encontrar ela depois da aula, na escola, como eu ia saber que a Minhee ia buscar ela? Sorte a minha que pegou de raspão.

— O que?

— O tiro.

Minjeong engoliu em seco.

— Quando eu soube que ela tinha sido presa, fiquei tão feliz, você não tem noção — Ele continuou — Finalmente eu posso tentar me reaproximar da minha filha, sem ser ameaçado — Suspirou triste — Mas parece que eu cheguei tarde demais, ela me odeia.

— Ela só te odeia porque não te conhece — Minjeong tentou aliviar a barra — Escuta, Kiwoo, a Karina pode ser difícil de lidar. Ela é paranoica, tem problemas de raiva, é mal educada, homofóbica, insolente, boca suja, cheia de traumas, mas ela é uma boa pessoa.

— Igual a mãe — Kiwoo olhou para a garota — Eu acho que a maçã não cai muito longe do pé.

— Karina foi criada todos esses anos com a mãe, óbvio que seria uma cópia, mas ela não é um monstro, só precisa saber falar, insistir muito, ela vai começar a entender.

— Eu queria muito conversar com ela, de pai pra filha — Sorriu triste, encarando o copo — Eu quero muito falar com minha menina.

Kiwoo era um coração de manteiga, foi o que a Kim percebeu. Total oposto da filha, seria engraçado ver a dinâmica dos dois. Olhando bem, em questão de aparência, eles eram bem semelhantes. Os mesmos olhos grandes, nariz arrebitado, a mesma fuça, ele era muito bonito.

Teenager Sucks - WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora