Carta-cansaço

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O mundo tornou-se oco
Quando eu mesma em estado moroso,
Desconectei-me dele ao sopro
Do vento chuvoso

Quando senti-me inerte
Numa nova dimensão que me verte
E minuscula introvertida
Nesta que estou inserida

Quando os humanos me pareceram tão mais
Toscos e falhos repletos do breu
Odiosos demais
Para alguém inescrupuloso como eu

Pelas ruas andei correndo
Multidões lotadas de gente em mania
De pessoas andando correndo
E eu me senti, sozinha

Sozinha neste mundo sempre a morrer
Lotado de pessoas incompreensivas
Ocupadas em sempre andar a correr moribundas
Que te rotulam como se rotulam

E jamais
Colocam-se nos seus sapatos

Ainda que meu sangue a escorrer
Seja como o sangue que de ti escorreu
Ainda que a minha dor
Tenha sido como a tua dor

E embora tu tocaste minha mão
Ao dizer que compreende
O meu sangue cingira o tecido novamente
E foi por vossa incapacidade de compreensão

Ainda que tuas lágrimas molhem meu colo
Ainda eres incapaz de colocar-se nos meus sapatos
Para entender onde eles apertam nos calos
E como eles novamente ferem os meus dedos

A incapacidade de colocar-se nos alheios sapatos
E sentir as bolhas queimarem

Elas fizeram de mim, oca à ti

Sinceramente, uma alma antiga e cansada

Noites estreladas, oceanos contra rochasOnde histórias criam vida. Descubra agora