Eu teria o mesmo valor na casa
Que um móvel velho, antes amado
Que somente ali fica em homenagem àqueles que morrem
Observando os ponteiros que correm
No relógio antigo pregadoAs pessoas passariam por mim,
Mas não se sentariam,
Pois não sou um sofá ou cadeira,
Tampouco me abririam,
Pois não comporto nada útil como nova doceira,
Molheira fruteira leiteira (quebraram-se todas)(Quebrei-as todas
Em minhas mãos
Catei os cacos
E engoli-os todos)Muito menos apoiariam seus
Pertences em mim,
Não sou uma mesa, ou uma simples prateleira.
E se isto não te convenceu,Eu seria como a cristaleira velha imprópria e antiga,
Aquela que comporta as louças
De porcelana da avó, já falecida
Que ninguém nunca usa(por medo de quebrar)Meu valor seria este a se prestar
Por memória da família, precioso,
Mas, que seu unico propósito seria acumular poeira e itens (não) valorososDe uma época passada,
Antiga
Esquecida
ArrasadaApenas armazenar memórias impossíveis de se lembrar,
Jamais ser utilizado, mesmo que fosse em advento
Ou admirado por longo tempo
Somente o descansar breve de um olharOlhar apressado
Olhar desatento
Somente o olhar curto
Sem nunca olhar profundo
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Noites estreladas, oceanos contra rochas
PoetryMinha pobre alma que transbordava dentro dessa casca, então encontrou uma solução, e assim alinhou um amontoado de palavras. "Olá, eu me chamo alma..."