51. Escolha perigosa

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Chelsea

Sei que faz algum tempo que beijei alguém, mas o encontro dos nossos lábios é quente, tenso, devastador, como se tivesse a missão de derreter tudo o que está em seu caminho para termos mais desses momentos juntos.

Não consigo conter a minha vontade de apreciar mais da sua boca, do movimento sinuoso de sua língua enquanto explora tudo que posso lhe oferecer. É uma sensação muito diferente de tudo que eu já experimentei enquanto beijava bocas aleatórias.

Continua me queimando, me tomando, me apreciando.

Em suas mãos me sinto incrivelmente valiosa.

O instante em que nossas bocas se afastam é como tortura. Quero permanecer a beijá-lo por mais tempo. Desejo que a sensação prazerosa se alongue, e isto me motiva a persistir no agarro que mantive em sua nuca. Sei que não é o bastante para que ele seja mantido comigo, mas permite que tenha esse controle.

— Está bem? — Me pergunta e não consigo conter a minha vontade de sorrir, já que não fizemos nada perigoso, então a sua questão é um tanto engraçada. Sua preocupação também é bem agradável.

— Ainda não explodi — zombo e com uma mão apoiada contra a minha face me analisa cautelosamente. — O quê?

— Eu não tenho a intenção de pressionar você, mas se toma essas decisões me deixa numa situação perigosa — avisa-me e é interessante que ele pondere tanto sobre algo que escolhi sozinha. Não me forçou a beijá-lo, fui eu que decidi que deveria seguir em frente com meu anseio de saber o gosto da sua boca.

— Nós dois estamos em uma situação perigosa — asseguro a ele, visto que tira a minha racionalidade e me faz querer coisas que estavam bem distantes de minhas prioridades.

Fora que a minha situação é incomum. Ainda assim continua do meu lado, mostra que quer permanecer comigo, o que piora as minhas chances de visualizar a situação por uma ótica diferente.

Ambos criamos circunstancias que dificultam a tomada de decisão.

A lógica está nos engolindo.

— Não tenho certeza, mas posso te deixar levar essa vitória se... — Ri contra os meus lábios depois que eu o beijo.

Se ele continuar falando, eu posso ponderar sobre todos os motivos pelos quais essa situação inteira não deveria ocorrer, e acredito que Archie não deseje que isto aconteça. Para não ocorrer, tudo o que tem que fazer é me beijar.

Diferente do encontro de fogo e gelo, é como se fossemos duas chamas. Elas se enfrentam e nessa constante disputam se tornam mais ferozes, famintas. Elas engolem tudo em seu caminho, até mesmo a nossa vontade de não agir precipitadamente.

Nossas bocas se encaixam perfeitamente.

Os batimentos do meu coração ressoam em meus ouvidos como uma música admirável. Através dela persigo um pouco mais do gosto da boca dele, com o cheiro escapando do seu corpo tomando-me e me embriago completamente nele.

Esta é uma consequência dos hormônios? Cheguei a ouvir algumas pessoas afirmando que eu ficaria enlouquecida de tesão durante a gravidez. No entanto, nada disso havia acontecido até o momento em que decidi ceder a Archie.

Por mais louco que estivessem minhas emoções, meu tesão era igual a antes.

Contudo, toda essa queimação tem que ser causada por motivos diferentes.

No segundo em que nossas bocas se separam de novo, tenho certeza de que parte dos meus sentidos se tornaram obsoletos. Me sinto queimar. Meus pensamentos rodopiam como pequenos tornados. Meu coração bate descompensado. Minha boca apenas anseia ir de encontro a dele também.

— Isso é muito perigoso — afirma Archie, toma alguma distância de mim depois de apoiar os seus braços de um modo diferente. Foca-se em Melissa, brincando um pouco com ela, evitando me olhar.

— Eu deveria pedir desculpas? — Pergunto, vira o seu rosto ligeiro, está muito transtornado quando foram palavras muito simples.

Até o momento tínhamos uma relação de amizade, mas o que acabou de acontecer é muito diferente do que se espera. O correto é deixar tudo esclarecido antes que as circunstâncias se emaranhem e criem um grande problema.

— Não, claro que não, eu apenas preciso me acalmar — esclarece rapidamente, usando palavras simples, parece querer evitar que haja desentendimentos. — Não beijaria você se não quisesse — garante.

— Pode não ser como você esperava e tudo bem, mas... — dessa vez é aquele que sela minha boca. Apesar de surpresa, aprecio que nossos lábios continuem se encaixando tão bem.

— Foi muito melhor do que esperava, mas é difícil me conter — pontua, e eu deveria ter notado mais cedo que os seus olhos escondem rastros de uma fome contida. Archie faz o seu melhor para segurar os seus desejos. — Sou uma pessoa difícil de lidar.

— Em que sentido? — Questiono e em breves segundos ele revê aquilo que gostaria de dizer. — Estou gravida, mas posso transar a não ser que ache estranho.

— Não tem nada a ver com a sua gravidez — me assegura Archie, apoia a mão em minha testa empurrando os fios de meu cabelo para trás. Analisa toda a minha face com cuidado, usa o tempo silenciosamente para se acalmar.

No entanto, ainda sinto o meu amago vibrar.

Mesmo que sua mão esteja apenas parada em minha testa, ainda emana um calor que percorre todo o meu ser. Minhas entranhas derreteram se continuar me sentindo dessa maneira.

— Se fizermos isso não seremos amigos, você será minha — declara e suas palavras vibram, unem-se com a sensação revigorante do meu corpo, como se fossem uma coisa só. — Não sou do tipo de cara que apenas deixa a sua mulher sozinha.

Por mais ternas que suas palavras sejam, sinto que fazem parte de um aviso que eu não deveria ignorar. Me faz pensar no quão cuidadosa eu deveria ser. Entretanto, em contrapartida, aquele anseio que se mostrou, continua tomando as decisões por mim.

— No momento em que a nossa relação mudar não terá volta Chelsea — alerta-me mais uma vez, contudo, deve ser o único que não percebe que a decisão foi tomada antes mesmo que eu pudesse ponderar sobre ela.

Toda a minha racionalidade se foi, e tudo no que consigo pensar é no quanto eu o quero.

Um ceo em minha vida | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora