60. Sortudo

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Archie

— Aqui estão os documentos que pediu — avisa minha secretaria. Meneio a cabeça concordando e ela sabe que deve sair assim que cumprir o seu propósito. Eu não queria ter que vir até o escritório hoje, mas é preciso garantir que o evento de inauguração ocorrerá bem.

É impossível adiar depois que tudo já foi planejado. Somnia lidará com toda a grande parte do que é preciso para realizá-lo, mas tenho algumas partes a fazer, como o CEO. Se eu pudesse tirar algumas folgas extensas no momento, faria, mas é um período complicado.

Não é o primeiro novo hotel que inauguraremos, mas temos uma reputação a manter. Zelar por ela e garantir que nossos clientes estejam satisfeitos faz parte do meu trabalho. Mesmo com a divisão de tarefas, ainda há muito que preciso realizar.

Entretanto, em partes, fico preso no que aconteceu ontem.

Todo o meu planejamento lento para meu relacionamento com Chelsea foi por água abaixo assim que a senti tremular nos meus braços. Porra de boceta perfeita. Bato em minha testa, tirando a imagem da cabeça com força antes que tenha uma ereção.

Caralho, por que eu não consigo pensar em outra coisa?

Não sou um adolescente que nunca fodeu.

— Merda — xingo, procurando meu telefone entre os papéis e faço uma ligação rápida. Não tem problema ouvir a voz dela. Será só um pouco.

— Oi namorado — fala com um tom bem divertido. — Aconteceu alguma coisa?

— Estava pensando em você — confesso e ela sorri.

— Bom, eu também estava pensando em você — conta-me, mas essas são palavras que demandam muito de mim. Ela não sabe o controle que tem nas suas mãos. — Me sinto vazia sem você aqui, bem no meio das minhas pernas.

— Puta que pariu Chelsea, eu liguei para você me acalmar — revelo e ela gargalha.

— Sinto muito, sou uma namorada horrível, certo? — Brinca e solto uma lufada de ar ignorando as imagens na minha cabeça e a ereção querendo acontecer. — Tudo bem, posso corrigir isso — garante.

— Por favor, me fale alguma coisa brochante — demando, amando que esteja sorrindo tanto. Pelo menos alguém precisa sair beneficiado dessa situação.

— Tive que vomitar três vezes depois de comer um pão com queijo e presunto — diz.

— Isso não é brochante, é preocupante — profiro.

— Você parou de pensar na minha boceta — declara, e está certa. — Acho que foi a manteiga. Como os bebês estão se recusando a comer manteiga?

— Eles já têm as preferências deles — articulo e espero pelo que mais dirá. Posso passar muito tempo aqui falando com ela sem me entediar. Apenas ouvir a sua respiração me conforta, porque teve períodos em que precisava de mim e eu não estava lá.

— Você tem razão e acho que eles querem melancia agora — murmura, porem o som de algo caindo faz com que eu fique alarmado. — Acho que estou ficando mais desastrada.

— Está tudo bem?

— Sim, só derrubei alguns lápis — conta e tenho a vontade de perguntar se está pintando, se decidiu voltar a se focar no que amava, entretanto, seguro o meu desejo. Se eu a pressionar pode retornar à estaca zero.

— Então, você quer melancia? — Questiono, mudando de assunto.

— Você não precisa se preocupar com isso, vou dar um jeito — afirma, mas seria mais fácil se pedisse para que a ajudasse. A maior parte do que faz se resolveria facilmente se me pedisse auxílio.

— Não, eu dou um jeito nisso — aviso a ela.

— Está trabalhando — replica.

— Tenho lacaios — brinco e ela murmura alguma coisa que não compreendo. — Quando fez o seu pacto não considerou tudo o que eu faria por você?

— É porque não precisa fazer tanto — contesta.

— Vou fazer o que achar que devo — digo, e ela decide não discutir. — Não saia de casa, logo a sua encomenda chega. Bom, não se assuste com a cara feia que vai ver.

— Tentarei não matar o seu lacaio — arrazoa.

Nos despedimos depois de mais algumas palavras e ligo para Undine.

— Já não te disse que estou trabalhando como se as leis trabalhistas não existissem? — Reclama antes mesmo de eu falar qualquer parte do motivo para ligar para ele. Sabe como fazer drama quando quer.

— É mesmo? Mas tenho uma missão especial para você. Te deixará na frente do Kenneth em uma corrida que você quer participar — articulo as palavras cuidadosamente para instigá-lo a querer saber por conta própria.

— Desembucha, o que você quer?

— Você é meu irmão ou me inimigo? — zombo.

— Uma mistura muito boa dos dois — garante. — Fala, eu daria qualquer coisa para sair do escritório nesse momento. Posso até comprar o seu café.

— Parece que quer abusar de mim — contraponho.

— Ter um irmão mais velho serve para algumas coisas — balbucia palavras que nunca diria com seriedade. — Então, me dê um motivo para que eu corra daqui.

— Escute com cuidado ou posso acabar com você mais tarde — aviso.

É uma ameaça sem fundamentos. Undine nunca faria nada contra qualquer pessoa que não tenha o atacado de alguma maneira. É do tipo que revida, mas que não machuca inocentes. Tem um bom senso de justiça, talvez esse seja o maior motivo para ter decidido se tornar advogado.

Também gosta bastante de intermediar a resolução de problemas. Uma vantagem na sua área de trabalho. Pode se aproveitar de muito que faz parte do seu arcabouço de habilidades.

Enquanto ouve o que digo, meu irmão vai se animando cada vez mais. Duvido que ele possa manter o que escuta somente para ele. Com certeza, ligará para Kenneth e brincará sobre receber oportunidades melhores do que ele.

Entretanto, para Kenneth é mais difícil sair de onde está sem causar problemas, porque não é seu próprio chefe. Coisa da qual ele não costuma reclamar, mas talvez hoje repense sobre o que quer fazer no futuro.

Estou apenas criando uma competição amistosa como eles amam.

Podem me agradecer mais tarde.

Depois de finalizar a ligação com Undine me sinto bem mais leve. Posso trabalhar tranquilamente até ter a chance de voltar para casa de novo. Sim, eu tenho uma casa para onde voltar e ela estará nela. Quão sortudo eu sou?


61. Ganhos

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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