Um ceo em minha vida | EM ANDAMENTO

55. Ele avisou, parte 3

Chelsea

Não me preocupo com Archie me pedir para conversar, já que não houve nada que pudesse causar uma briga entre nós, entretanto, ele parece estar preocupado. Talvez seja algo do trabalho. Toda vez que precisa sair, fica a ponto de ter um troço.

— Archie, se temos um problema, temos que resolver, você sabe que a maioria das coisas se resolve com uma conversa — discorro as palavras usando o tom mais tranquilo que posso, dado que se eu começar a me exaltar de alguma forma, duvido que ele continuará sendo tão sincero.

Ele me vê como alguém que pode quebrar, e eu sei que parte disso é causado por mim, já que me mostrei destroçada na sua frente. Como gosta tanto de mim, é normal que fique ansioso pelos problemas que posso ter que enfrentar.

— Você é tão perfeita — murmura um elogio quando eu esperava o início do assunto que nos colocou nessa situação. Melissa está dormindo agora, então temos tempo para ter uma conversa adequada. — Acho que é melhor dizer que não é nada ruim logo, não quero que se preocupe à toa.

— Meu coração agradece a consideração — replico e ele ri, com o sorriso se mantendo no canto da boca.

— Minha família quer conhecer você — diz, soltou as palavras ligeiro, teme que eu recue diante delas. E bom, eu tenho uma imensa vontade de sair correndo agora. Porém, considerando o que ele falou sobre a sua família, seria estranho se seus parentes não quisessem me conhecer.

Pode ser até uma maneira de entenderem qual é a minha intenção com esse relacionamento. Seria crível que queiram protegê-lo. Mesmo que seja um adulto, eles perderam alguém. Querer evitar que um dos seus filhos seja perseguido por uma maluca interesseira é o normal.

— Sei que disse que não queria te pressionar de jeito nenhum, que poderíamos levar as coisas lentamente. — Para de falar quando começo a sorrir. Em seus olhos, posso ver a questão implícita.

— Desculpe, é que sempre que lembro que estamos basicamente morando juntos, qualquer palavra que signifique lentidão se torna estranha — profiro, rio ainda mais e ele acaba sorrindo também. Toda essa situação é estranha de várias maneiras, mas serve muito para nós dois.

— Sabe, você que abriu a porta para mim — constata e está certo. Dei a brecha para que uma situação como essa se desenrolasse. — Não que eu vá deixar você fechá-la agora.

— Ah, o meu pacto com o diabo, certo? — Brinco, Archie meneia a cabeça confirmando. Bom, no momento não tenho do que reclamar, mesmo que nos seus olhos esteja uma ânsia intensa de me devorar. — Posso conhecer sua família, desde que eles saibam antecipadamente qual é minha situação. Arranjar briga agora seria meio difícil.

— Você arranjaria briga por minha causa? Para ficar comigo? — Pergunta e talvez eu devesse ter escolhido melhor as minhas palavras, afinal, estamos falando da sua família. É uma família que ele ama, que o apoia, que fica do seu lado.

— Parece que você quer que eu diga que sim — arrazoo.

— Me deixaria um pouco feliz — afirma, rindo depois de perceber que não pude conter a minha expressão. Não é que as suas palavras sejam ruins, apenas nunca fui alguém que briga por um homem. Se estou com alguém, espero que ela esteja comigo e saiba impor seus próprios limites para outros sem que eu precise interferir.

— Bom, desde que não seja nada do tipo: tira o olho que ele é meu, acho que posso entrar em uma ou duas brigas — articulo, de novo, me sinto surpresa pela maneira como ele se sente alegre pelas pequenas coisas que a maioria ignoraria.

— Eu só preciso que fique comigo — atesta, fazendo com que o meu coração erre as batidas. Todo o compasso dos meus pensamentos entorta. Demora para que minha mente volte a ter pensamentos racionais.

— Isso é fácil, já que você tem um rosto bonito e é gostoso — falo, é uma brincadeira, com certeza minhas intenções eram muito diferentes daqueles que fizeram com que ele se mexesse.

Saiu de sua cadeira e, em seguida, arrastou a minha para que deixasse de esconder as pernas embaixo da mesa. Após conseguir o que queria, se ajoelha apoiando os braços em minhas pernas.

O que diabos o levou a ter essa atitude?

— Vou continuar sendo bonito e gostoso, por isso, fique comigo — pede, mas suas palavras são diferentes de alguém fazendo um pedido. Em seus olhos, aquela chama faminta se torna mais bruta.

O local onde suas mãos tocam esquenta gradualmente a cada segundo.

— Eu já fiz um pacto com o diabo, não foi?

— Sim, você fez — profere, sorridente, com aquela flama se intensificando. Até onde ele quer me levar com esses olhos degenerando a minha sanidade? — Minha família sabe sobre você, desde a primeira vez que nos vimos.

— Como? Nós não tínhamos uma relação que você precisasse contar a eles — articulo, mas o que ele manteve na sua mente é muito diferente de como pensava nele. Preciso me lembrar de que Archie tinha interesse romântico em mim desde aquela época.

— Meu irmão mais novo acabou indo até o seu local de trabalho — comenta, baixando o rosto, escondendo-o em minhas pernas, mas pelo movimento de suas costas, sei que está rindo muito. — Você não lembra de como o chamou de lixo, não é?

Meus olhos arregalados fazem com que ele ria ainda mais. Levo uma mão até os olhos, tentando conter toda a sensação vergonhosa que experimento agora. Não me arrependo do meu trabalho, jamais faria isso. Porém, quem diria que eu teria feito algo assim com alguém que precisaria conhecer mais tarde?

— Não se preocupe, para Undine é uma lembrança divertida até hoje — me garante, mas é difícil acreditar, a não ser que tenha contado para ele desde o início que tipo de lugar era o Maid café.

Qualquer um que não saiba como as coisas acontecem pode achar estranho.

— Além disso, acho que é melhor te dizer que um dos meus irmãos veio até a floricultura enquanto eu não estava. Ele queria te ver — conta-me, talvez porque se preocupe com a possibilidade de o assunto vir à tona durante o nosso encontro. — Kenneth amou você.

— Tem mais alguma coisa que eu deva saber? — pergunto, temendo que eu tenha feito algo para os seus pais também.

Não tem como as coisas saírem de controle, não é?