46. Uma luz no fim do túnel, parte 2

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Archie

— Hum, esse lugar é bem interessante, quem diria que eu veria o meu irmão aqui — brinca Undine e seus olhos analisam cuidadosamente os arredores. Talvez eu devesse ter ignorado a sua ligação.

Nada disso aconteceria se eu tivesse ignorado a sua ligação!

Como atendi, usando seus superpoderes de irmão, notou a estranheza na minha voz. Como um cachorro, farejou o problema e me seguiu para ter a oportunidade de resolvê-lo com suas próprias mãos.

Contudo, eu passei da fase em que preciso que me arranque do lugar.

— Nunca pensei que veria meu irmão mais velho em um café cosplay — zomba outra vez. — Mas o lugar é bem legal. As garotas são lindas, os homens também — elogia, com seus olhos derramando a sua animação. — Como acabou aqui? — pergunta-se e o motivo para estar sentado aqui chega a nós como um flash.

— Que bom que não está sozinho — murmura Chelsea bem baixinho. — Mas como estão aqui preciso seguir com o meu trabalho, espero que não me interpretem mal — esclarece a situação ligeiro, visto que o novo sujeito não viu o que assisti enquanto o esperava.

— Você é bem bonita — elogia Undine diretamente e sua surpresa é clara quando Chelsea gargalha alto. Apoia uma mão sobre a mesa com força, fazendo com que o copo de água balance por breves segundos.

— E quem você pensa que é para me dar um elogio? — pergunta ela, avançando na direção dele, segura em seu queixo para que ele apenas a observe. — Um lixo degenerado como você que não para de olhar os meus peitos acha que pode dizer alguma coisa?

Levo uma mão a boca escondendo a minha vontade de sorrir, já que o olhar de Undine para mim foi bem obvio. Quase posso ouvir o seu grito de socorro, mas este é o papel dela. Me surpreendi da primeira vez que escutei as suas falas, mas os clientes amam.

— Apenas olhe para o menu, seu bastardo, antes que eu decida arrancar as suas bolas foras. Acha que tenho o dia inteiro para lidar com lixo? — Questiona ela, batendo com o menu na testa do meu irmão duas vezes.

Ainda confuso pelo que presencia, Undine age mais rápido, decidido a lidar com a solicitação da mulher antes que ela cumpra com a sua ameaça. Ninguém diria que é só parte de sua atuação.

É bem fiel ao seu conceito.

— Rápido, até um cachorro consegue escolher o que quer comer mais rápido do que você — assevera a mulher e meu irmão se apressou pedindo uma torta holandesa e um café extra forte sem açúcar. — É melhor não olhar demais para minha bunda ou corto a sua garganta — ameaça depois de anotar o pedido e sair rebolando tranquilamente para longe de nós.

— Que porra acabei de ver? — Indaga Undine, no entanto, prefiro beber o meu milkshake. Comigo ela foi um pouco mais tranquila e até indicou o que eu deveria beber. Quem sabe ficou preocupada que o meu estado mental fosse afetado pelas suas palavras.

— É o trabalho dela, veja — peço, indicando que a outra mulher também faz uma atuação parecida para ter a atenção do seu cliente. Nenhum deles exibe uma expressão tão surpresa quanto o meu irmão. — Nessa área é esse o tratamento que recebe.

— Nem sei o que dizer — articula meu irmão, olhando a outra mulher trabalhando. — Foi uma experiência única.

— É divertido — murmuro e Undine gira seu corpo até estar totalmente voltado para mim. Seu interesse no que acabei de dizer é tão palpável que sinto uma pressão em minha coluna.

— Não me lembro a época em que disse se divertir com alguma coisa longe da nossa família — pondera, espreitando em busca de respostas. — Seus gostos mudaram?

— É só o trabalho dela, e me ajudou bastante hoje — conto, porque não explicar deixaria a situação mais estranha e faria com que Undine prestes mais atenção do que deveria em Chelsea.

É o local de trabalho dela, não quero que seja atacada pelas perguntas interessadas dele. Se encontrar um jeito de me animar, cavará até ter a resposta completa. Posso ver o seu interesse em seus olhos.

— Está um pouco estranho hoje — murmura, mas segura as suas palavras quando nota que Chelsea está retornando com o seu pedido. Quem sabe pense que se falar pode acabar sendo atacado mais uma vez com uma boa dose de palavras que não espera.

— Aqui está o que você pediu — fala Chelsea não tomando tanto cuidado com o que faz, porque também é parte do seu papel. — Por que está me olhando tanto? Acha que preciso de olhares seus? Babaca.

Mais uma vez preciso conter o meu desejo de sorrir.

— É melhor comer o mais rápido que puder e sair da minha frente antes que meu enjoo aumente por ver a sua cara — expressa-se saindo na direção de uma mesa do lado da nossa, dado que o cliente a chamou. — Ainda está aqui? — Pergunta ela para o sujeito. — Um cachorro tem tanto dinheiro para esbanjar?

— Isso é uma loucura — murmura Undine, e seus olhos brilham quando prova a sobremesa. — Acho que entendo porque as pessoas vêm comer aqui.

Pela maneira como fala é como se a comida fosse a única coisa interessante, mas se aqueles que veem aqui esperam esse comportamento delas, não é normal se sentirem animados?

— Você gostou do que viu — acuso e Undine olha pela visão periférica para as mulheres trabalhando cuidadosamente sem deixar que o seu papel seja desfeito. Atuam da melhor maneira para cuidar de seus clientes.

— Posso vir em segredo algumas vezes, mas nunca contarei a ninguém — brinca meu irmão, foca-se na sua comida. Não duvido de suas palavras, mas também sei que a única maneira de ter vindo até aqui hoje foi por mim. Provavelmente ficou preocupado por que não voltei para casa.

Devido a isso, preferiu ver com seus próprios olhos o meu estado, desse modo pode me levar para casa em segurança. Mesmo que não lhe diga as palavras, sabe que sou muito agradecido pelo seu esforço.

Se não fosse pela minha família, os últimos meses teriam sido ainda piores de lidar.

Um ceo em minha vida | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora