prólogo

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Revil City  - Arizona

1 ano atrás

EMMA

__ vai mesmo ficar aqui?__ a pergunta da minha mãe me faz revirar os olhos e encara-la.

__ qual o problema? Não tem um a pele de um urso estirado no meio da sala? __ questiono e ela engole em seco.

Mamãe adorava colecionar peles, desde casacos á tapetes para quase todos os cômodos do nosso apartamento em Conecut, e ainda tinha os namorados idiotas, ela vivia nessa constante looping de que não morreria sozinha e usava isso como uma desculpa para se envolver com qualquer cretino que aparecesse no seu caminho.

E acredite, apareciam vários.

E infelizmente alguns interessados nelas e em mim. 

__ sim mãe, não é como se eu nunca tivesse estado aqui.

E era verdade, passei metade da minha infância aqui ouvindo meu pai contar histórias sobre como o sanatório era perigoso, lembro da curiosidade em querer andar pelos corredores do lugar sombrio, mas ele sempre usava a mesma frase.

" monstros costumam andar nas sombras minha garotinha, e nelas devem permanecer "

E isso bastava para me afugentar, eu morria de medo de qualquer coisa que pudesse me assustar e meu pai sabia disso.

__ não gosto desse lugar minha filha. __ mamãe disse num sussurro e quis sorrir, mais medrosa do que eu, só ela.

__ não seja medrosa.

__ como se você não fosse outra. __ dispara e sorrio. __ seu pai sempre foi um cretino, mas deixar a nossa filhinha morar nesse centro de aberrações sempre foi uma das coisas que mais odiei.

Eles haviam se divorciado quando completei doze anos, e desde então morava com ela em Conecut, mas odeio aquele lugar, por mais estranho que pareça, gosto de estar aqui com o meu pai... ou pelo menos gosto de estar longe da minha mãe e os namorados podres dela.

__ concordo com a sua mãe, não acho que aqui seja o lugar mais seguro para você minha filha. __ fala num tom paternal e suspiro.

Ele andava estranho, até pelas ligações que antes se estendiam por horas, nos últimos meses eram apenas alguns minutos porquê sempre tinha um paciente dando trabalho para os carcereiros e tinha que resolver pessoalmente.

Não gostava de admitir, mas vinha me sentindo sozinha por ausência dos dois, mas não tinha opção, ou me mudava para o Arizona e corria o risco de me deparar com alguns loucos ou continuava com a minha  mãe e os namorados idiotas assediadores que ela arrumava.

__ sabe, eu vou fazer dezoito anos no ano que vem e já tenho idade para decidir onde quero ficar. __ declaro e os dois me encaram como se eu estivesse maluca.

__ não filha, isso não está certo, volte comigo... prometo que seremos só nós duas.

__ mãe. __ pondero olhando para ela. __ nós duas sabemos que isso não é verdade e papai, prometo ficar longe do seu hospício.

__ Emma, é sanatório. __ me corrige e pisco para ele.

__ prometo ficar longe do seu lugar sagrado.

Profano também.

__ se não tem outra opção é melhor deixa-la aqui. __ declara e mamãe solta um suspiro contrariada.

__ tudo bem, você será responsável por qualquer coisa que acontecer a nossa filha nesse lugar horrível. __ disse e me encarou com os olhos marejados.

Ela me amava é claro que amava, mas não acima de si mesma, e eu já era grandinha o suficiente para saber disso.

__ fique bem meu bebê, e qualquer coisa me ligue que venho buscar você.

__ tudo bem mãe, se cuide também, não faça muitas merdas. __ avisei e ela deu um sorriso amarelo.

É claro que ela faria.

Me deu mais um abraço e entrou no seu carro seguindo para fora da propriedade, quando sumiu pela neblina encarei meu pai esperando pelo sermão sobre comportamento e estranhamente não veio.

__ venha minha garotinha, vou te mostrar onde deve ficar até descobrir que esse lugar não é para você. __ garante passando o braço em volta do meu pescoço e beijando a minha cabeça.

Suspirei sentindo-me exausta, sentindo meu pai estranho e com um mal pressentimento.

Eu não sabia, mas daí em diante as coisas tomariam um rumo muito diferente transformando a minha vida em um puro caos.

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