capítulo 3 - quebra cabeça

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ROMAN MONTOVANI

__ pai? Pai! consegue me ouvir? __ questiono e o cheiro da sua carne exala pela sala, mas seguro o embrulho em meu estômago, preciso salvá-lo.

__ f-f-filho? Filho, vai embora daqui por favor. __ sua voz sai em uma suplica. __ não deveria estar aqui meu garotinho... fuja, ele está te procurando e vai mata-lo.

Não dou atenção ao que disse, porque minha mente trabalha em soltá-lo das algemas e colocar seu corpo sobre os meus ombros, e por mais pesado que seja, consigo me locomover com ele pelo escuro.

Eu já tinha invadido esse lugar na surdina mais vezes do que poderia contar, os corredores estavam gravados na minha mente, passei pela seção de terapia onde o desgraçado do Maveric quebrou meus dedos com a desculpa de que eu era um garoto levado.

Ele costumava ser legal nos primeiros meses que cheguei aqui, a vadia que me trouxe ao mundo deixou-me na porta deste lugar dizendo que iria voltar, mas ela nunca voltou e acabei encontrando o meu pai e por mais que a nossa relação tenha sido conturbada no início, ganhamos a confiança um do outro ao decorrer da minha estadia.

Mas seis meses depois que cheguei o Maveric me trancou na solitária por eu ter quebrado os dentes de Lunai um garoto que sumiu misteriosamente depois dessa briga, alguns detentos acreditavam que ele havia sido liberado, pois tinha sua sanidade de volta, já eu e meu pai sabíamos bem o destino que o garoto recebeu.

A cabeça dele foi jogada na nossa cela, seus olhos estavam arrancados assim como a língua, não precisava de recado, aquilo era um aviso que eu seria o próximo, e tudo piorou quando um desgraçado me socou o estômago no refeitório, não queria brigar e o ignorei, mas ele tornou a me atingir e aquilo libertou os meus demônios, bati tanto no seu rosto que o desfigurei, quando a adrenalina que percorria o meu corpo passou senti o peso do que tinha feito e o que aquele ato significava.

Ele havia mandado uma isca e eu caído feito um idiota.

Duas horas depois estava sendo tirado da minha cela e levado até a " terapia " a primeira seção de tortura foi na minha barriga, cicatrizes enormes que doem na minha alma, a segunda me deram tantos socos no estômago que quase, por muito pouco as feridas que fizeram não se abriram e os meus órgãos fossem colocados para fora, no entanto o senhor Maveric não gostava de mortes rápidas elas tinham que ser lentas e angustiantes.

" quanto mais alto você grita maior o medo que causa nos seus colegas detentos e os ajuda a aprender com os seus erros "

Era o que ele falava enquanto deslizava um bisturi sobre os meus ombros enquanto eu gritava em agonia.

E ele só parava quando a morte parecia uma boa ideia para mim, mas então eu não tinha essa satisfação, me liberavam e jogavam na sala junto com o meu pai, sem direito a um tratamento ou curativo, tão pouco a merda de um sedativo, tive que lidar com a dor e aos poucos ela se transformou em minha companheira.

Dizem que quando você apanha demais o seu cérebro desliga e conseguir fazer isso com o meu, mas o desgraçado descobriu e foi quando meu pai começou a ser torturado no meu lugar e se eu não gritasse o tratamento dele seria o dobro do meu.

Um ano atrás eles quebraram algumas das minhas costelas e foi quando meu pai se arriscou a cadeira elétrica para que eu tivesse uma chance, apenas uma.

Foi um fodido plano, não tínhamos muitos aliados dentro do sanatório, mas a ideia de fuga agradava a metade dos detentos e assim conseguimos aliena-los, é claro que a ideia inicial seria tirar a mim e meu pai dali e não todos eles, e na noite da fuga quando um ponto circuito causado por um dos pacientes da ala norte que se jogou sobre os fios condutores de energia, foi a nossa chance e conseguiríamos, estávamos quase chegando nos túneis abandonados que um dos detentos havia descobrido e ninguém tinha o levado a sério porquê todos nós éramos loucos naquele lugar.

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