capítulo 2 - ponte de dor

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Meus ouvidos pareciam prestes a estourar com a música alta vindo da  festa enquanto sigo para casa em passos cautelosos. Depois de deixar Arya em casa decidi seguir o trajeto até o sanatório a pé, foda-se que eram cinco horas da madrugada, eu não tinha porquê ter medo.

Um arrepio percorre o meu corpo mostrando-me que sim eu devo ter medo e a sensação de estar sendo observada praticamente grita para mim que acelere os passos e quanto mais o faço pior me sinto, o vento sopra contra o meu corpo e me arrependo de não ter trago um casaco.

Porra! Nem tive tempo de conversar com ninguém depois de Arya me contar toda aquela história.

Abro os portões e até o ranger deles se abrindo faz meu coração disparar.

Droga! Isso parece um início de um filme de terror, fixo meus olhos na estátua de um anjo e respiro fundo passando por ela, mas antes me certifico de trancar o portão de volta.

Antes de abrir a porta viro-me para trás, somente para ter certeza de que não tinha ninguém me seguindo era apenas a minha imaginação fodida.

Entro em casa e para minha surpresa meu pai está sentado na sua velha poltrona me encarando como se eu fosse uma criminosa.

__ oi pai bom dia. __ cumprimento e passo por ele, mas sinto seus olhos queimando as minhas costas.

__ Emma, você disse que voltaria cedo... isso é cedo? __ questiona e suspiro.

__ desculpa pai, tive que levar a Arya em casa. __ informo tornando a subir.

__ eu não te quero mais andando com essa garota. __ diz e sorrio sem ânimo.

__ os anos que você decidia quem podia ser meu amigo ou não, já passaram pai.

__ está me desafiando garota? __ pergunta e respiro fundo.

__ não pai, só quero que respeite as minhas decisões, assim como eu respeito as suas.

__ filha, eu sei o que é melhor para você, principalmente nesta cidade.

__ preciso dormir tá bom? Por favor pai... não limite a única amiga que tenho nesse lugar e não me diga que posso ir embora o senhor não sabe o que eu passava com a minha mãe. __ pontuo e não espero por resposta e subo para o meu quarto fechando a porta sem dar atenção aos gritos dele me pedindo para voltar.

Tiro os sapatos e me jogo na cama olhando para o teto e sentindo minhas pálpebras pesarem até por fim fechar os olhos e dormir.

(...)

Uma batida forte na porta me faz abrir os olhos assustada.

__ pai? __ chamo, mas não tenho resposta.  __ pai, é o senhor?

Silêncio e outra batida seguida de um grito no fundo.

Respiro fundo me levantando sem calçar qualquer sandália e encosto o ouvido na porta.

Passos vindo da escada e mais gritos, gritos demais, outra batida na madeira me faz afastar com o peito subindo e descendo, colocando a mão sobre ele e tento me acalmar.

Mais batidas seguidas de gritos e então tomo atitude idiota que só se vê em filmes de terror, mas essa merda não é filme, infelizmente.

Abro a porta e não tem ninguém, nem na escada tão pouco ao lado da minha porta.

Sigo em direção aos gritos e eles vem da porta do sanatório.

Respiro fundo e coloco a mão na maçaneta e para a minha surpresa estava aberta, meu pai nunca a deixou assim.

Será que ele esqueceu?

Começo a andar pelos corredores e me sinto um pouco claustrofóbica o  lugar apertado e com pouca iluminação me deixa com falta de ar  e a cada passo que dou os gritos aumentam.

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