𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟮𝟰: 𝗘𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗮𝘀 𝗦𝗼𝗺𝗯𝗿𝗮𝘀 𝗲 𝗮 𝗟𝘂𝘇

37 4 0
                                    

Aemond estava em pé à beira do terraço, observando as águas agitadas ao longe. O vento frio soprava com força, bagunçando seus cabelos prateados. Seu manto real, pesado com o emblema Targaryen, esvoaçava atrás dele. Agora, como rei, ele carregava o peso não apenas de uma coroa, mas de um reino inteiro em suas costas. Mesmo assim, a sombra de seus sentimentos por Rhaenyra e a manipulação de Alicent ainda rondavam sua mente. Mas havia outra figura agora em sua vida: Maris Baratheon, sua esposa por aliança.

O som de passos suaves ecoou pelo pátio de pedra, e ele virou-se para ver Maris se aproximando. Ela estava elegante em um manto de veludo escuro, seus cabelos cor de ébano contrastando com a pele clara. Seus olhos, de um tom tempestuoso, encontraram os de Aemond com uma intensidade que o surpreendeu. Desde o casamento, eles não haviam passado muito tempo juntos, mas ele sabia que aquele momento chegaria.

- Vossa Graça - ela o saudou com uma leve inclinação de cabeça, sua voz firme e controlada. - Pensei em admirar a vista antes do jantar.

Aemond inclinou a cabeça em resposta, permitindo que ela se aproximasse mais. Ele permaneceu em silêncio por alguns momentos, observando o mar ao longe, antes de finalmente falar.

- Lady Maris, espero que esteja se sentindo bem em Porto Real - sua voz era calma, mas com um toque de formalidade. Ele ainda não sabia como quebrar a barreira entre eles.

Maris ofereceu um sorriso discreto, seus lábios mal se curvando, mas o brilho nos olhos revelava algo mais. Ela não parecia desconfortável, e sim ciente de onde estava e do que havia sido esperado dela.

- A hospitalidade foi digna da capital - respondeu ela, os olhos voltados para o horizonte. - Mas Porto Real é uma cidade com segredos, Vossa Graça. Um lugar onde as pessoas parecem usar máscaras o tempo todo.

Aemond a observou mais atentamente. Maris não era uma jovem deslumbrada pela posição que agora ocupava como rainha. Havia uma perspicácia em suas palavras que ele ainda não havia percebido, algo que o intrigava.

- Há muitas camadas aqui, é verdade - ele respondeu, com um leve sorriso, deixando a rigidez inicial de lado. - Às vezes, Porto Real pode ser tanto uma fortaleza quanto uma prisão.

Maris soltou uma risada suave, surpreendendo Aemond. Ele não esperava aquele som, nem a leveza que veio com ele.

- Uma prisão... - ela repetiu, com um olhar distante. - Talvez seja isso que ambos sentimos, não? Presos em papéis que nos foram impostos.

Aemond virou-se completamente para ela, seu olhar violáceo encontrando o dela com mais atenção. Ela não era apenas uma figura ornamental; havia muito mais escondido sob a superfície.

- E você, Lady Maris? Se pudesse escolher... onde gostaria de estar? - A pergunta saiu de forma inesperada, carregada de curiosidade sincera.

Ela hesitou, como se estivesse refletindo profundamente sobre sua resposta.

- Gostaria de estar em um lugar onde pudesse ser útil, Vossa Graça - disse ela, a voz firme. - Em Ponta Tempestade, as tormentas sempre me ensinaram a buscar estabilidade. Mas... - ela olhou diretamente para ele, seus olhos cheios de convicção. - Não sou uma rainha apenas de nome. Sei o que este casamento significa para o reino, mas também sei o que espero de mim mesma.

Aemond estreitou os olhos, estudando-a mais de perto. Maris não era alguém que se conformaria facilmente com o papel que lhe foi dado. Ele sentiu um respeito crescente por ela, algo que não esperava sentir tão cedo.

- E o que você espera? - perguntou ele, agora mais interessado do que antes.

- Espero ser ouvida, mesmo nas tempestades - respondeu Maris, sua expressão séria. - Espero ser mais do que apenas uma peça em um jogo político. Quero ser parte das decisões que tomamos, seja para a paz ou para a guerra.

Fare And Desdiny - Aemond And Rhaenyra Targargaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora