24 de junho de 2024
ELITE WAY SCHOOL
07:31 A.M.
O DESAPARECIMENTO DE QUINTON SOREN já havia se espalhado por cada canto de Brownsville, Brooklyn, deixando a comunidade em estado de alerta. Martha Soren, sua mãe, estava consumida pelo desespero. A ausência de Quinton era um golpe duro, não apenas emocional, mas também financeiro. Sem a ajuda do filho para administrar o pequeno negócio de bolos que sustentava a família, Martha agora se via forçada a dobrar seus esforços, trabalhando incansavelmente. Ela assava mais do que nunca, com as mãos trêmulas de cansaço e medo, sabendo que cada bolo vendido representava uma esperança mínima de continuar seu tratamento contra o câncer de mama. A quimioterapia era cara, e sem Quinton ao seu lado, tudo parecia insuportavelmente mais difícil.
Toda Brownsville já havia se mobilizado na busca por Quinton. Os vizinhos, movidos pela solidariedade e pelo senso de comunidade, revistaram becos, parques abandonados e cada esquina que pudesse oferecer uma pista. Cartazes com o rosto sorridente do garoto foram colados em postes e paradas de ônibus, como uma lembrança dolorosa de sua ausência. A cada dia que passava, porém, as esperanças de encontrá-lo diminuíam.
O que ninguém sabia, nem mesmo Martha em suas preces angustiadas, era que o corpo de Quinton já não estava em Brooklyn. Ele havia sido enterrado como indigente pela polícia de Manhattan, descartado sem cerimônia, sem identificação. Para as autoridades de Manhattan, ele era apenas mais um número, um corpo sem nome em uma cidade que raramente parava para lamentar seus mortos. Nenhum esforço foi feito para rastrear sua identidade ou notificar sua família.
Martha chorava todas as noites, sentada à mesa da cozinha, segurando o telefone na esperança de ouvir a voz do filho do outro lado da linha. Em sua mente, ela rezava fervorosamente, pedindo por um milagre. Contudo, no fundo do seu coração, uma voz silenciosa e cruel sussurrava que ele não voltaria. A ausência de notícias só confirmava seus piores temores.
A polícia de Brownsville, como tantas outras vezes, agiu de forma indiferente. Após 72 horas do desaparecimento, o caso foi arquivado, com os oficiais alegando que, naquela região, o sumiço de jovens era comum. Eles tranquilizaram Martha, dizendo que era provável que Quinton voltasse para casa em duas ou três semanas, como se fosse apenas mais uma criança perdida em meio ao caos urbano. Mas a cada dia que passava, essa promessa parecia mais vazia, deixando Martha cada vez mais só, com a dor insuportável da incerteza.
Miguel Martinez e seus amigos, Viktor e Pavel, continuavam suas vidas com a mesma despreocupação de sempre. Para eles, a morte de Quinton e dos seguranças não era motivo de remorso ou inquietação. Pelo contrário, tratavam o incidente como uma mera consequência de terem agido em legítima defesa. Na visão distorcida do trio, o que havia ocorrido não passava de uma resposta natural a uma tentativa de assassinato que, segundo eles, justificava cada ato de violência.
Miguel, sempre o mais frio e calculista do grupo, mantinha sua rotina sem qualquer alteração. Viktor e Pavel seguiam seu exemplo, sem remorso ou hesitação. O sangue derramado já não lhes causava desconforto; ao contrário, era visto como um inevitável subproduto do mundo em que viviam. Na mente deles, Quinton havia apenas se colocado no caminho errado.
Emílio Martinez sentia o medo crescer dentro de si a cada dia que passava. Seu irmão, Miguel, se tornava uma presença cada vez mais ameaçadora, e as constantes ameaças que ele fazia — de queimá-lo com um ferro quente — não saíam da cabeça de Emílio. Essas imagens perturbadoras o atormentavam dia e noite, deixando-o à beira do colapso. O sono, antes um refúgio, agora se tornava impossível, com cada hora de vigília sendo consumida por um medo sufocante.
O que aumentava ainda mais sua angústia era o fato de não conseguir entender as conversas entre Miguel, Viktor e Pavel. Os três falavam em russo frequentemente, e Emílio, com o pouco que sabia do idioma, tentava captar fragmentos de significado. No entanto, sua compreensão era mínima, e a frustração aumentava cada vez que ele falhava em decifrar o que diziam. Na esperança de se proteger, Emílio assistia aulas de russo no YouTube, tentando desesperadamente aprender mais rápido do que conseguia. Contudo, a língua se mostrava uma barreira muito maior do que ele havia previsto, o que só alimentava sua sensação de impotência.
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End Game ⁿᵒᵃⁿʸ
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